Premiê orienta famílias a não a usarem na preparação de comida para crianças com menos de 1 ano e a não consumir verduras de Fukushima
Níveis de radiação acima do considerado seguro para bebês foram detectados ontem na água encanada de Tóquio, maior região metropolitana do mundo, com 35 milhões de habitantes. A cidade está a 250 km da usina nuclear Fukushima Daiichi, que entrou em colapso depois do terremoto seguido de tsunami que atingiu o país no dia 11/03/11.
Vazamentos ocorridos no local já haviam contaminado água do mar, vegetais, leite e solo, em patamares que as autoridades japonesas afirmavam não ser nocivos à saúde. Mas a preocupação com traços de radiação aumentou ontem, com o primeiro-ministro Naoto Kan orientando a população a não consumir verduras e legumes produzidos nas proximidades de Fukushima, onde testes detectaram radiação superior aos limites normais em 11 produtos.
O caso mais grave foi o da verdura "kukitachina", na qual foi identificada a presença de 82 mil becquerels de césio, o equivalente a 164 vezes o nível considerado seguro. Segundo o governo japonês, se um adulto consumir diariamente 100 gramas da verdura por 10 dias, vai ingerir metade da radiação que uma pessoa normalmente recebe de fontes naturais no período de um ano.
O governo metropolitano de Tóquio informou ontem que 210 becquerels de iodo-131 foram encontrados em amostra de um litro de água de uma central de purificação no norte da cidade colhida na terça-feira. Novo teste realizado ontem indicou presença de 190 becquerels na mesma quantidade de água.
Esses patamares estão abaixo dos 300 becquerels que marcam o limite de segurança para adultos, mas acima dos 100 becquerels estabelecidos para bebês. O governo de Tóquio orientou as famílias da região metropolitana a não usar água da torneira na preparação de alimentos para crianças com menos de 1 ano.
Os primeiros casos de contaminação de alimentos e água por radiação foram detectados no dia 19, aumentando ainda mais a ansiedade dos japoneses.
A cada dia aparecem novos casos de presença de radiação em locais cada vez mais distantes de Fukushima. O governo suspendeu a venda de verduras, legumes e vegetais produzidos na região e países como os EUA proibiram a importação de produtos de quatro prefeituras próximas.
Desde a catástrofe natural, técnicos tentam evitar o derretimento total dos seis reatores da usina de Fukushima, cujo sistema de resfriamento foi prejudicado pela interrupção no fornecimento de energia.
As fontes normais de eletricidade foram afetadas pelo terremoto de 9 graus da escala Richter. O tsunami que veio em seguida provocou pane no gerador de segurança que deveria ter entrado em ação, o que deixou a usina totalmente sem energia.
A falta de eletricidade levou à interrupção do bombeamento de água para o resfriamento das hastes de combustível dos reatores e das que ficam nas piscinas de combustível usado. Isso levou ao aumento da temperatura e ao derretimento parcial dos reatores, o que trouxe risco de vazamento de radioatividade em grande escala.
Maior catástrofe a atingir o Japão desde a 2.ª Guerra, o terremoto seguido de tsunami deixou 23 mil pessoas mortas ou desaparecidas. Pouco mais de 300 mil japoneses estão vivendo em abrigos provisórios, depois que suas casas foram varridas ou declaradas em área de risco. (OESP)
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