Cientistas dizem que 11,5 milhões de litros de água contaminada serão lançados ao mar; autoridades encontram radiação em espinafres na China
Engenheiros japoneses anunciaram em 06/04 ter estancado o vazamento no reator de número 2 do complexo de Fukushima. A avaria - provocada pelo terremoto do dia 11, mas detectada apenas no último fim de semana - causou a liberação de milhões de litros de água com alto nível de radiação no Oceano Pacífico.
A boa notícia, porém, não mudou o pessimismo de autoridades que tentam reduzir as consequências do maior desastre nuclear dos últimos 25 anos. Cientistas japoneses disseram que, apesar de o vazamento ter sido contido, mais 11,5 milhões de litros de água contaminada - usados para resfriar o reator - serão despejados no mar, por falta de local de armazenamento.
No reator de número 1 de Fukushima, cientistas passaram ontem a usar nitrogênio gasoso para evitar uma nova explosão na estrutura de contenção. Segundo um relatório confidencial preparado por cientistas americanos enviados ao Japão, o trabalho das autoridades de Tóquio não está funcionando e a situação é cada vez mais ameaçadora.
O New York Times teve acesso ao documento, datado do dia 26.
Nele, os especialistas americanos alertam, por exemplo, que ao inundar estruturas de contenção com água marinha, amplia-se a pressão sobre essas construções. Há também o risco de o oxigênio liberado pela água do mar, ao ser combinado com o nitrogênio produzido pelo reator, causar novas explosões.
Crescem também os indícios de que o alcance da tragédia é bem maior do que o estimado inicialmente pelas autoridades japonesas. Ontem, um peixe pescado a 70 quilômetros do complexo de Fukushima apresentou alto índice da substância tóxica iodo 131. O resultado dos testes fez o governo japonês ampliar o raio de isolamento dos reatores para pesca.
A água atualmente liberada dos reatores tem entre 100 e 10 mil vezes o limite de radiação considerado "seguro". A ameaça fez acender a luz amarela na Coreia do Sul e na China. Ontem, o Ministério da Saúde de Pequim anunciou que foram encontrados traços de iodo radioativo em plantações de espinafre em três províncias chinesas.
China e Coreia do Sul teriam reclamado com a Tepco, empresa que administra a usina de Fukushima, da falta de informações sobre a contaminação. Os dois países dizem que não foram informados sobre os planos de liberar água contaminada no mar. (OESP)
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