quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Geração limitada

Reunindo os principais agentes do setor, o primeiro dia da VIII Conferência de Centrais Hidrelétricas, realizada em São Paulo, de 21 a 22 de agosto/12, ressaltou a perda de competitividade dessa fonte de energia em comparação ás demais. Outro aspecto discutido tratou da importância dos reservatórios de água inclusive para viabilizar outras energias renováveis bem como para o País não ficar refém das poluentes térmicas. Na ocasião os especialistas comentaram a necessidade da opinião pública conhecer melhor as vantagens técnicas e científicas da hidroeletricidade para que questões puramente ideológicas não comprometam o abastecimento e o meio ambiente.
Confira os destaques do primeiro dia do evento:
Luiz Fernando Vianna, presidente do Conselho de Administração da Apine, lamentou a medida dos ministérios públicos Federal e de Mato Grosso de paralisar 126 usinas do Pantanal. “O Brasil precisa de pelo menos 3 mil MW /ano para atender a demanda e a hidroeletricidade, uma matriz limpa e fonte que sustenta as demais, como bromasse e eólica, que estão ancoradas na usina hidro. Quando se começa cercear a construção de usinas não estamos em um bom caminho, aspectos ideológicos não podem nortear a ação do ministério público”, comentou.
Flávio Neiva, presidente da Abrage, ressaltou a maior flexibilidade operacional das hidrelétricas da fonte e reforçou sua capacidade de integrar energias. Comentou que em 2010 as hidrelétricas representavam 78% da matriz energética, porém graças aos reservatórios, com o excedente, gerou 89% de energia. Enquanto que as térmicas, que representavam 13%, geraram apenas 6%.
Charles Lenzi, presidente da Abragel, também ressaltou o papel fundamental do reservatório para preservação da matriz limpa dando destaque para as pequenas centrais hidrelétricas. “Só em projetos em fase bem adiantada temos hoje cerca de 6 mil MW. Se desenvolverem novos projetos teremos aproximadamente 18 mil MW. Isso para termos uma idéia do potencial das pequenas centrais hidrelétricas” , enumera.
Odemir José dos Reis, Superintendente de Gestão de estudos Hidroenergéticos da Aneel, contou que em 2010 a agência avaliou e aprovou 18 estudos de inventário, o número subiu para 54 em 2011 e até julho de 2012 são 41, devendo chegar em 100 até o final do ano. Em se tratando apenas de PCH, em 2010 foram 22, 44 em 2011 e 33 até agora, com expectativa de atingir 90 até dezembro. Comentou que uma PCH, desde o inventário até a entrada em operação, leva cerca de sete anos, enquanto que a hidrelétrica beira 10 anos. “Os principais entraves para esse longo prazo são ambientais e de viabilidade econômica”, salientou.
José Carlos de Miranda Farias, diretor da EPE – Empresa de Pesquisa Energética, trouxe dados alarmantes sobre o baixo aproveitamento energético no Brasil. Enquanto a França tem um potencial tecnicamente aproveitado de 100% de energia, Alemanha 83% e o Japão 64% o Brasil amarga apenas 34%” , comentou. Reforçou ainda a necessidade de expandir em 6 mil MW ao ano para fontes de energia com capacidade de 50% para atender as taxas de crescimento e de consumo da ordem de 4,3%. Lembrou que o leilão, A-3, de outubro, voltado para empreendimentos a serem entregues em um prazo de 3 anos (até abril de 2015), será destinado para usinas eólicas, biomassa, solar e térmica de pequeno porte.
Os leilões A-5 deste ano têm como indicativo expandir com usinas hidrelétricas 16 mil MW, mas lembrou que isso é apenas uma estimativa do plano. Aproveitou para salientar a vantagem econômica da PCH: “a energia hidrelétrica pode ser contratada a R$ 90 /MW hora enquanto que a eólica, que é a mais competitiva, é de R$ 105 / MW hora” , completou Francisco José Arteiro de Oliveira, diretor de planejamento e operação da ONS apresentou um retrato do dia a dia da operação do sistema. Exemplificou as variações de consumo com os picos de audiência da atual novela das 21 horas da TV Globo e de grandes eventos como a Copa do Mundo de Futebol de 2010. ”O controle hidráulico da fonte viabilizou o abastecimento nestes casos de recordes de demanda”, finalizou. (ambienteenergia)

Hidrelétricas com menos impactos

O setor elétrico brasileiro pode voltar a ter usinas com reservatórios de regularização, que armazenam a água para garantir o fornecimento de energia ao sistema interligado brasileiro.
Trata-se de uma forma de energia limpa. Desde o início da década passada, diante da forte campanha de ecologistas, passaram a ser construídas apenas as usinas a fio d’água, ou seja, usinas com reservatórios pequenos, sem capacidade de armazenamento, para reduzir os impactos ambientais. Só que segundo os especialistas do segmento, a medida, além de elevar o preço da tarifa aos consumidores aumenta o risco de apagões além de provocar um aumento das emissões de gás carbônico (CO2), uma vez que operador se vê na contingência de despachar as usinas térmicas.
“A elevação nas emissões de poluentes acontece porque, de maio a outubro, meses com menos chuvas, as hidrelétricas, devido à menor vazão dos rios, se veem com baixa capacidade de geração e são obrigadas a reduzir a geração de energia. Como não há água suficiente armazenada nos reservatórios, o sistema tem que acionar as usinas térmicas, muito mais caras e com maior impacto à natureza”, explica Geraldo Lucio Tiago Filho, professor titular e diretor do instituto de recursos naturais da Unifei (Universidade Federal de Itajubá).
Dados da consultoria PSR revelam que, até o fim de 2020, com a entrada em operação das usinas térmicas, que usam energia mais poluente, o volume das emissões de CO2 e de outros gases que provocam o aquecimento da atmosfera vai mais que triplicar em relação ao início desta década. Passará de 22 toneladas para 72 toneladas de CO2 para cada gigawatt por hora (GWh) gerado. A PSR estima que, a cada 1% de perda de capacidade dos reservatórios no país, há um aumento de 23% nas emissões.
Esse e outros assuntos polêmicos serão discutidos durante a VIII Conferência de Centrais Hidrelétricas – Mercado e Meio Ambiente, que acontecerá nos dias 21 e 22 de agosto na Fecomércio.
A opinião de Tiago também é compartilhada por Charles Lenzi, presidente executivo da Abragel – Associação Brasileira de Energia Limpa, uma das corealizadoras do evento. “É extremamente relevante a volta dos reservatórios que, historicamente viabilizaram a geração de energia mais limpa no Brasil. Em 2001, quando houve o racionamento, foram os reservatórios que salvaram o Brasil. Na ocasião passamos a ficar com o equivalente a quatro anos de capacidade de energia armazenada, hoje não chega a um ano. Deixamos de construir os reservatórios e paga-se um preço por isso, com sérios impactos na confiabilidade da geração. Se não tivermos reservatórios de acumulação a saída será investir em térmicas e a sociedade precisa entender as consequências de uma ou outra escolha”.
Lenzi reforça que nenhum outro país no mundo tem o potencial energético do Brasil. “As fontes alternativas vão representar 16% da matriz elétrica em 2020 de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE. Só de PCHs, vislumbra-se um potencial de mais de 20 MW em projetos e estudos já desenvolvidos. O de Eólica e Biomassa é imenso e ainda teremos a Solar nos próximos anos. Assim, imaginar um cenário com 30% de fontes alternativas não é algo muito difícil. Acredito que até 2030 isso será possível”, afirma. (ambienteenergia)

terça-feira, 28 de agosto de 2012

As instituições e o futuro da energia

As instituições têm um papel decisivo na configuração do futuro da energia. Este texto discute o papel das políticas energéticas dos diversos Estados nacionais na evolução do cenário energético no médio (2030) e no longo (2050) prazos.
O peso das instituições
Dois fatores determinam a evolução estrutural do cenário energético: tecnologia e instituições. Se, por um lado, as tecnologias vão definindo o horizonte de possibilidades de mediação entre as necessidades energéticas e os recursos naturais, por outro, as instituições vão enquadrando essas possibilidades; incentivando ou penalizando, sancionando ou vetando tecnologias, estratégias, empresas e países.
A evolução energética no médio e no logo prazo, vista sob a perspectiva de hoje, depende do posicionamento das instituições que regulam, em sentido amplo, o mercado energético frente a dois temas cruciais: segurança energética e mudança climática.
Esse posicionamento, na medida em que se traduza em políticas públicas, definidoras das ações dos diversos Estados Nacionais no enfrentamento desses dois problemas, irá se constituir em um dos elementos chave para a definição dos futuros possíveis da energia.
O trade off segurança energética versus mudança climática
A grande peculiaridade da atual configuração dos problemas energéticos é a forte interdependência existente entre segurança energética e mudança climática, que ao fim transforma esses dois problemas em um único problema: como garantir o suprimento de energia necessário ao desenvolvimento econômico e ao bem-estar da sociedade e, ao mesmo tempo, mitigar o processo de mudança climática?
Nesse contexto, mitigar o processo de mudança climática significa reduzir a emissão dos chamados gases de efeito estufa. Reduzir essa emissão implica na redução da queima dos combustíveis fósseis, que constituem a grande fonte geradora desses gases.
Como os combustíveis fósseis são o principal recurso para garantir o suprimento de energia, o conflito entre a solução dos dois problemas se estabelece. Lidar com esse trade-off é o maior desafio das políticas energética e ambiental. Vistas agora não mais de forma estanque, mas necessariamente de forma interligadas.
Sem o quê, não há possibilidade de formular o problema e encontrar a sua solução.
O reconhecimento da radicalidade desse trade-off e dos seus desdobramentos sobre o futuro transcende uma visão simplista de uma otimização sob restrição; de garantir a segurança energética diante de um constrangimento ambiental. Considerando que a redução das emissões de CO2 implica na indisponibilidade de um recurso chave para a segurança energética, não basta reconhecer que usar combustível fóssil tem um custo elevadíssimo para a segurança climática, é preciso reconhecer que não usar esses combustíveis, em contrapartida, tem um custo elevadíssimo para a segurança energética.
A resposta dos Estados Nacionais a esse trade-off tem três momentos: o primeiro momento diz respeito ao seu reconhecimento; o segundo momento diz respeito à sua gestão; e o terceiro momento diz respeito à sua redução.
Reconhecendo, gerindo e reduzindo o trade off
O primeiro momento implica não só o reconhecimento do problema, mas principalmente o reconhecimento da sua gravidade e da urgência da sua solução.
É evidente que dada a complexidade do problema, o seu reconhecimento não é o mesmo tanto no interior das sociedades quanto entre os países.
Considerando que as percepções são distintas é de se esperar que as políticas delas derivadas também sejam distintas.
O segundo momento implica na hierarquização e na subordinação dos objetivos ou, dito de outra forma, na escolha do que é prioritário, do que deve ser preservado e do que deve ser sacrificado, do que deve ser incentivado e do que deve ser penalizado.
Dadas as especificidades locais das instituições, tanto no que concerne às prioridades quanto no que diz respeito aos mecanismos de se chegar a elas, os processos de hierarquização são diferentes, assim como as políticas deles resultantes.
A redução do trade-off, presente no terceiro momento, implica na mobilização dos recursos necessários para alcançá-la. Recursos esses que vão desde os naturais até os institucionais, passando pelos tecnológicos, organizacionais, econômicos e financeiros. A dificuldade dessa mobilização é diretamente proporcional ao grau de redução desejada e inversamente proporcional à disponibilidade desses recursos e da capacidade de reuni-los e administrá-los.
Considerando que tanto o grau de redução quanto, principalmente, a dotação dos recursos é bastante desigual entre os diversos países, supõe-se que as políticas para atingi-la serão diferentes de país para país.
Desse modo, percepções diferentes, hierarquizações distintas e recursos desiguais geram uma multiplicidade de políticas que torna a convergência no interior de cada sociedade e entre os diversos países um processo extremamente difícil e gerador de incertezas significativas.
São essas incertezas que estão presentes na elaboração dos cenários sobre a energia no futuro. O que é importante ressaltar é que essas incertezas atualmente perpassam as instituições; dificultando o exercício do seu papel decisivo que é estabilizar as expectativas e reduzir as inquietudes dos agentes econômicos e dos atores sociais em relação ao futuro.
O médio prazo (2030)
Considerando o horizonte de 2030, pode-se vislumbrar as instituições energéticas evoluindo em torno dos dois primeiros momentos abordados anteriormente. Ou seja, o reconhecimento e a gestão do trade-off.
Neste caso, considera-se que hoje a redução do trade-off, propriamente dita, representa mobilizar recursos para viabilizá-la no futuro.
Em outras palavras, a redução do trade-off e, portanto, a convergência das soluções para os problemas de segurança energética e mudança climática não estão naturalmente disponíveis. Na verdade, necessitam ser construídas e, para isso, é preciso mobilizar recursos tecnológicos, organizacionais e institucionais significativos para alcançá-las em um horizonte de tempo de longo prazo.
Dessa forma, o que se desenha no médio prazo é todo o processo de reconhecimento do trade-off e de sua gestão.
Dessa maneira, essa etapa da evolução do contexto institucional energético é marcada pela distribuição de penalidades e incentivos. Penalidades ao uso dos combustíveis fósseis e incentivos à eficiência energética e ao uso dos renováveis.
A amplitude desses incentivos e dessas penalidades está intimamente ligada às características das instituições e dos seus contextos locais.
Nesse caso, sobressaem as diferentes percepções do problema e da sua gravidade, assim como a distribuição dos sacrifícios e dos incentivos entre os agentes econômicos e sociais e entre os países.
Nesse contexto, o embate em torno do reconhecimento do problema e de sua gravidade adquire uma natureza política que pode ser sintetizada pelas duas extremidades do espectro de negação do problema: os conservadores americanos que negam qualquer correlação entre consumo de combustível fóssil, aquecimento global e mudança climática e os ambientalistas radicais que negam qualquer relação entre consumo de combustível fóssil, desenvolvimento econômico e bem-estar. Tanto para um quanto para outro, usar ou não o combustível fóssil não faz diferença e, portanto, não pode ser traduzido em termos de insegurança climática ou energética; o que torna a discussão sobre o sacrifício desnecessária e sem sentido e faz com que o problema simplesmente desapareça.
As políticas energéticas que irão desenhar o contexto energético até 2030 vão depender essencialmente das posições hegemônicas que brotarem desse embate e que vão configurar uma dada estrutura de penalidades (aos fósseis) e benefícios (às renováveis) específica a essas posições. Estrutura essa que define não apenas a extensão desses benefícios e penalidades, mas quais serão as fontes, as tecnologias, os agentes econômicos, os atores sociais e os países que serão beneficiados e quais aqueles que serão penalizados.
Em suma, quanto será a conta, quanto será o bônus; quem pagará a conta, quem ficará com o bônus.
É evidente que quanto maior o reconhecimento da gravidade da situação maior será a conta e, em consequência, mais dura será a discussão em torno da sua distribuição.
A fonte de transição
Nesse quadro de disputa acirrada e tensa, ganha importância os recursos que possam amenizar a transição e reduzir, de alguma forma, o acirramento e a tensão e, desta forma, abrir a possibilidade de se construir algum tipo de consenso.
Esse amenizante das dores e dos sacrifícios da transição – verdadeiro analgésico energo-climático – pode adquirir vários aspectos; contudo, as soluções para a transição que apresentaram maior proeminência até agora foram a nuclear e o gás natural.
A primeira tem a vantagem de não ser um combustível fóssil e, por conseguinte, de não gerar gases de efeito estufa na sua utilização. Porém, apresenta problemas clássicos de segurança que geram grandes desconfianças da sociedade em relação ao seu uso.
Dado os elevados riscos envolvidos na sua utilização, a implementação do nuclear como solução envolve a mobilização de recursos tecnológicos, organizacionais, institucionais, econômicos e financeiros de monta.
Isso leva o nuclear para o campo daquelas soluções que necessitam de incentivos para se estabelecerem; como é o caso das renováveis. Se, por um lado, em termos de estocabilidade e densidade o nuclear se fortalece como substituto dos fósseis, por outro, os seus riscos o tornam mais vulnerável a proibições e sanções, o que o enfraquece como solução de consenso.
Contudo, não se deve descartar a participação dessa fonte no quadro energético que vai até 2030; principalmente em um cenário no qual ocorram restrições maiores ao uso do combustível fóssil que ponham em risco a segurança energética.
Face às dificuldades do nuclear, restou em cena o gás natural, turbinado pela shale gas.
Com o gás abre-se a possibilidade de uma transição menos dolorosa e, portanto, passível de ser negociada.
Visto por esse ângulo, essa seria uma fonte que aumentaria a sua importância no cenário energético até 2030, baseada no fato de ser a energia fóssil que emite menos CO2.
Dessa forma, até 2030 haverá muita tensão em torno da definição de uma política energética de combate à insegurança energética e ambiental, fazendo com que ocorra uma diversificação controlada da matriz energética na direção de alternativas aos combustíveis fósseis.
Essa diversificação provavelmente irá na direção dos renováveis disponíveis hoje, com as tecnologias de hoje e com os custos de hoje. O que passa incontornavelmente por recorrer ao binômio incentivo/penalidade de forma a tornar os renováveis mais competitivos e os fósseis menos competitivos. Binômio esse que também tem um papel importante na implantação dos programas de eficiência energética incentivando as tecnologias mais eficientes e penalizando o desperdício.
Assim o coquetel energético até 2030 segue tendo como principal ingrediente os combustíveis fósseis tradicionais, com um aumento da participação do gás natural. O nuclear segue à mão para o caso da pressão por segurança energética aumentar. E os renováveis crescerão a sua participação em um ritmo constante, porém não explosivo.
No campo institucional, enquanto não se vislumbrarem possibilidades concretas de redução do trade off segurança energética versus mudança climática, o conflito seguirá acirrado tanto entre os diversos agentes econômicos e sociais quanto entre os países.
Convergência e consenso aqui, só sob a ameaça de uma catástrofe ambiental irrefutável.
O longo prazo (2050)
No horizonte de 2050 é possível contemplar a redução do trade off e a redução das tensões em torno da difícil administração dos sacrifícios da transição.
Aqui a redução pode ser alcançada não só mediante uma nova mediação tecnológica entre necessidades e recursos, caracterizada por uma baixa intensidade de carbono, como mediante a alteração das próprias necessidades. Ou seja, não só é possível imaginar uma configuração de recursos distinta da atual, mas uma configuração de necessidades também diferente da atual.
Embora o horizonte de tempo seja distante, dada a gravidade do problema energético/ambiental, a urgência de se tomar medidas no curto e médio prazo pode encurtar os prazos da decisão. Em outras palavras, se houver uma percepção de que a sensibilidade climática é muito grande, as pressões para a redução das emissões irão aumentar muito, sob a ameaça de que não haja o longo prazo.
Assim, se a sensibilidade é baixa, o desenrolar do processo de mudança climática irá transcorrer em um timing no qual haverá tempo para uma transição indolor dividida nas duas fases apresentadas acima. Nessa transição, a chegada ao paraíso das renováveis se dará em 2050, com as novas tecnologias e os novos hábitos, amadurecidos através de um longo processo sustentado de transformação tecnológica e institucional.
No entanto, se a sensibilidade for alta, o desenrolar do processo de mudança climática será acelerado, sem tempo para uma transição indolor. Na verdade, a própria ideia de uma transição desaparece e a passagem de uma economia de alto carbono para uma economia de baixo carbono terá que ser feita diretamente. Nesse caso, os custos serão altíssimos e as pressões sobre as instituições terríveis.
Em suma, em termos de longo prazo, a questão importante para as instituições é a seguinte: o processo de mudança climática se desenvolverá em um ritmo que o horizonte de 2050 permanecerá sendo apenas uma referência no futuro, ou a aceleração do processo fará com que esse futuro bata na porta das instituições agora? (ambienteenergia)

domingo, 26 de agosto de 2012

Ar condicionado com menos consumo

Além de reduzir as chamadas ilhas de calor nos grandes centros urbanos, pintar as coberturas de branco reduz o consumo de energia do empreendimento e a emissão de gás carbônico. O renomado Lawrence Berckley National Laboratory (CA, EUA) estima que para cada 100m² pintados de cores claras são compensadas dez toneladas de emissão de CO2 por ano.
Os telhados claros também contribuem para a economia de energia. Dados da Environmental Energy Technologies Division, dos Estados Unidos, mostram que os revestimentos brancos são capazes de refletir de 70% a 80% de energia do sol e diminuem o gasto com ar condicionado em até 20%.
Desenvolvida pela Nanotech do Brasil, empresa especializada em tecnologias em revestimento térmico e acústico, a tecnologia em formato de tinta Nanothermic1 atende essa demanda. Pode ser aplicada em telhados e coberturas para diminuir a temperatura de empreendimentos comerciais e residenciais.
Laudo do IPT, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, atesta que o índice de refletância do sol do Nanothermic 1 (produto adequado para telhados) é de 90%, numa escala de até 100%. Isso representa redução térmica de 30% no interior do ambiente. “Com isso, é possível reduzir de forma significativa o uso de ar condicionado”, explica José Faria, diretor da Nanotech do Brasil.
Os benefícios das coberturas claras, entretanto, só serão eficazes se a tecnologia empregada também não agredir o meio ambiente e permitir fácil aplicação e manutenção. A maioria dos produtos disponíveis no mercado possui capacidade refletiva que se mantem por pouquíssimo tempo. Limpar e retocar a pintura dos telhados constantemente, além de causar transtorno ao proprietário, não é nada sustentável.
“Quando falamos em telhados claros devemos nos preocupar com a matéria prima utilizada para que, de fato, estejamos tomando uma atitude ecologicamente correta”, diz. “Nossa proposta é inovar com foco sustentável”, finaliza o diretor.
Nanothermic 1 – a base de água, tem baixo teor de composto orgânicos voláteis (COV), não fera gases tóxicos (no caso de incêndio, por exemplo) e nem odores na hora de aplicar. É fácil de aplicar e tem durabilidade de até cinco anos. (ambienteenergia)

Sistema barateia transporte de energia elétrica

O transporte de energia elétrica da usina em que é produzida até os centros de consumo tem custos que dependem, principalmente, das formas de transmissão utilizadas e das distâncias envolvidas. Na transmissão convencional, a energia elétrica gerada na usina em corrente alternada (CA) é transportada através de linhas de até 400 km de comprimento, que necessitam de uma grande quantidade de equipamentos para regular essa transmissão. Quando as distâncias envolvidas são maiores, a CA é convertida em corrente contínua (CC) para a transmissão e, depois, na recepção novamente transformada em CA para distribuição aos consumidores. Este processo exige a utilização de equipamentos de tecnologia sofisticada, tanto na estação geradora como na estação receptora.
O transporte de grandes blocos de energia elétrica através de longas distâncias, que variam de 2,5 mil a 3 mil km, típicas em países extensos como o Brasil, impõe a utilização de soluções mais adequadas, baseadas em linhas de transmissão não convencionais. Estudos desenvolvidos, desde 2007, junto ao Departamento de Sistema e Controle de Energia da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, orientados pela professora Maria Cristina Dias Tavares, mostram a viabilidade e as vantagens da substituição do sistema em CC por outro em que a transmissão seja feita em CA, eliminando a necessidade de equipamentos de conversão utilizados na saída e na chegada da energia.
Essa transmissão ponto a ponto permite ainda a eliminação das subestações intermediárias presentes na transmissão convencional e grande parte dos equipamentos nela utilizados. É a chamada transmissão em meia onda que, para o sistema elétrico brasileiro de CA em 60 Hertz, é indicada para um tronco de transmissão em que as distâncias entre as estações geradoras e receptoras de energia estejam a cerca de 2,5 mil km.
Para a professora Maria Cristina, esse sistema revela-se muito interessante, porque todos os equipamentos das estações conversoras são importados – válvulas, transistores, filtros, pois não existe tecnologia nacional desenvolvida para a transmissão em CC. Para a transmissão em CA todos os equipamentos podem ser adquiridos no Brasil, abrindo a possibilidade de alavancar a indústria nacional. Neste caso, explica ela, as estações do início e do fim da linha são muito parecidas com as utilizadas hoje nas linhas convencionais em CA.
A diferença é que na transmissão em meia onda essas estações são mais simples e não exigem os equipamentos utilizados para a estabilidade do sistema durante a transmissão. Além disso, a implantação de uma transmissão que utiliza uma estação de geração e outra de recepção e uma estrutura de torres e cabos ao longo da linha torna o sistema mais barato, podendo gerar de 20% a 25% de economia em relação à alternativa em CC.
Disparidades
Grande parte da energia hidrelétrica passível de ser aproveitada no Brasil encontra-se na Região Amazônica, muito distante dos grandes centros consumidores. Prevê-se que o potencial dessa região corresponda à metade do potencial hidráulico estimado para o Brasil. Entretanto, o consumo de energia elétrica na Região Norte e em parte da Região Centro-Oeste, que correspondem a 45% do território nacional, não chega a 4% do consumo total de energia do país.
Em vista disso, novas linhas estão e devem ser construídas para transportar essa energia através de troncos, que envolvem interligações de 2 mil a 3 mil de extensão, até os grandes centros consumidores, localizados nas Regiões Sul/Sudeste e Nordeste. É o caso da linha de transmissão do Complexo do Rio Madeira, em Rondônia, bem perto de Porto Velho. A energia produzida nas usinas de Santo Antônio e Jirau, situadas em duas barragens separadas por 100 km, chegará a Araraquara, São Paulo, percorrendo 2.350 km.
Sistemas com linhas muito longas são necessários em países com grandes dimensões como o Brasil, China, Rússia e Índia, além de, por exemplo, possíveis interligações entre Norte e Sul da África, em que grandes distâncias separam os centros de geração e os centros de carga.
Apesar de os estudos envolvendo transmissão com pouco mais de meio comprimento de onda remontarem à década de 60, não existe sistema desse tipo em operação. A falta de informações sobre essa prática gera precaução nos engenheiros e técnicos responsáveis pela expansão do sistema elétrico brasileiro em relação à utilização dessa alternativa.
Em vista disso, em chamada de projeto P&D-Estratégico, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Annel) propôs um ensaio prático desse novo sistema, sob condições bem definidas. A sugestão foi então a utilização de um conjunto de linhas de transmissão no sistema brasileiro, utilizando especificamente as interligações Norte-Sul I, Norte-Sul II e parte da interligação Nordeste-Sudeste que, ligadas em série, formam um tronco de 2,6 mil km, um pouco mais longo que meio comprimento de onda.
O ensaio de energização, que corresponde à aplicação de uma tensão para acionamento da linha previamente desligada, envolve três empresas ligadas à transmissão de energia e financiadoras do P&D: Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. (Eletronorte/Eletrobras), Centrais Hidroelétricas do São Francisco S.A.(Chesf/Eletrobras) e Empresa Norte de Transmissão de Energia Elétrica S.A. (Ente). Em colaboração com a Unicamp, que coordena o projeto, trabalham a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Ensaio
Entretanto, a utilização das três interligações propostas na formação do denominado Elo CA Teste necessita de estudos para sua validação já que as linhas de transmissão a serem utilizadas apresentam parâmetros elétricos semelhantes, mas não idênticos. Diante dessa necessidade, Elson Costa Gomes, orientado pela professora Maria Cristina, se propôs a estudar a viabilidade da utilização de linhas de transmissão semelhantes, mas não iguais, no ensaio de energização de um tronco com pouco mais de meio comprimento de onda.
A conclusão foi de que, mesmo apresentando pequenas diferenças, a junção dessas três linhas não inviabiliza o experimento e nem descaracteriza o sistema de meia onda. Não foram aventadas para teste outras linhas existentes que cobrem grandes distâncias por não exibirem as semelhanças necessárias em toda a extensão. Além do apoio das empresas envolvidas, a pesquisa, que foi tema da dissertação de mestrado de Gomes, contou com bolsa da CNPq, apoio do Capes e da Fapesp.
O estudo visa embasar os técnicos das empresas envolvidas no projeto e mostrar os resultados para a Aneel e para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – criado para operar, supervisionar e controlar a geração de energia elétrica no País. Desses dois organismos depende a liberação do estudo de campo que possibilitará a passagem das simulações computacionais para o ensaio real.
Os pesquisadores lembram que, face às diferenças dos regimes de chuvas e, em consequência, da época do ano, a transmissão de energia ocorre do Norte para o Sudeste, ou vice-versa. Em dois períodos do ano esse trânsito de energia é baixo e permite que os três sistemas sejam desligados para o ensaio. Já com a concordância da Aneel, o estudo encontra-se na fase de apresentação dos resultados ao ONS, mostrando que não haverá danos para essa parte do sistema a ser manobrado durante o ensaio.
A professora considera que “estamos na fase de consolidação dos resultados e devemos mais adiante realizar alguns estudos mostrando como a proteção que já existe no sistema irá se comportar se houver algum problema durante o teste. Nossos estudos mostram que os equipamentos que já existem nessas linhas e continuarão funcionando para permitir a ligação dessas linhas, concluído o teste, voltarão às suas funções normais”.
Ela diz que isso é importante porque esses equipamentos, dimensionados para operar em linhas curtas, estarão sendo utilizados para uma linha de 2,6 mil km. Segundo Gomes, as simulações mostram que, apesar disso, as solicitações são menos severas e não existe nenhum efeito que reduza a vida útil dos equipamentos. O ensaio, previsto para um feriado ou uma madrugada, poderá ser realizado em no máximo seis horas, tempo decorrente entre a montagem, energização do circuito e o seu retorno às condições habituais de operação.
Para o pesquisador, os resultados apresentados são importantes para subsidiar a realização de testes semelhantes em outras partes do sistema elétrico brasileiro ou em outros sistemas do mundo. Ele considera que a meia onda seria uma alternativa competitiva com o sistema convencional e em corrente contínua a serem usados no transporte da energia produzida nas barragens que estão sendo construídas no Brasil, quando poderá se constituir uma opção nos leilões dos sistemas de transmissão.
Maria Cristina teme que todo o esforço dedicado ao trabalho possa vir a ser atropelado pelos chineses: “Os chineses acompanham e fazem referências aos nossos estudos, mas quando eles se propuserem a trabalhar nisso colocarão muita gente e muito dinheiro e com certeza conseguirão avançar muito mais rapidamente”.
■ Publicação
Dissertação: “Utilização de linhas de transmissão semelhantes no ensaio de energização de um tronco com pouco mais de meio comprimento de onda”
Autor: Elson Costa Gomes
Orientadora: Maria Cristina Dias Tavares
Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)
Financiamento: CNPq, com apoio da Capes e da Fapesp (ambienteenergia)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Energia geotérmica no Quênia

Quênia investe em energia geotérmica para ampliar acessos à rede elétrica
Todo tipo de lenda circula sobre a cratera de Menengai, a maior do Quênia, que, do alto de seus 2.200 metros, forma uma espécie de sacada sobre o Vale do Rift. Histórias de demônios e de fantasmas, sempre prontos a agarrar os visitantes mais medrosos na visão dos supostos donos dos lugares.
No entanto, em uma manhã de junho, o rosto das crianças que se apressam para a saída da perua escolar não traz o menor sinal de apreensão. Vestidos com impecáveis uniformes cinza e azul, eles acabam de ouvir do professor deles outra história: a de um vulcão extinto que futuramente poderá oferecer a seu país tanta eletricidade quanto ele produz hoje. Situado 130 quilômetros ao noroeste da capital Nairóbi, Menengai é o maior projeto geotérmico da África.
Colocado sobre o assoalho da cratera, um cilindro de metal cospe para cima um potente jato de vapor. Cercado por esse imenso cenário vegetal, ele não inspira confiança. De longe, ele mal se distingue das fumarolas que enevoam o horizonte. Algumas centenas de metros adiante, o barulho estrondoso que escapa de uma torre de perfuração – idêntica às usadas pela indústria petroleira – corrige rapidamente essa primeira impressão de facilidade. Para atingir os aquíferos e liberar o vapor que servirá para produzir energia elétrica, o trépano precisa penetrar na rocha por mais de 3.000 metros. Quando tudo dá certo, isso leva seis semanas.
A primeira perfuração começou em 2011, em Menengai. Seis poços estão em atividade hoje, mas serão necessários 120 deles para atingir a meta da fase 1 do projeto, que é entregar um campo de vapor de 400 megawatts (MW) até o final de 2015.
Em matéria de geotermia, o Quênia não está em sua primeira experiência. Mas o passado deixou um gosto amargo. O primeiro ponto de exploração foi aberto em 1954, em Olkaria, sul de Menengai. Trinta anos mais tarde, a primeira usina mal havia saído do chão. A história de Olkaria 2 e Olkaria 3 não é muito diferente, tanto que o balanço – 200 MW instalados – é insignificante comparado com a colossal jazida que os especialistas fizeram esperar durante tantos anos.
“O custo da exploração, até hoje, foi um obstáculo para o desenvolvimento dessa energia renovável. Os investidores privados cobram tão caro pelo risco de fracasso que depois se torna impossível obter tarifas de eletricidade aceitáveis para um país pobre como o Quênia”, explica Silas M. Simiyu, diretor-geral da Geothermal Development Company (GDC). Então o Estado decidiu assumir ele mesmo o risco, criando, em 2009, essa nova empresa pública que produzirá – a um custo mínimo, espera-se – vapor que depois será revendido a operadoras privadas para produzir eletricidade.
Essa estratégia deve permitir que se dê uma segunda chance à energia geotérmica, alçada à condição de prioridade nacional no plano de metas que o Quênia estabeleceu para si até 2030. Isso porque, para se tornar uma das futuras nações emergentes, como parece ambicionar a sexta economia da África subsaariana deve necessariamente melhorar seu baixíssimo nível de estrutura. Menos de um em cada três habitantes tem acesso à rede elétrica, em uma população de 40 milhões.
As secas recorrentes dos últimos anos prejudicaram a produção das usinas hidrelétricas, obrigando o governo a importar óleo combustível em grandes quantidades para alimentar pequenas usinas térmicas, caras e poluentes. “Não é uma solução. Mas é mais fácil construir em seis meses uma usina térmica do que financiar uma central geotérmica ou um campo de energia eólica”, lamenta Youssef Arfaoui, diretor do departamento de energias renováveis do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD). Convencer sua instituição a investir US$ 850 milhões (cerca de R$ 1,68 bilhão) em um projeto como Menengai levou anos.
O investimento do BAD atraiu outros financiadores, como a Agência Francesa de Desenvolvimento e o Banco Mundial. A iniciativa queniana também tem o apoio do Climate Investment Fund, um fundo multilateral destinado a ajudar os países menos avançados a planejarem um desenvolvimento que envolva pouco carbono.
Se o modelo experimentado pelo Quênia se mostrar vantajoso, ele poderá ser proposto aos países vizinhos, Tanzânia, Etiópia, Uganda, cujo subsolo também abunda em recursos geotérmicos. Simiyu acredita nisso: “Nós cortamos pela metade o custo das perfurações.” Cercado por sua equipe de engenheiros, todos formados como ele na Islândia, ele calcula: “Venderemos o vapor às empresas privadas a 3 centavos o MW. A esse preço, não há nenhuma razão para que a eletricidade geotérmica não seja competitiva”.
Ao pé dessa cratera, os moradores do vilarejo assistem ao vaivém dos caminhões na estrada recém-aberta. Assim como para a maioria dos habitantes de zonas rurais, a lenha continua sendo sua única fonte de energia. Eles deverão ser os primeiros a se beneficiarem do projeto. Pelo menos é o que garantem os diretores da GDC, que, para obter os empréstimos – em 50 anos – dos financiadores, tiveram de aceitar uma lista de compromissos sociais e ambientais que se encaixem nos padrões internacionais. Outras obras aguardam a estatal ao longo do Vale do Rift. Se o plano de metas para 2030 for respeitado, a energia geotérmica representará mais de um quarto da eletricidade produzida no Quênia daqui a vinte anos. (EcoDebate)

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O carvão é menos utilizado nos EUA

O carvão é cada vez menos utilizado nos Estados Unidos para a geração de energia
Usina termelétrica a carvão
O fim da era do carvão: ”Agora a Terra volta a respirar” – A agência norte-americana EIA anunciou que apenas 36% das necessidades energéticas do país são cobertas por fontes poluentes. Em comparação ao ano anterior, registrou-se uma queda de 20 pontos percentuais. Mérito da mobilização dos cidadãos. O objetivo é acabar com a utilização em todo o mundo até 2030.
A análise é de Mark Hertsgaard (www.markhertsgaard.com), membro da New America Foundation de Washington, nos EUA, e correspondente para o meio ambiente do jornal The Nation.
Eis o texto.
O carvão é cada vez menos utilizado nos Estados Unidos, e essa é uma excelente notícia para o clima da Terra. A Energy Information Administration (EIA, agência do governo dos EUA especializada em análises energéticas) anunciou que, no primeiro quadrimestre de 2012, apenas 36% das necessidades energéticas globais dos EUA foram obtidas do carvão, o tradicional combustível fóssil mais poluente em termos absolutos e que produz a maior quantidade de dióxido de carbono.
É como dizer que, em comparação com o ano anterior, registrou-se uma impressionante redução de 20 pontos percentuais. A EIA prevê uma nova queda até o fim do ano, deixando entender claramente que, para o carvão – que durante muitas décadas forneceu a imensa maioria da energia nos EUA –, prospecta-se uma histórica suspensão.
Ainda mais encorajador é o fato – em grande parte desconhecido – que está por trás dessa considerável redução na utilização do carvão. À cobertura dos principais meios de comunicação vai o mérito de ter feito reduzir o preço do gás natural (o principal concorrente do carvão), e também ao anúncio do dia 27 de março, por parte do governo Obama, de estabelecer limites mais rígidos para as emissões de gases de efeito estufa produzidos pelas usinas norte-americanas. Certamente, esses dois fatores desempenharam um papel importante.
Igualmente fundamental foi um terceiro fator: a tenaz rebelião que teve início a partir de baixo, justamente da população, que freou a construção já programada de pelo menos 166 usinas energéticas alimentadas a carvão. Os ativistas foram ajudados: o preço do gás natural em diminuição e o declínio generalizado da demanda por eletricidade devido à crise financeira tornaram o carvão em uma escolha questionável.
Em todo caso, foi o ativismo da base que transformou essa criticidade em uma derrota para todos os efeitos: a afirmação é de Thomas Sanzillo, ex-vice-controlador do governo do Estado de Nova York, que colaborou com a Beyond Coal. “Se os ativistas não tivessem intervindo para falar com os reguladores do governo e com as redações dos jornais, continuando a defender que o carvão seria uma péssima escolha, a construção das usinas continuaria”.
Diferentemente da atividade de lobby dos principais grupos ambientalistas dominantes que exercem pressão sobre o Capitol Hill pela “cap-and-trade” (programa de redução das emissões), o ponto de força do movimento Beyond Coal deve ser buscado no trabalho não alardeado de políticos do varejo: ativistas que falam com os vizinhos e os amigos, que perseguem a mídia local, que lotam as salas de audiências onde se fala de normativas, que protestam antes da aprovação das leis estatais, que apresentam exposições legais e assim por diante.
Além disso, o movimento que lutou contra a utilização do carvão não é formado pelos suspeitos de sempre: além dos ambientalistas, dele fazem parte aqueles que lutam pela energia limpa, profissionais da saúde, líderes comunitários, expoentes religiosos, agricultores, advogados, estudantes e voluntários como Verena Owen, uma jovem do Illinois que provou ser tão capaz a ponto de ser contratada para ajudar Mary Anne Hitt, diretora da campanha Beyond Coal.
Os benefícios para a saúde são imensos: “Todos os anos, as usinas movidas a carvão provocam mais de 200 mil ataques de asma no país, muitos dos quais em crianças”, dissera em julho de 2011 o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, referindo-se aos dados da Agência de Proteção do Meio Ambiente dos EUA. E acrescentara que “a poluição por carvão mata todos os anos 13 mil norte-americanos e nos custa centenas de bilhões de dólares pelos tratamentos médicos”.
Isso ajuda a explicar por que o prefeito bilionário de Nova York se comprometeu a doar 50 milhões de dólares do seu próprio bolso para apoiar a próxima fase da missão da Beyond Coal, que, além de deter a construção de novas usinas já programadas, passará a tentar fechar as já existentes, para substituí-las por outras de energia limpa. “O nosso objetivo é fechar um terço das usinas a carvão existentes em todos os EUA (cerca de 500) até 2015 e acabar com a utilização de carvão em todo o mundo até 2030″, diz Bruce Niller, diretor sênior da campanha Beyond Coal junto ao Sierra Club, que hospeda a organização.
Esse resultado, porém, que marca uma reviravolta epocal na luta contra o aquecimento do clima continua sendo ignorado, não apenas fora dos EUA, mas também por boa parte dos próprios norte-americanos. Por quê? Principalmente porque a mídia e classe política norte-americana avaliam as questões de utilidade pública através dos olhos da Washington oficial. Ali, a opinião prevalecente era de que a lei “cap-and-trade” era o limite absoluto aceitável pelo sistema político norte-americano. Mesmo quando essa opção presumivelmente realista foi rejeitada em 2010, muitos observadores – incluindo alguns ambientalistas – chegaram à conclusão de que os EUA eram incapazes de passar para a ação de forma significativa. As grandes corporações poluidoras eram muito fortes, enquanto a opinião pública estava muito confusa e indiferente.
Segundo a Beyond Coal, não é assim: “Essa campanha demonstrou que podemos agir de Estado em Estado, de central em central, de cidade em cidade”, defende Hitt. A campanha organizou a população dos ativistas em nível local em torno de objetivos concretos e tangíveis: o seu ar, a sua água, o clima que os seus filhos herdariam. Ela se absteve de lançar mensagens vagas, preferindo apoiar uma única demanda clara – “No New Coal”.
Em essência, assim como o movimento Occupy Wall Street, a campanha Beyong Coal demonstrou que o status quo não pode tudo e que, quando um grande número de pessoas se coaliza, dando origem a um poder político de nível local, elas realmente podem mudar o mundo. E talvez até o planeta. (EcoDebate)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Light apresenta carro elétrico i-MiEV

Tecnologia desenvolvida pelo Programa Smart Grid Light-Cemig é 100% interativa entre veículo e motorista.
Lançamento tem o objetivo de contribuir para a implementação de modelos que usam energia no Brasil.
A Light lança no Brasil o primeiro veículo totalmente elétrico produzido em série no mundo, o i-MiEV. O carro desenvolvido pela Mitsubishi Motors utiliza um sistema de recarga inteligente feito pelo Programa Smart Grid Light-Cemig.
A criação consiste em utilizar energia elétrica contida em um conjunto de baterias de lítio, que move o motor elétrico, inibe ruídos e contribui para o meio ambiente, devido a ausência na emissão de gases poluentes.
Novidade no país, o i-MiEV já é vendido na Europa desde 2010 e nos Estados Unidos desde 2011. A Light utilizará o carro para avaliar um sistema de recarga inteligente para carros elétricos.
Ao todo, dois veículos serão testados ao mesmo tempo no Rio de Janeiro, pelos pesquisadores do Programa Smart Grid Light-Cemig, e em Curitiba, nos laboratórios do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC).
Para fomentar a implementação dos veículos elétricos no país, a companhia de energia desenvolveu terminais de recargas estruturados e interativos.
O local terá capacidade para quatro veículos simultaneamente e serão instalados em pontos estratégicos, como estacionamentos públicos e privados, shoppings, prédios residenciais e empresa.
Durante a recarga, os terminais também serão capazes de trocar informações em tempo real com o i-MiEV, que poderão ser acessadas na tela do próprio painel do carro. (exame)

Carro elétrico e o sistema de recarga inteligente

Light apresenta carro elétrico e lança sistema de recarga inteligente
Tecnologia desenvolvida pelo Programa Smart Grid Light-Cemig é 100% interativa entre veículo e motorista e tem objetivo de contribuir para a implementação de modelos que usam energia no Brasil.
A Light lança no Brasil o primeiro veículo totalmente elétrico produzido em série no mundo, o i-MiEV. O carro desenvolvido pela Mitsubishi Motors utiliza um sistema de recarga inteligente feito pelo Programa Smart Grid Light-Cemig. A criação consiste em utilizar energia elétrica contida em um conjunto de baterias de lítio, que move o motor elétrico, inibe ruídos e contribui para o meio ambiente, devido a ausência na emissão de gases poluentes.
Novidade no país, o i-MiEV já é vendido na Europa desde 2010 e nos Estados Unidos desde 2011. A Light utilizará o carro para avaliar um sistema de recarga inteligente para carros elétricos. Ao todo, dois veículos serão testados ao mesmo tempo no Rio de Janeiro, pelos pesquisadores do Programa Smart Grid Light-Cemig, e em Curitiba, nos laboratórios do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC).
Para fomentar a implementação dos veículos elétricos no país, a companhia de energia desenvolveu terminais de recargas estruturados e interativos. O local terá capacidade para quatro veículos simultaneamente e serão instalados em pontos estratégicos, como estacionamentos públicos e privados, shoppings, prédios residenciais e empresa. Durante a recarga, os terminais também serão capazes de trocar informações em tempo real com o i-MiEV, que poderão ser acessadas na tela do próprio painel do carro. (mundodomarketing)

Mitsubishi e a tradicional competição americana

Veículo elétrico da Mitsubishi encara tradicional competição norte americana
A Mitsubishi Motors participará da tradicional competição automobilística Pikes Peak com uma grande novidade. Pela primeira vez, vai entrar na disputa com um veículo 100% elétrico, o Mitsubishi i-MiEV, que também já circula pelas ruas do Brasil.
Serão dois veículos: o i-MiEV Evolution, que foi especialmente desenvolvido para a competição e o i-MiEV, que é o mesmo modelo comercializado, com pequenas modificações para a corrida.
O Pikes Peak ocorre anualmente no Colorado, Estados Unidos, e é um grande desafio para os pilotos, já que a prova é realizada nas estradas da montanha, com série de ziguezagues e curvas de alta velocidade. A largada ocorre a 2.862 metros de altitude e a chegada é com 4.300m, em um percurso com pouco mais de 19 quilômetros e 156 curvas. A prova foi em 08/07/12.
Com três motores elétricos de 80 kw cada, o i-Miev Evolution tem uma potência máxima de 240 kw, que equivale a 326 cavalos, e correrá na categoria para veículos elétricos. O veículo foi projetado especialmente para o Pikes Peak e utiliza o mesmo motor e baterias dos carros de produção. Com chassi tubular e fibra de carbono, tem tração 4x4 integral e um design aerodinâmico.
Já o i-MiEV recebeu um novo para-choque dianteiro, além de barras estabilizadoras e equipamentos de segurança. Algumas unidades já circulam pelas ruas do Brasil e mais 30.000 unidades já foram vendidas no Estados Unidos, Europa e Japão. (cidadeverde)

Mais um automóvel elétrico da Mitsubishi

A Mitsubishi revelará mais um automóvel elétrico, o Outlander Plug-In Hybrid EV
A Mitsubishi vai revelar no próximo Salão Automóvel de Paris mais um automóvel elétrico, o Outlander Plug-In Hybrid EV. Segundo a marca, este modelo trata-se de um veículo com conceito inovador, já que não se trata de um automóvel com um motor de combustão interna adaptado para veículo elétrico nem uma montra tecnológica.
Segundo a Mitsubishi, o Outlander PH-EV é um automóvel desenhado desde a base para acomodar indiferentemente motorizações convencionais e/ou elétricas / híbridas. Como tal, vai partilhar a sua arquitetura com as versões convencionais do novo Outlander.
A somar a estas credenciais, o novo Outlander PHEV distingue-se ainda por ser o primeiro Mitsubishi Plug-In Híbrido, um Veículo Elétrico complementado por um motor a gasolina que entrará em funcionamento quando necessário, e por recorrer à competência da Mitsubishi em tecnologia 4WD.
A arquitetura do Outlander PH-EV terá dois motores elétricos: um na frente e outro na traseira, além de um motor a gasolina de tração/geração, que se vai traduzir em três modos de condução: Puro (VE 4WD com dois motores elétricos); Série (VE 4WD com dois motores elétricos suportados por um Gerador de Combustão Interna) e Paralelo (Motor de Combustão Interna suportado por dois motores elétricos).
Ao equipar o novo Outlander, o sistema Mitsubishi Plug In Híbrido, vai permitir viagens de longo curso e muito baixas emissões, apresentando uma autonomia superior a 800 km e emissões de CO2 inferiores a 50g/km. Após o lançamento do novo Outlander que ocorrerá no final de 2012, o Outlander Plug In Híbrido VE terá a sua estreia já em 2013. (carroeletriconews)

Eco Fusca- o primeiro carro elétrico brasileiro

Eco Fusca criado no AM é o primeiro carro elétrico construído no Brasil
O carro é movido por 45 baterias de lítio, mesmo modelo usado em celulares.
O Eco Fusca economiza R$ 20 mil com gastos em 5 anos, afirmam criadores.
Criadores afirmam que o Eco Fusca é o primeiro carro elétrico construído no Brasil.
Os carros elétricos são considerados no mundo todo peças chaves na luta contra o aquecimento global. Apostando no que já começa a se tornar uma tendência mundial, ambiental e mercadologicamente falando, montadoras do mundo inteiro investiram na ideia e as vendas dos carros que não poluem crescem gradativamente ao redor do planeta.
No Brasil, esta iniciativa ainda não faz sucesso. Modelos híbridos trazidos pelas montadoras para o país custam em média R$ 100 mil a mais que os populares, e é este preço alto que espanta quem deseja adquirir um carro elétrico.
No Amazonas, um mecatrônico, um técnico em eletrônica, e um T.I. levaram um ano e meio para transformar um Fusca 86 em um modelo híbrido, fazendo assim, segundo eles, o primeiro carro elétrico construído no país.
Eduardo Mazzoni tem apenas 23 anos, e é formado em Tecnologia da Informação (T.I.). Junto com seu pai, o técnico em eletrônica Alfredo Araújo e o mecatrônico Alex Lopes, projetou o modelo que eles batizaram de 'Eco Fusca'.
Carro movido por energia de 45 baterias de lítio, mesmo modelo usado em celulares
Segundo Eduardo, o carro é movido pela energia de 45 baterias de lítio, tem uma autonomia de 200 km e pode chegar a 160 km por hora, tudo isso sem precisar de marcha. O veículo conta ainda com um software, elaborado por Eduardo, que mostra todos os dados do carro, desde desempenho até mesmo nível das baterias. "Neste software podemos analisar o desempenho e acompanhar a carga das baterias. Quando ele estiver perto de descarregar o programa avisa", disse ao G1.
De acordo com Alfredo Araújo, o projeto está em constante evolução e algumas novidades já estão quase prontas para serem testadas. "Está em andamento um projeto que consiste em fazer o teto do carro todo de placas fotovoltaicas, que transformam a luz do sol em energia. Além disso, temos uma ideia para fazer as rodas do carro gerarem energia. Concluídas essas duas etapas, nem será mais necessária a recarga pela tomada", revelou.
Software monitora desempenho do Eco Fusca
Outro trabalho que ainda pode fazer parte do Eco Fusca é um módulo de limitador de velocidade elaborado por Eduardo. "Esse módulo dentro do software limita corrente da bateria para o motor. Com isso posso limitar a velocidade máxima do veículo para o valor que eu desejar. Isso seria muito útil para transportadoras ou até mesmo pais preocupados com a segurança de seus filhos", explica.
Outra vantagem do Eco Fusca, segundo Eduardo, são os gastos, em comparação com os modelos existentes hoje no mercado. "De acordo com meus cálculos, com aproximadamente R$ 5 de energia elétrica ele faz 160 km. Os carros comuns precisam de R$ 35 de gasolina para fazer os mesmos 160 km, considerando 12 km/litro e o preço de R$ 2,69 o litro", calculou.
Em cinco anos de uso, Eco Fusca gera uma economia de R$ 20 mil em manutenção e combustível
Ele vai além, e prevê os gastos em longo prazo. "Em 26 anos seriam R$ 15.000 de energia para carregar a o Eco Fusca, já o carro comum com 12 km/litro, utilizaria R$ 115.440 de combustível mais manutenção. Em apenas 5 anos já seria possível economizar R$ 20.000", afirma Eduardo.
Além disso, Mazzoni revela que o custo para adaptar o fusca foi abaixo do preço de mercado dos carros híbridos, e que o projeto pode ser implementado em qualquer veículo de quatro rodas. "A adaptação do Fusca custou algo em torno de R$ 50 mil, e eu creio que para modelos mais atuais esse custo é de aproximadamente R$ 60 mil. Esse valor é alto, se você compara com os carros comuns vendidos no mercado, mas se você pensar bem, este é um carro que se paga sozinho, e este preço ainda é mais em conta que o dos carros híbridos vendidos no Brasil", disse.
Recarga do Eco Fusca pode ser feita em qualquer tomada 110V ou 220 V
As baterias de lítio, mesmo modelo usado em telefones celulares tem 10 anos de vida útil dependendo do consumo, segundo Eduardo. "A grande vantagem é que elas duram muito e podem ser recarregadas em qualquer tomada comum de 110V ou 220V", explica.
Depois de divulgar seu projeto na internet, Eduardo afirma que já precisou até trocar o número do telefone, pela quantidade de ligações do Brasil inteiro que recebia. "Recebo todo dia pelo menos 20 e-mails do país inteiro querendo conhecer o projeto, ou pedindo orçamento para adaptar seu carro. O site que criamos (http://www.ecofusca.com.br/) para divulgar o Eco Fusca chegou a receber 5 milhões de visitas em uma semana", contou.
Alfredo Araújo e Eduardo Mazzoni (da esquerda para a direita) são dois dos criadores do Eco Fusca
Depois do Eco Fusca o próximo objetivo do trio é botar em prática projetos de outros veículos. "Se tivermos investimento, podemos começar a trabalhar no projeto da Eco Lancha, que beneficiaria quem precisa se locomover pelos rios da Amazônia, e da Eco Moto, que já criamos mas ainda não tivemos a oportunidade de botar em prática", relatou o pai de Eduardo, Alfredo Araújo.
Vários aparelhos eletrônicos são alimentados por energia solar na casa dos idealizadores
Ele afirma que o trabalho também pode ser adaptável para veículos pesados e acredita que não vai demorar muito para os carros elétricos serem maioria no mundo. "Acredito que em 30 anos a maioria dos carros vão ser híbridos, e isso vai ser bom para o meio ambiente e até mesmo para a saúde das pessoas", prevê. (g1)

Sobre o carro elétrico

O que são os veículos elétricos?
Veículo elétrico (cuja sigla em inglês é EV, de electric vehicle) é um tipo de veículo propulsionado por um motor elétrico, para transportar ou conduzir pessoas, objetos ou uma carga específica.
Diferenciam dos veículos usuais pelo fato de utilizarem um sistema de propulsão elétrica e não a solução comum de motor de combustão interna.
O motor elétrico usa energia química armazenada em baterias recarregáveis, que depois é convertida em energia elétrica para alimentar um motor que fará a sua conversão em energia mecânica, possibilitando que o veículo se mova. (carroeletriconews)

Eco-Fusca - A competência faz a diferença

Ele é capaz de chegar a bons 160 km/h durante uma hora, e roda 200 km a 100 km/h com uma só carga. A um custo de, no câmbio de hoje, aproximadamente R$ 62.000,00 o mecânico manauara Alex Lopes Soares converteu um Fusca 1986 para tração elétrica. A ideia foi de um amigo que gosta de Fusca e queria ter um carro elétrico, Alex topou unir os dois e, voilá! E pensar que quando original este Fuscão à gasolina mal passava dos 130 km/h!
O autor da obra fez questão de só utilizar o que de melhor poderia conseguir, não hesitando em encomendas as caras, mas leves eficientes, baterias de polímero de lítio, que dão o fôlego legendário que o Fusca tem para subir rampas, mesmo com seus quase oitenta anos de lançamento.
A maior vantagem, no entanto, que tem feito o público que conhece do assunto compará-lo em vantagem ao Leaf, é o tempo de recarga, apenas cinco horas em qualquer tomada comum, que em Manaus é de 110V, sem qualquer dispositivo caro, com as baterias totalmente descarregadas; algo quase impossível de se conseguir sem haver o propósito de esgotá-las.
Por causa do projeto antigo, e a manutenção da suspensão totalmente original, as baterias tomam um significativo volume do já pequeno porta-malas, coisa que quem se dispuser a contatar Alex e agendar um orçamento, pode resolver adaptando a da Variant II, que leva a característica robustez e poupa muitos litros de bagagem. Mas ainda cabe uma boa mala na frente.
Manchete de destaque no jornal virtual amazonense A Crítica, muitas páginas de comentários, a maioria elogiando e querendo saber mais, apesar dos catastrofistas que dizem "desistam, tudo ficará daqui para pior" e dos críticos ignorantes. Desculpem, mas quem se coloca a tratar do que não conhece e a rebater argumentos de quem demonstra alguma solidez de conhecimento, é um ignorante. Quem simplesmente não sabe é leigo, com este eu tenho toda a paciência do mundo.
A título de curiosidade, Porsche já previa a tração eléctrica no projeto original do Fusca, além de muitas variações de carroceria. Em essência, Alex está dentro da originalidade porscheana do carro, o que serve para acalmar os ânimos dos fusqueiros mais xaatos.
Outra prova de competência e maturidade do projeto é a agilidade de seu desenvolvimento, que começou em Janeiro deste ano e, segundo o mecânico, tem pouco a ser acertado. Bons técnicos sempre ficam satisfeitos em ver seu serviço pronto, mas jamais se satisfazem com seu desempenho. Conta ainda com a ajuda de Eduardo Mazzoni de Araújo, amigo e analista de sistemas que está providenciando um computador de bordo para melhorar o controle do funcionamento do carro, que já conta com ar condicionado. Faróis de leds serão inclusos, para reduzir o consumo de energia, além de outras providências.
A proposta é fazer a conversão em qualquer modelo. Se em um carro com Cx de 0,48 ele conseguiu aquelas marcas, que já permitem enfrentar a estrada, imaginem em um Mille, por exemplo, com 0,35 de Cx e muito mais peso a perder na conversão. Passaria fácil dos 250 km sem recarga. Uma recomendação é evitar largar de primeira marcha, porque a arrancada pode tirar o controle de motoristas inexperientes, mas também dos muito confiantes... Um bugue ou kit car saindo de fábrica com esta tecnologia... Te cuida, Leaf!
No website que ele abriu para divulgar o trabalho, há telefone e e-mail para contato, além de seu perfil no facebook, onde o sucesso não tem sido menor. Só quem não vai gostar disso é a VW, que gastou uma fortuna para um Golf rodar 150 km com muita perda de espaço interno e desempenho, enquanto dois brasileiros atrevidos fazem muito melhor por uma ninharia, sem qualquer suporte externo ou incentivo estatal.
Tanto para o projeto do Alex quanto o do Gurgel, recomendo a conversão especialmente aos motoristas do transporte escolar, que podem se unir em uma cooperativa e ter um baita desconto pelo volume de serviço. (abateria)

Fusca é carro elétrico?

Mecânico do Amazonas transforma Fusca em carro elétrico
O Eco-Fusca funciona com bateria de lítio, as mesmas utilizadas em aparelhos celulares.
Da ficção para a realidade, os carros elétricos aos poucos deverão conquistar o mercado de veículos mundo à fora.
Entretanto, o que ninguém imagina é que em Manaus, o mecânico Alex Lopes Soares, 41, já desfila pelas ruas da cidade, em um simpático Fusca prateado – ano 86 -, com motor, conversor e baterias adaptados.
O Eco-Fusca, como o veículo foi batizado, funciona com bateria de polímeros de lítio – as mesmas utilizadas em aparelhos celulares -, e pode ser recarregado em tomadas comuns.
A adaptação do carro, de acordo com Alex começou em janeiro deste ano. Porém, algumas fases ainda faltam ser concluídas.
“Desde adolescente sempre quis adaptar um carro comum para elétrico. Um conhecido que é aficionado por Fuscas gostou da proposta e cedeu este para fazer as devidas adaptações”, salienta o mecânico.
Nos próximos meses o carro deverá ser adaptado internamente, quando receberá um computador de bordo, com um software próprio, o “Elition” desenvolvido pelo amigo de Alex, o analista de sistemas Eduardo Mazzoni Araújo, 22.
“Com o software é possível limitar a velocidade do carro, configurar a voltagem da bateria, monitorar a carga de energia, entre outras coisas”, explica Eduardo. O veículo também deverá ser dotado de tecnologia 3G.
O painel original do carro também deverá ser adaptado, assim como a iluminação externa que deverá receber faróis de LED.
Peculiaridades
Por onde passa o Eco-Fusca chama a atenção não só pela sua mala de acrílico – onde é possível ver o motor adaptado -, bem como pelo fato do veiculo não emitir os sons característicos de um Fusca, e muito menos soltar fumaça pelos escapamentos.
Durante as fases de testes realizadas com o carro, o Eco-Fusca chegou a fazer 160 km/h. Segundo Alex, é possível ir até Presidente Figueiredo – a 107 quilômetros de Manaus -, e se divertir nas cachoeiras, enquanto o Eco-Fusca recarrega.
“O carregamento das baterias é de apenas 5 horas”, informa.
O Eco-Fusca também dispensa embreagem, podendo sair de terceira marcha, sem apresentar solavancos ou estancamentos.
Diversidade
A conversão de motores e baterias pode ser feita em qualquer modelo de veículo, explica Soares, independente de ser de quatro ou duas rodas.
O próximo desafio é transformar uma embarcação de pequeno porte.
Economia
Há pelo menos seis meses Alex não vai a um posto de gasolina para abastecer o veículo, desde que fez a conversão do carro para motor elétrico.
“Como a recarga é feita direto numa tomada comum, gasto apenas o que consumo com energia doméstica”. Ele estima gastar apenas R$ 5 mensais no carregamento das baterias.
Boa parte das peças utilizadas no projeto foram compradas fora do Brasil, ou na China ou nos Estados Unidos.
O mecânico estima que em torno de U$S 30 mil já foram empregados no projeto. Entretanto, como foi o primeiro carro a ser testado, segundo Alex é comum que os gastos sejam elevados, devido os testes com entre testes
“Mas é algo que vale a pena. O investimento tem logo retorno, porque a pessoa não vai gastar, por exemplo, com manutenção e combustível”, observa Soares.
No site do Eco-Fusca também é possível ver o modelo em ação, além de bater um papo com o próprio Alex, sobre o projeto. (Ariquemes)

Transformação do Fusca em carro elétrico

Mecânico do Amazonas transforma Fusca em carro elétrico
O Eco-Fusca funciona com bateria de lítio – as mesmas utilizadas em aparelhos celulares -, e pode ser recarregado em tomadas comuns.
Da ficção para a realidade, os carros elétricos aos poucos deverão conquistar o mercado de veículos mundo à fora. Entretanto, o que ninguém imagina é que em Manaus, o mecânico Alex Lopes Soares, 41, já desfila pelas ruas da cidade, em um simpático Fusca prateado – ano 86 -, com motor, conversor e baterias adaptados.
O Eco-Fusca, como o veículo foi batizado, funciona com bateria de polímeros de lítio – as mesmas utilizadas em aparelhos celulares -, e pode ser recarregado em tomadas comuns.
A adaptação do carro, de acordo com Alex começou em janeiro deste ano. Porém, algumas fases ainda faltam ser concluídas.
“Desde adolescente sempre quis adaptar um carro comum para elétrico. Um conhecido que é aficionado por Fuscas gostou da proposta e cedeu este para fazer as devidas adaptações”, salienta o mecânico.
Nos próximos meses o carro deverá ser adaptado internamente, quando receberá um computador de bordo, com um software próprio, o “Elition” desenvolvido pelo amigo de Alex, o analista de sistemas Eduardo Mazzoni Araújo, 22.
“Com o software é possível limitar a velocidade do carro, configurar a voltagem da bateria, monitorar a carga de energia, entre outras coisas”, explica Eduardo. O veículo também deverá ser dotado de tecnologia 3G.
O painel original do carro também deverá ser adaptado, assim como a iluminação externa que deverá receber faróis de LED. (emguaratuba)