Entrevista - Luiz Pinguelli Rosa, professor de planejamento energético da Coppe.
A decisão do governo de reavaliar a construção de quatro novas usinas nucleares no País "foi a mais prudente", diz o diretor e professor de planejamento energético da Coppe/UFRJ, Luiz Pinguelli Rosa. "Não vejo problema para o Brasil. A construção das usinas não é imprescindível", acrescenta. Ele avisa, porém, que não existe "solução mágica". "Cada uma das formas de geração tem suas vantagens e desvantagens. Hidrelétrica ainda deve ser prioridade, mas o potencial vai se esgotar. Por isso devemos ir cada vez mais diversificando." Leia a entrevista.
O governo acertou ao decidir reavaliar a construção das quatro usinas nucleares?
Foi o mais prudente. O momento é de ver qual é a evolução da tecnologia e se vão ser introduzidas mudanças. A tecnologia nuclear caminha na direção dos reatores avançados, com maior segurança. Não vejo problema para o Brasil. Qualquer uma das alternativas tem lugar. É uma questão de escolha de custos e opção política, desejo e aceitação pública.
Existe um mix ideal para a nossa matriz energética?
O Brasil entrou demais em termoelétricas, e uma das razões foi a dificuldade com hidrelétricas. Agora se volta a fazer hidrelétricas. Acho que a prioridade é hidrelétrica, por causa do custo e da disponibilidade, além da tradição, da capacidade tecnológica e do problema da emissão de gases de efeito estufa. Em segundo lugar, há o uso da biomassa, o bagaço de cana é muito desperdiçado. No futuro, também as folhagens da cana, na medida em que não se faça queimadas para o corte. Aí se triplica a energia do etanol. Eólica acho que seria a terceira. A construção das quatro usinas não é imprescindível. O gás natural também vai aumentar com o pré-sal, acho correto que se use, embora seja emissor de gases de efeito estufa. Essa é a vantagem da nuclear.
Como substituir a energia que seria gerada pelas nucleares?
Não precisa substituir, basta não fazer. Esse anúncio inicial não estava no horizonte do planejamento. Belo Monte está. Cada reator nuclear brasileiro tem 1,3 GW no máximo. Belo Monte tem 11 GW. O Brasil estará suprido por um horizonte, porque ainda tem coeficiente de energia per capita baixo, mas vai precisar de mais. (OESP)
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