Cenários de mudanças
não ajudam o equilíbrio da matriz energética
Apesar de ter
conquistado uma matriz energética equilibrada entre fontes de energia
renováveis e tradicionais, o governo brasileiro tem se empenhado para manter
essa relação diante de um cenário projetado pelo aumento do consumo de energia.
Além de garantir a manutenção de sistemas, como o de produção de energia eólica
e solar, os pesquisadores buscam novas fontes que poderiam complementar essa
oferta para atender a crescente demanda do setor.
A principal motivação
do governo para manter esse equilíbrio de fontes na matriz energética é o
cumprimento da meta de redução das emissões de gases de efeito estufa. Durante
a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas realizada em
Copenhague no ano passado, a COP 15, o Brasil se comprometeu a reduzir essas
emissões entre 36,1% a 38,9% até 2020, em relação ao que emitia em 1990. Entre
os setores estratégicos da economia, a energia está sob a mira dos órgãos que
debruçam-se sobre o problema.
“O setor energético
representa a segunda maior preocupação do governo no quesito das emissões de
gases de efeito estufa, perdendo apenas para o desmatamento e agropecuária
[apontados como os vilões responsáveis por 70% das emissões], explicou Ana
Lúcia Doladela, diretora da Secretaria de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA). O setor energético, desde a
produção até o consumo, responde por cerca de 23% dessas emissões. “Uma das
formas de reduzir esse impacto é renovar nossa matriz e aumentar nossa
eficiência energética”, acrescentou.
Uma das estratégias
adotadas pelo Brasil é a aproximação com especialistas europeus. O interesse
nas experiências do velho continente explica-se pelos esforços e investimentos
em pesquisa e produção de fontes alternativas de energia. Ana Lúcia Doladela
disse que os técnicos brasileiros têm absorvido conhecimentos e tecnologias
européias e acredita que essa relação pode resultar em parcerias estratégicas
para o desenvolvimento do setor, ainda em crescimento no Brasil.
“A energia eólica foi
estabelecida de forma competitiva. Mas a fotovoltaica ainda é cara e precisa de
incentivos para se estabelecer. O ministério têm acompanhado as pesquisas e o
governo vem adotando medidas como o estímulo ao uso da fonte solar térmica para
aquecimento de água”, disse. A diretora do MMA ainda acrescentou que o país
também precisa amadurecer tecnologicamente nas pesquisas sobre energia a partir
dos oceanos. “Temos três fontes que são as ondas, mares e correntes marítimas.
Ainda precisamos muito investimento em tecnologia”, explicou.
Em relação às fontes
renováveis a partir da biomassa, como o etanol e o biodiesel, o Brasil assumiu
uma posição de liderança no cenário internacional. Como a tendência é de
aumento do consumo de energia no país, pesquisadores brasileiros buscam novas
fontes que poderiam complementar essa matriz.
Em Concórdia, Santa
Catarina, experimentos com o biogás produzido a partir de resíduos de suínos
mostraram, segundo técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), o potencial do produto tanto para a geração de energia demandada
pelas propriedades rurais quanto como fator de agregação de valor à cadeia
produtiva.
“Os dados já mostram
que o biogás pode se tornar um dos três grandes combustíveis do Brasil. O
importante é termos mais fontes, promover o setor e o uso dos resíduos das
cadeias produtivas, o que poderia agregar valor a essas produções e atender a
demanda crescente por energia no país”, disse Manoel Teixeira Souza Júnior, chefe-geral
da Embrapa Agroenergia. (EcoDebate)
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