quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Hidrelétricas com menos impactos

O setor elétrico brasileiro pode voltar a ter usinas com reservatórios de regularização, que armazenam a água para garantir o fornecimento de energia ao sistema interligado brasileiro.
Trata-se de uma forma de energia limpa. Desde o início da década passada, diante da forte campanha de ecologistas, passaram a ser construídas apenas as usinas a fio d’água, ou seja, usinas com reservatórios pequenos, sem capacidade de armazenamento, para reduzir os impactos ambientais. Só que segundo os especialistas do segmento, a medida, além de elevar o preço da tarifa aos consumidores aumenta o risco de apagões além de provocar um aumento das emissões de gás carbônico (CO2), uma vez que operador se vê na contingência de despachar as usinas térmicas.
“A elevação nas emissões de poluentes acontece porque, de maio a outubro, meses com menos chuvas, as hidrelétricas, devido à menor vazão dos rios, se veem com baixa capacidade de geração e são obrigadas a reduzir a geração de energia. Como não há água suficiente armazenada nos reservatórios, o sistema tem que acionar as usinas térmicas, muito mais caras e com maior impacto à natureza”, explica Geraldo Lucio Tiago Filho, professor titular e diretor do instituto de recursos naturais da Unifei (Universidade Federal de Itajubá).
Dados da consultoria PSR revelam que, até o fim de 2020, com a entrada em operação das usinas térmicas, que usam energia mais poluente, o volume das emissões de CO2 e de outros gases que provocam o aquecimento da atmosfera vai mais que triplicar em relação ao início desta década. Passará de 22 toneladas para 72 toneladas de CO2 para cada gigawatt por hora (GWh) gerado. A PSR estima que, a cada 1% de perda de capacidade dos reservatórios no país, há um aumento de 23% nas emissões.
Esse e outros assuntos polêmicos serão discutidos durante a VIII Conferência de Centrais Hidrelétricas – Mercado e Meio Ambiente, que acontecerá nos dias 21 e 22 de agosto na Fecomércio.
A opinião de Tiago também é compartilhada por Charles Lenzi, presidente executivo da Abragel – Associação Brasileira de Energia Limpa, uma das corealizadoras do evento. “É extremamente relevante a volta dos reservatórios que, historicamente viabilizaram a geração de energia mais limpa no Brasil. Em 2001, quando houve o racionamento, foram os reservatórios que salvaram o Brasil. Na ocasião passamos a ficar com o equivalente a quatro anos de capacidade de energia armazenada, hoje não chega a um ano. Deixamos de construir os reservatórios e paga-se um preço por isso, com sérios impactos na confiabilidade da geração. Se não tivermos reservatórios de acumulação a saída será investir em térmicas e a sociedade precisa entender as consequências de uma ou outra escolha”.
Lenzi reforça que nenhum outro país no mundo tem o potencial energético do Brasil. “As fontes alternativas vão representar 16% da matriz elétrica em 2020 de acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE. Só de PCHs, vislumbra-se um potencial de mais de 20 MW em projetos e estudos já desenvolvidos. O de Eólica e Biomassa é imenso e ainda teremos a Solar nos próximos anos. Assim, imaginar um cenário com 30% de fontes alternativas não é algo muito difícil. Acredito que até 2030 isso será possível”, afirma. (ambienteenergia)

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