Porta-voz do governo diz que está claro que as instalações não serão reaproveitadas depois de a situação ser controlada
Insegurança
Testes indicam contaminação leve do leite
O Japão vai desativar o complexo nuclear de Fukushima-Daiichi por causa do acidente que afetou as instalações da usina após o terremoto seguido de tsunami do dia 11/03, informou ontem o porta-voz do governo japonês, Yukio Edano. Ele afirmou em sua entrevista diária sobre a crise nuclear que, "observando a situação objetivamente, está claro" que as instalações atômicas de Fukushima não serão novamente utilizadas.
Fukushima, cerca de 250 quilômetros ao norte de Tóquio, deve ser fechada logo após as autoridades controlarem a fuga de material radioativo e a alta temperatura que desestabiliza os núcleos dos reatores. Ela foi construída nos anos 70 e é uma das mais antigas do Japão.
Esta é a primeira vez que o governo fala publicamente sobre o futuro da usina, em torno da qual se estabeleceu um perímetro de segurança mínimo de 20 quilômetros. O Ministério da Saúde informou que os níveis de radiação da região excederam os padrões considerados seguros.
A central segue sofrendo problemas na maioria de seus seis reatores, mas as unidades 5 e 6 já estão sob controle depois que seus depósitos de armazenamento de água para o combustível nuclear foram resfriados a níveis seguros. O reator 2 foi conectado ontem à corrente elétrica e, assim, poderá ser resfriado com suas bombas d’água.
Isto garante certa tranquilidade na usina de Fukushima, mas o reator 3 ainda preocupa os especialistas da Tepco - companhia operadora da central -, já que a pressão na parte de contenção do núcleo poderia continuar aumentando.
Por enquanto, a Tepco considera que a pressão se estabilizou, mas estuda realizar uma emissão deliberada de vapor a fim de reduzir a pressão do reator.
"Por enquanto, não estamos muito otimistas de que o problema tenha sido superado", disse Edano. As autoridades de segurança nuclear disseram que uma das alternativas para reduzir a pressão no reator 3 poderia resultar na liberação de uma densa nuvem com conteúdo de iodo, assim como elementos radioativos de cripton e xenon.
Para os moradores que vivem fora da área do desastre aumentou a incerteza em torno da segurança dos alimentos e da água potável.
O governo impediu o envio de espinafre, assim como de leite, de uma região próxima da usina nuclear depois que se verificou por meio de testes que os níveis de iodo ultrapassavam os limites de segurança.
No entanto, a contaminação se propagou para o espinafre de outras três províncias e para outras verduras, como repolho. A água potável de Tóquio, na qual foi detectada iodo na sexta-feira, agora apresenta césio. O governo disse que, em todos os casos, os níveis de radiação são muito baixos e não representam um perigo imediato para a saúde. Mas Taiwan disse ter recebido um lote de favas procedente do Japão que estava contaminado com iodo e césio. (OESP)
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