Objetivo é examinar a segurança de instalações atômicas em situações extremas.
As explosões ocorridas na central de Fukushima-Daiichi, no Japão, levaram a União Europeia a anunciar ontem, em Bruxelas, a criação e a realização de testes de estresse em todos os reatores nucleares do continente.
A decisão, que leva em conta o aumento da pressão pública contra a energia atômica, foi tomada para permitir que a segurança das usinas seja examinada em situações extremas, como terremotos e tsunamis, a exemplo dos ocorridos em território japonês, além de inundações, ataques terroristas e cortes prolongados de eletricidade.
O anúncio da iniciativa foi feito pelo comissário europeu de Energia, Gunther Oettinger, ao final de dois dias de encontros com autoridades nacionais, dos setores público, privado e de energia.
"Riscos de terremotos, inundações, tsunami, ataques terroristas, falhas dos sistemas de resfriamento, risco de falta de energia, idade e tipo da construção das centrais, tudo e muito mais será objeto dos testes de segurança com critérios comuns na União Europeia", confirmou Oettinger.
A ideia é a de que regiões com riscos sísmicos recebam atenção especial, não apenas das centrais nucleares, mas também dos sítios de rejeitos radioativos. Mas os detalhes dos testes só serão conhecidos nas próximas semanas. E os primeiros exames não serão realizados antes do segundo semestre.
Danos. Ontem, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que há a possibilidade de danos no centro do reator número 2 da central de Fukushima 1. Segundo o japonês Yukiya Amano, diretor da agência nuclear da ONU, o vazamento estimado até o momento é de "menos de 5%" do combustível nuclear do reator, mas reconheceu que a situação é grave.
A preocupação das autoridades de energia da Europa em relação ao acidente no Japão também se fez sentir em Paris. De acordo com a Agência de Segurança Nuclear (ASN), o órgão oficial francês para a energia atômica, a central "não está mais lacrada". "Muito provavelmente, o conjunto do reator sofreu danos", disse André-Claude Lacoste, presidente da ASN. "Não uso a palavra fenda. Mas a parede não está mais lacrada."
Apesar do acidente, a França vem sendo o país mais reticente em anunciar a redução de sua atividade nuclear, o que impede, na prática, qualquer bloqueio político à energia atômica na UE.
Depois dos EUA, o país é o segundo do mundo em uso dessa fonte de produção de eletricidade, extraindo 80% da energia consumida de 19 usinas e 58 reatores. (OESP)
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