domingo, 20 de março de 2011

Bombas que resfriam usina são religadas

Japão admite falha e amplia grau de risco de incidente no mesmo dia em que técnicos conseguem reconectar sistema de refrigeração à eletricidade.
Engenheiros japoneses conseguiram na manhã deste sábado (noite de ontem no Brasil) restabelecer a energia elétrica às bombas do sistema de resfriamento dos reatores nucleares de Fukushima - no principal avanço das autoridades para conter a crise na central desde o terremoto e o tsunami que danificaram a instalação, há nova dias.
Horas antes, o governo japonês havia ampliado o nível de gravidade do incidente atômico do grau 4 para o 5 - numa escala internacional que vai até 7. O grau 5 é o mesmo do acidente de 1979 na ilha de Three Mile, nos EUA, que causou a retirada de 140 mil pessoas da região.
A decisão da agência nuclear japonesa de recomendar o aumento do grau de risco foi tomada por causa dos danos causados ao núcleo dos reatores e ao vazamento contínuo de radiação. Para Os técnicos, a situação foi classificada de "acidente com amplas consequências". Segundo a agência, essa avaliação é específica para as explosões ocorridas nos reatores 1, 2 e 3.
Apesar de ainda não ser possível determinar se a recuperação da eletricidade será o suficiente para reiniciar o bombeamento de água necessário para resfriar o núcleo dos reatores, as autoridades mostravam-se otimistas após a operação. Nos dias anteriores, tentativas de resfriar os reatores com água do mar, despejada de helicópteros e caminhões-pipa cujos resultados pareceram limitados.
De acordo com a empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), o reator número 2 preocupa porque ele fica em um edifício que permanece com o teto intacto. Por isso, não pode ser resfriado por água jogada de helicópteros.
O sistema de resfriamento dos reatores da usina foi danificado durante o terremoto de magnitude 9 que atingiu o país no último dia 11, mergulhando o país em uma crise nuclear.
Pressionado pela população e pela comunidade internacional a dar informações mais precisas sobre a crise nuclear, o governo do Japão admitiu ontem que poderia ter reagido mais rapidamente à situação de emergência em Fukushima. O porta-voz do governo, Yukio Edano, afirmou em uma entrevista coletiva que os planos de contingência não conseguiram antecipar a escala do desastre.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, reuniu-se em Tóquio com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), Yukiya Amano, também japonês, que manifestara preocupação com a falta de informações sobre o ocorrido em Fukushima.
Amano afirmou que a comunidade internacional precisava de "um volume maior de informações corretas mais rapidamente" e acrescentou que algumas informações específicas divulgadas pelo Japão estavam "erradas". "Prometo que nós divulgaremos o máximo de informações possível (sobre a usina) para a AIEA, assim como para a população do mundo", disse Kan a jornalistas, antes do encontro com Amano, segundo a agência Kyodo.
Amano afirmou também que uma equipe da agência será deslocada "em alguns dias" para a área da usina, para monitorar os níveis de radiação no local.
Situação grave. Amano disse a jornalistas em Tóquio que a agência está muito preocupada com a situação na usina nuclear de Fukushima, mas, apesar de grave, a situação na central atômica não piorou significativamente nas últimas 24 horas. "Acreditamos que o acidente é grave e um alto nível de radioatividade foi observado perto da usina", disse Amano, acrescentando, porém, que Tóquio e outras grandes cidades japonesas não receberam resíduos radioativos em quantidade suficiente para causar danos à saúde.
Medida de destruição
5 é o grau da escala internacional de risco de acidentes nucleares para o qual foi classificado o incidente de Fukushima. A escala vai até grau 7, onde enquadra o acidente de Chernobyl.
9 foi o grau na escala Richter do terremoto do dia 11/03/11, que causou um tsunami de até 10 metros de altura. A escala é aberta, mas o tremor mais violento teve 9,5 graus, em 1960, no Chile. (OESP)

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