Material retirado poderá ser usado em tratamento de eventual leucemia causada pela exposição à radiação
Um estudo publicado ontem na revista médica Lancet propõe um tratamento preventivo para os riscos impostos ao grupo de operários que tenta conter o vazamento nuclear na usina de Fukushima, no Japão. Especialistas do Hospital Toranomon e da Fundação Japonesa para Pesquisa do Câncer sugerem o armazenamento de amostras de células-tronco dos trabalhadores, conhecidos como "os 50 de Fukushima", para um eventual tratamento contra doenças do sangue causadas pela exposição em excesso a material radioativo, como a leucemia.
Segundo o estudo, células-tronco hematopoiéticas, que produzem as hemácias, multiplicam rapidamente e são mais vulneráveis à radiação. Assim, no longo prazo, uma absorção pelo corpo superior a 5 grays (medida de radiação)pode causar um dano severo à medula óssea.
O transplante - tratamento mais usado contra doenças desse tipo - tem uma série de limitações, a começar pela dificuldade de se encontrar um doador compatível. Além disso, o sistema imunológico de alguns pacientes pode não reconhecer as novas células, atacando-as como se fossem um corpo estranho ao organismo - a doença do enxerto versus hospedeiro (GVHD, na sigla em inglês).
Com o novo processo, as células-tronco dos operários seriam armazenadas enquanto ainda estão sãs, congeladas, e utilizadas em um tratamento futuro.
Os médicos que assinam o artigo apontam algumas vantagens desse método. Não há risco de rejeição, nem a necessidade de utilizar remédios imunossupressores, que deixariam as vítimas de radiação mais vulneráveis a infecções. Ele também induz a uma recuperação mais rápida da produção de células hematopoiéticas pelo corpo . Além disso, o processo de armazenamento é fácil e seguro.
De acordo com o estudo, no entanto, há limitações importantes. A maior delas é que o tratamento não abrange outros tipos de câncer causados pela radiação, em tecidos intestinais, epiteliais e pulmonares. O processo de extração é complexo. Envolve o uso de injeções por vários dias para tirar as células-tronco da medula óssea e transferir para a corrente sanguínea. Então elas seriam extraídas, em um processo que leva várias horas.
Segundo a agência nuclear da ONU, dos 300 operários que atuam na usina, 28 foram expostos a doses de radiação acima de 100 milisieverts (250 milisieverts é o nível máximo permitido pelo governo). Em março, dois foram internados. (OESP)
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