Chernobyl se torna cidade fantasma 25 anos após desastre nuclear
Perto da usina, o cenário é desolador: não há vegetação, não há vida. O então governo soviético admitiu 15 mil mortes, mas, pelas contas de organizações não governamentais foram pelo menos 80 mil vítimas.
O desastre em Chernobyl, na Ucrânia, foi o mais grave da história. O enviado especial Marcos Losekann visitou a área da usina 25 anos depois.
A velha placa permanece intacta: “Bem vindos a Chernobyl”, ou Chernóbyl, como os ucranianos falam. Independentemente da pronúncia, essa palavra virou sinônimo de desastre atômico.
Foi no dia 26 de abril de 1986. Uma falha no resfriamento causou a explosão do reator, mas as autoridades levaram 30 horas para orientar a população a sair, tarde demais: o então governo soviético admitiu 15 mil mortes, mas, pelas contas de organizações não governamentais foram pelo menos 80 mil vítimas.
Um exército de operários, sem equipamento apropriado, passou seis meses construindo uma estrutura de isolamento sobre o reator. Nenhum trabalhador sobreviveu.
Após 25 anos, os níveis de radiação baixaram e o governo da Ucrânia abriu a área para a visitação. Na cidade abandonada, a cena é fantasmagórica: as construções ainda guardam os símbolos do regime soviético, que controlava a vida e a morte das pessoas.
Um parque de diversões nem chegou a ser inaugurado e nenhuma criança jamais brincou nele. As crianças que tiveram a sorte de escapar com vida foram embora, deixando tudo para trás, inclusive as máscaras contra gases.
Perto da usina, o cenário é desolador: não há vegetação, não há vida.
O posto mais próximo da velha usina que civis são autorizados a chegar desde 1986 fica a apenas 200 metros do chamado sarcófago, uma gigantesca cobertura de pedra e concreto que selou o reator número quatro de Chernobyl para sempre. Após 25 anos, a radiação no local está acima de 250 microrroentgens, o sistema que mede a radioatividade nuclear: 10 vezes mais do que o normal para os seres vivos. Por isso, só é possível ficar no local, no máximo, por 15 minutos.
Tempo suficiente para reflexão: “É triste ver tudo isso, mas necessário”, diz o turista. “Temos que ter consciência de que as invenções humanas podem dar errado às vezes”.
Antes de deixar a região onde fica a usina de Chernobyl, os visitantes devem passar por uma máquina detectora de radiação. É o momento crucial da visita. A máquina percebe, analisa o corpo. Se está tudo bem, o portão abre e o visitante está livre para seguir tranquilo.
A usina fica para trás. No trajeto para fora do complexo contaminado, surgem imagens de esperança. Apesar da alta contaminação a que foi exposta no último quarto de século, a vida em Chernobyl insiste em ser mais forte. (g1.globo)
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