Fukushima ‘derrete’ e a direção da CNEN se fortalece
Não conseguimos entender a justificativa do ministro Mercadante para adiar a demissão da direção da CNEN, anunciada pela Isto é, e vincular este ato à superação da crise do Japão, segundo noticiou a Agência Brasil. Até porque a crise do Japão não tem data para acabar, mesmo que o setor nuclear venha a encapsular os reatores moribundos, seus efeitos sócio-ambientais persistirão por longo tempo. Aliás, é bom lembrar, a esta altura os especialistas nem ousam prever como evoluirá o acidente nem como se dará a propagação da contaminação radioativa, que se alastra pra fora do Japão.
Certamente o ministro deve ter seus motivos para tomar uma atitude tão intrigante, que vem recebendo indignadas e compreensíveis condenações pela internet. Só queríamos conhecer os motivos pra ver se a gente arranja mais paciência para suportar a falta de diligência na apuração dos abusos que vem sendo denunciados há tanto tempo.
Mas, dar ao presidente da CNEN, Sr. Odair Gonçalves, a tarefa de colocar um portal na internet com informações sobre o que ocorre no Japão, enquanto as questões nucleares e radiológicas do Brasil, que não são poucas, são jogadas pra debaixo do tapete é, no mínimo, brincar com o sofrimento dos cidadãos afetados pela industria nuclear no Brasil, em especial da Bahia, onde comunidades bebem água contaminada nas proximidades da mineração de urânio, onde os índices de câncer e de outras doenças causadas por radiações ionizantes é crescente. Na região havia uma expectativa que a demissão na CNEN levaria à queda dos dirigentes do complexo minero-industrial que produz a matéria prima do combustível nuclear das usinas de Angra dos Reis.
Mas ai, o ministro Mercadante…
Se você ainda não viu leia abaixo a matéria da Agência Brasil.
Direção da Cnem só muda quando crise no Japão passar, diz Mercadante
Agência Brasil - Publicação: 28/03/2011 15:36
São Paulo – Assim que a crise das usinas atômicas do Japão for superada, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) deve passar por mudanças. A afirmação foi feita em 28/3 pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, após a abertura do Fórum Abinee Tec 2011, que faz parte da programação da 26º Feira Internacional da Indústria Elétrica Energia e Automação, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na capital paulista.
Segundo Mercadante, o presidente do Cnen, Odair Dias Gonçalves, já havia pedido demissão, argumentando que está na função há 8 anos. Mas, com a crise nuclear do Japão, causada pelo terremoto e pelo tsunami que devastaram o Nordeste do país, o ministro pediu para que ele permanecesse por mais algum tempo no cargo.
A Gonçalves foi dada a tarefa de elaborar um portal na internet para informar diariamente o que está acontecendo no Japão e, também, para fazer uma cartilha detalhada sobre os efeitos da radiação. “Tomamos essas providências porque há 300 mil brasileiros que vivem no Japão e a função fundamental, nesse momento, é acompanhar a crise e informar a comunidade”.
Mercadante reforçou que o país está diante de uma mudança importante no setor da energia nuclear e, com isso, haverá mais medidas de segurança. Algumas já estão sendo implantadas, como a ampliação do raio de prevenção em um cenário de evacuação das usina nucleares de Angra dos Reis.
“Tudo isso usando helicópteros e também três estradas que saem de Angra, além de navios e barcos de apoio, para termos um plano mais eficiente e abrangente”. Também deve ser instalada uma pequena usina de geração de energia elétrica para abastecer exclusivamente os reatores nucleares de Angra 1, 2 e 3 (em construção).
Para o ministro, há a possibilidades de que a energia nuclear seja inviabilizada no futuro, já que os protocolos de segurança vão encarecer ainda mais esse tipo de geração no mundo. “A opção não pode ser emitir carbono com petróleo. Temos que construir fontes limpas e competitivas. O Brasil, felizmente, tem a melhor matriz energética em termos de emissão de carbono. Temos que aprofundar esse caminho”. (EcoDebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário