quinta-feira, 24 de março de 2011

Temor causa saída em massa de Tóquio

Estudante brasileiro volta para casa, pois não confia nas informações sobre radiação.
A madrugada de 18/03/11 começava no Japão quando o brasileiro Marcionilo Euro Carlos Neto, de 25 anos, decidiu encerrar sua temporada na cidade de Chiba, onde desde agosto realizava um intercâmbio estudantil. "Não estou satisfeito com as notícias sobre a usina de Fukushima. Parece que o governo está escondendo muita coisa (sobre os vazamentos de material radioativo)."
Neto já havia chamado a atenção da imprensa online por, a princípio, não querer deixar o país depois da tragédia. No início, Neto até cogitou ficar. Ao Estado, contudo, ele contou que as notícias "cada vez piores" sobre a crise nuclear o convenceram a voltar e retomar a faculdade de letras em Juiz de Fora - sua família é de Espera Feliz (MG).
"O que o governo japonês está fazendo (para conter a radioatividade) não está adiantando", afirmou, Explicando que, por estar a 250 km de Fukushima, havia resolvido “esperar um pouco, apesar do pavor”.
Neto relatou que o terremoto foi sentido “com muita força” em Chiba, pelo menos 16 pessoas morreram na cidade por causa do tremor. O futuro filósofo, que retornará a faculdade de letras em Juiz de Fora, ficou impressionado com a “falta de preocupação” dos moradores de sua cidade com a possível contaminação radioativa.
Intérprete e professor de inglês, espanhol e japonês, ele disse que procurou ajuda da empresa de consultoria linguística em que trabalha em Juiz de Fora. "Eles ligaram para a companhia aérea e conseguiram marcar minha passagem de volta para dia 21/03/11."
“Em Tóquio (a 50 km de onde vive Neto) houve contaminação. Mas aqui (Chiba) todos voltaram às ruas normalmente já em 14/03/11”. Neto contou que o medo de contaminação radioativa também convenceu sua colega brasileira Fernanda Serpa a retornar ao País. Um terceiro colega mineiro ainda pretende ficar por lá.
Em 17/03/11, o movimento continuava intenso nos aeroportos internacionais do Japão, com milhares tentando embarcar para fugir da radiação. As companhias aéreas aumentaram o número de voos para dar mais agilidade à retirada; aeronaves maiores também foram mobilizadas no esforço.
Muitos dos passageiros foram submetidos a testes de radiação ao desembarcarem em outros países. Em Taiwan, 25 pessoas apresentaram níveis de contaminação acima do normal. Na Coreia do Sul, foram três. Um número crescente de governos está aconselhando seus cidadãos a deixarem o Japão. (OESP)

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