Reunindo os principais agentes do setor, o primeiro dia da
VIII Conferência de Centrais Hidrelétricas, realizada em São Paulo, de 21 a 22
de agosto/12, ressaltou a perda de competitividade dessa fonte de energia em
comparação ás demais. Outro aspecto discutido tratou da importância dos
reservatórios de água inclusive para viabilizar outras energias renováveis bem
como para o País não ficar refém das poluentes térmicas. Na ocasião os
especialistas comentaram a necessidade da opinião pública conhecer melhor as
vantagens técnicas e científicas da hidroeletricidade para que questões
puramente ideológicas não comprometam o abastecimento e o meio ambiente.
Confira os destaques do primeiro dia do evento:
Luiz Fernando Vianna, presidente do Conselho de Administração
da Apine, lamentou a medida dos ministérios públicos Federal e de Mato Grosso
de paralisar 126 usinas do Pantanal. “O Brasil precisa de pelo menos 3 mil MW
/ano para atender a demanda e a hidroeletricidade, uma matriz limpa e fonte que
sustenta as demais, como bromasse e eólica, que estão ancoradas na usina hidro.
Quando se começa cercear a construção de usinas não estamos em um bom caminho,
aspectos ideológicos não podem nortear a ação do ministério público”, comentou.
Flávio Neiva, presidente da Abrage, ressaltou a maior
flexibilidade operacional das hidrelétricas da fonte e reforçou sua capacidade
de integrar energias. Comentou que em 2010 as hidrelétricas representavam 78%
da matriz energética, porém graças aos reservatórios, com o excedente, gerou
89% de energia. Enquanto que as térmicas, que representavam 13%, geraram apenas
6%.
Charles Lenzi, presidente da Abragel, também ressaltou o
papel fundamental do reservatório para preservação da matriz limpa dando
destaque para as pequenas centrais hidrelétricas. “Só em projetos em fase bem
adiantada temos hoje cerca de 6 mil MW. Se desenvolverem novos projetos teremos
aproximadamente 18 mil MW. Isso para termos uma idéia do potencial das pequenas
centrais hidrelétricas” , enumera.
Odemir José dos Reis, Superintendente de Gestão de estudos
Hidroenergéticos da Aneel, contou que em 2010 a agência avaliou e aprovou 18
estudos de inventário, o número subiu para 54 em 2011 e até julho de 2012 são
41, devendo chegar em 100 até o final do ano. Em se tratando apenas de PCH, em
2010 foram 22, 44 em 2011 e 33 até agora, com expectativa de atingir 90 até
dezembro. Comentou que uma PCH, desde o inventário até a entrada em operação,
leva cerca de sete anos, enquanto que a hidrelétrica beira 10 anos. “Os
principais entraves para esse longo prazo são ambientais e de viabilidade
econômica”, salientou.
José Carlos de Miranda Farias, diretor da EPE – Empresa de
Pesquisa Energética, trouxe dados alarmantes sobre o baixo aproveitamento
energético no Brasil. Enquanto a França tem um potencial tecnicamente
aproveitado de 100% de energia, Alemanha 83% e o Japão 64% o Brasil amarga
apenas 34%” , comentou. Reforçou ainda a necessidade de expandir em 6 mil MW ao
ano para fontes de energia com capacidade de 50% para atender as taxas de
crescimento e de consumo da ordem de 4,3%. Lembrou que o leilão, A-3, de
outubro, voltado para empreendimentos a serem entregues em um prazo de 3 anos
(até abril de 2015), será destinado para usinas eólicas, biomassa, solar e
térmica de pequeno porte.
Os leilões A-5 deste ano têm como indicativo expandir com
usinas hidrelétricas 16 mil MW, mas lembrou que isso é apenas uma estimativa do
plano. Aproveitou para salientar a vantagem econômica da PCH: “a energia
hidrelétrica pode ser contratada a R$ 90 /MW hora enquanto que a eólica, que é
a mais competitiva, é de R$ 105 / MW hora” , completou Francisco José Arteiro
de Oliveira, diretor de planejamento e operação da ONS apresentou um retrato do
dia a dia da operação do sistema. Exemplificou as variações de consumo com os
picos de audiência da atual novela das 21 horas da TV Globo e de grandes
eventos como a Copa do Mundo de Futebol de 2010. ”O controle hidráulico da
fonte viabilizou o abastecimento nestes casos de recordes de demanda”,
finalizou. (ambienteenergia)
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