Voando com a
energia do sol, em Copenhague
Será possível um avião voar somente com energia solar, durante vários
dias e noites ininterruptamente? Esse é o desafio de uma equipe de visionários
suíços, criadores do Solar Impulse. O projeto será apresentado durante a COP15,
em Copenhague. É uma demonstração do imenso potencial das energias renováveis,
essenciais para as mudanças necessárias em busca de uma vida melhor e mais
saudável para o planeta.
O avião é o meio de transporte que mais utiliza energia e combustível.
Representa cerca de 3% do total de emissões de gás do planeta, uma contribuição
significativa para o efeito estufa. Para os ambientalistas e amantes da
aviação, o futuro pertence àqueles que puderem voar sem poluir, sem deixar
rastros de sujeira no ar. A ideia de criar um avião solar não é nova. Na década de 80, foram feitas
experiências nos Estados Unidos. Em 2005, no Canal da Mancha, entre Inglaterra
e França, aconteceu o primeiro voo noturno, sem tripulação.
Foi um ano depois, em 2006, que a paixão pela aviação e o sonho de voar
utilizando somente a energia do sol juntou Bertrand Piccard e André Borschberg num ambicioso projeto. Piccard carrega
no sangue a longa tradição da família por aventuras e desafios. O avô, Auguste,
bateu duas vezes o recorde mundial por atingir a maior altitude num voo de
balão, em meados da década de 30. O pai de Bertrand, Jacques, engenheiro e
oceanógrafo, desenvolveu veículos subaquáticos para explorar as correntes
oceânicas. Até hoje é um dos únicos pesquisadores em todo mundo a ter chegado a
um dos pontos mais profundos do oceano. Já Bertrand, que além de engenheiro
aeronáutico, também é psiquiatra, ficou famoso mundialmente por ter realizado o
primeiro vôo de balão ao redor do planeta - sem escalas, em 1999.
Borschberg, graduado no famoso MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts, foi
piloto da Força Aérea Suíça. À frente do projeto Solar Impulse, ele
administra uma equipe de 50 profissionais – engenheiros, físicos e técnicos,
todos comprometidos em colocar no ar o maior avião solar do mundo. Em junho
passado, Piccard e Borschberg organizaram um grande evento para mostrar o
protótipo do HB-SIA e, agora, será a vez do público que circula pela COP15, em Copenhage, conhecer esse
projeto. Será no dia 18 de dezembro, às 13 h, no Victor Borge Room.
À primeira vista o que mais chama a atenção no Solar Impulse é a
envergadura da asa: 63 metros (igual a de um Airbus A340). Levíssimo, com uma
estrutura de fibra de carbono, pesa pouco mais de uma tonelada e meia,
praticamente o mesmo que um carro de passeio. O protótipo foi desenvolvido com
os chamados intelligent light
materials (materiais inteligentes leves). As asas são completamente
cobertas por painéis solares, que recarregam as baterias de lítio polímero.
Foram seis anos de trabalho e 46 milhões de euros para chegar até esse
ponto do projeto. O próximo e, importantíssimo passo, é fazer uma viagem com
duração de 36 horas. Mas antes disso, a primeira conquista será realizar apenas
um vôo noturno. Um dos principais desafios é fazer com que a energia solar não só
mantenha o avião funcionando, mas também consiga recarregar as baterias durante
a noite. O piloto precisa ter o máximo de baterias carregadas para poder voar
até o amanhecer. Para os painéis solares, o dia começa tarde e termina cedo,
afinal, se o sol estiver muito baixo no horizonte, menos eficientes são seus
raios para recarregar as baterias. (abril)
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