Explosão em usina japonesa eleva temor de contaminação nuclear
Após tsunami, autoridades buscam contato com 10 mil moradores desaparecidos de cidade portuária.
A explosão dia 12/03/11 do edifício que abriga um dos reatores da usina atômica Fukushima Daiichi, um novo alerta de emergência numa segunda central do complexo elevaram o temor de um desastre nuclear no Japão, atingido no dia anterior por um dos mais violentos terremotos da história, seguido de tsunami que varreu a costa leste do país. Na madrugada de 13/03/11, um segundo reator do complexo apresentou problemas em seu sistema de resfriamento, deixando a agência de segurança nuclear japonesa em alerta.
O número oficial de mortos pelo tsunami que se seguiu ao terremoto de 11/03/11 subiu dia 12 para 1.800. A cifra de desaparecidos e desabrigados encontra-se ainda na casa dos milhares. Só na praia da cidade de Sendai, a mais afetada pela onda gigante que se seguiu ao tremor, cerca de 300 corpos foram encontrados.
As autoridades temem ainda pelo destino de 10 mil moradores da cidade portuária de Minamisanriku, com os quais todo o contato foi perdido.
Especialistas de todo o mundo estão mobilizados para ajudar o Japão a evitar um desastre nuclear semelhante ao de Chernobyl, que causou a morte de 25 mil pessoas na Ucrânia sob dominação soviética, em 1986.
O governo afirmou que a explosão não danificou o reator da usina de Fukushima, mas admitiu que ela causou vazamento de material radioativo. Ainda assim, as autoridades ampliaram de 3 km para 20 km o raio no qual moradores da região onde está a usina atômica de Fukushima foram obrigados a abandonar suas casas. Cerca de 45 mil pessoas estão em abrigos emergenciais - 800 delas ainda estavam próximas da usina no momento em que houve a explosão do primeiro reator do complexo.
Único país do mundo a sofrer os efeitos de um bombardeio nuclear, a ameaça de um novo incidente radioativo tem ampliado a tensão no Japão, país castigado pelo terremoto de 8,9 graus da escala Richter - o sétimo maior desde que os abalos sísmicos passaram a ser registrados - e o subsequente tsunami, que levantou paredes de água de até 10 metros de altura e devastou a costa da região nordeste do país.
O césio-137, isótopo radioativo que alimenta boa parte das usinas japonesas, pode contaminar vastas áreas por décadas, caso seja liberado na atmosfera.
O primeiro-ministro Naoto Kan, dirigiu-se à população para pedir calma e prometeu tomar todas as providências para evitar que a catástrofe natural se aprofundasse com um acidente nuclear de grandes proporções.
O nível de radiação ao redor de Fukushima estava 8 vezes maior que o usual, enquanto na sala de controle, o patamar chegava a 1.000 vezes o registro antes do terremoto. Logo depois do tremor, o governo decretou “emergência nuclear” pela primeira vez desde que o país começou a utilizar energia atômica, há mais de 40 anos. Em 12/03, o alerta foi estendido a uma segunda usina na mesma região.
O secretário-chefe do Gabinete, Yukio Edano, afirmou que a explosão não ocorreu no reator, cuja estrutura de aço teria permanecido intacta. Segundo ele, a queda do edifício foi provocada pelo aumento do vapor em seu interior. Registrada por câmeras de TV, a explosão foi seguida de uma enorme nuvem de fumaça.
O representante do primeiro-ministro Naoto Kan sustentou que o nível de radiação na região diminuiu em relação ao dia anterior, quando o sistema de resfriamento da usina entrou em pane.
O tremor de 8,9 graus na escala Richter afetou o suprimento de energia em Fukushima e comprometeu o bombeamento de água para o resfriamento dos reatores. O tsunami que se seguiu destruiu o gerador de segurança movido a diesel, que deveria continuar a funcionar mesmo na hipótese de total paralisação da planta.
Mesmo com o reator desligado, o material radioativo em seu interior precisa ser permanentemente resfriado com água, o que foi comprometido pelo duplo desastre enfrentado pelo Japão. Sem a realização desse processo, a pressão no interior do reator aumenta gradualmente, até que ele derrete e libera na atmosfera material radioativo. Antes da explosão, as autoridades disseram ter havido pequeno vazamento nuclear e reconheceram que existia a possibilidade de derretimento do reator.
Ao mesmo tempo em que lidava com a emergência nuclear, o governo deslocava soldados e equipes de resgate para o nordeste do país, a área mais atingida pelo tsunami, onde pessoas, cidades, casas, carros e barcos foram arrastados por ondas de até dez metros de altura. A água avançou centenas de metros sobre a terra e encobriu plantações, inundou aeroportos e fez cidades inteiras submergirem.
As operações de resgate eram dificultadas pelos danos sofridos pela infraestrutura de transporte nas regiões afetadas. Estradas próximas da área do tsunami estavam intransitáveis e as linhas de trem que ligam Tóquio à região nordeste do país não estavam operando. (OESP)
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