sábado, 4 de agosto de 2012

Voando com a energia solar

Voando com a energia do sol, em Copenhague
Será possível um avião voar somente com energia solar, durante vários dias e noites ininterruptamente? Esse é o desafio de uma equipe de visionários suíços, criadores do Solar Impulse. O projeto será apresentado durante a COP15, em Copenhague. É uma demonstração do imenso potencial das energias renováveis, essenciais para as mudanças necessárias em busca de uma vida melhor e mais saudável para o planeta.
O avião é o meio de transporte que mais utiliza energia e combustível. Representa cerca de 3% do total de emissões de gás do planeta, uma contribuição significativa para o efeito estufa. Para os ambientalistas e amantes da aviação, o futuro pertence àqueles que puderem voar sem poluir, sem deixar rastros de sujeira no ar. A ideia de criar um avião solar não é nova. Na década de 80, foram feitas experiências nos Estados Unidos. Em 2005, no Canal da Mancha, entre Inglaterra e França, aconteceu o primeiro voo noturno, sem tripulação.
Foi um ano depois, em 2006, que a paixão pela aviação e o sonho de voar utilizando somente a energia do sol juntou Bertrand Piccard e André Borschberg num ambicioso projeto. Piccard carrega no sangue a longa tradição da família por aventuras e desafios. O avô, Auguste, bateu duas vezes o recorde mundial por atingir a maior altitude num voo de balão, em meados da década de 30. O pai de Bertrand, Jacques, engenheiro e oceanógrafo, desenvolveu veículos subaquáticos para explorar as correntes oceânicas. Até hoje é um dos únicos pesquisadores em todo mundo a ter chegado a um dos pontos mais profundos do oceano. Já Bertrand, que além de engenheiro aeronáutico, também é psiquiatra, ficou famoso mundialmente por ter realizado o primeiro vôo de balão ao redor do planeta - sem escalas, em 1999.
Borschberg, graduado no famoso MIT - Instituto de Tecnologia de Massachusetts, foi piloto da Força Aérea Suíça. À frente do projeto Solar Impulse, ele administra uma equipe de 50 profissionais – engenheiros, físicos e técnicos, todos comprometidos em colocar no ar o maior avião solar do mundo. Em junho passado, Piccard e Borschberg organizaram um grande evento para mostrar o protótipo do HB-SIA e, agora, será a vez do público que circula pela COP15, em Copenhage, conhecer esse projeto. Será no dia 18 de dezembro, às 13 h, no Victor Borge Room.
À primeira vista o que mais chama a atenção no Solar Impulse é a envergadura da asa: 63 metros (igual a de um Airbus A340). Levíssimo, com uma estrutura de fibra de carbono, pesa pouco mais de uma tonelada e meia, praticamente o mesmo que um carro de passeio. O protótipo foi desenvolvido com os chamados intelligent light materials (materiais inteligentes leves). As asas são completamente cobertas por painéis solares, que recarregam as baterias de lítio polímero.
Foram seis anos de trabalho e 46 milhões de euros para chegar até esse ponto do projeto. O próximo e, importantíssimo passo, é fazer uma viagem com duração de 36 horas. Mas antes disso, a primeira conquista será realizar apenas um vôo noturno. Um dos principais desafios é fazer com que a energia solar não só mantenha o avião funcionando, mas também consiga recarregar as baterias durante a noite. O piloto precisa ter o máximo de baterias carregadas para poder voar até o amanhecer. Para os painéis solares, o dia começa tarde e termina cedo, afinal, se o sol estiver muito baixo no horizonte, menos eficientes são seus raios para recarregar as baterias. (abril)

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