terça-feira, 14 de junho de 2011

Usina liberou 2 vezes mais radiação

Usina liberou 2 vezes mais radiação, diz Japão
Enquanto relatório da AIEA diz que houve falhas no projeto dos reatores, Tóquio admite despreparo para desastre na central nuclear de Fukushima.
As autoridades do Japão afirmaram ontem que a quantidade de radiação que vazou da usina nuclear de Fukushima, danificada pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu o país em 11 de março, foi o dobro do que a divulgada anteriormente. Num relatório que será entregue à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Tóquio admite que estava "despreparado" para enfrentar um desastre nuclear.
Segundo a agência reguladora do setor no Japão, a radiação emitida por Fukushima na semana seguinte ao tsunami é sete vezes maior do que a produzida pelo acidente na usina nuclear de Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979. Mas a emissão de partículas no território japonês - estimada em 770 mil terabecquerels - foi equivalente a apenas 15% da descarga radioativa ocorrida no desastre de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.
Quase três meses após o desastre natural que matou cerca de 24 mil pessoas no Japão, a usina de Fukushima continua emitindo radiação. Mais de 80 mil moradores do entorno da central nuclear, num raio de 20 quilômetros, deixaram suas residências. O porta-voz do governo, Yukio Edano, afirmou que mais retiradas estão sendo consideradas, pois monitoramentos indicam que o relevo japonês, aliado com o vento, está favorecendo a elevação dos níveis de contaminação em outras regiões.
"À luz das lições aprendidas no acidente, o Japão reconheceu que uma revisão fundamental dos preparativos e capacidade de resposta relativos à segurança nuclear é inevitável", afirmou o relatório de 750 páginas à AIEA. O documento afirma que, provavelmente, o derretimento de combustível nuclear em três reatores de Fukushima rompeu os vasos de contenção internos dos equipamentos - não ocorreu apenas nos núcleos. Segundo o estudo, o derretimento no reator 1 começou horas antes do que o estimado anteriormente.
Falhas
O relatório indica que falhas de projeto nos reatores, modelo Mark-1, da General Eletric (GE), causaram vazamentos de água radioativa e dificultaram o reparo.
A arquitetura de Fukushima, que agrupa em pares seus seis reatores, também dificultou a resposta ao incidente. Problemas que facilitaram o vazamento radioativo foram encontrados nos equipamentos de ventilação da central.
"Para que seja reconstruída a confiança no Japão, o mais importante é dar informações transparentes à comunidade internacional sobre esse acidente", disse o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan. (OESP)
CRONOLOGIA
11 de março
As autoridades situam no nível 4, em uma escala que vai até 7, o perigo causado pela radiação de Fukushima
16 de março
Tóquio afirma que a contaminação atingiu o nível 6
12 de abril
O governo admite que o nível 7 de contaminação - o mesmo do acidente de Chernobyl - atingiu a região de Fukushima (OESP)

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