sexta-feira, 18 de março de 2011

Fukushima revive pesadelo de Chernobyl

Acidente de Fukushima revive pesadelo ucraniano de Chernobyl
Ninguém melhor que os ucranianos para compreender o alerta causado pelo acidente na usina nuclear japonesa de Fukushima: no dia 26 de abril, o pesadelo de Chernobyl completa 25 anos, considerado a maior catástrofe na história do uso pacífico da energia atômica.
Às 1h24 de 26 de abril de 1986 duas explosões no reator número 4 da central de Chernobyl marcaram a história da energia atômica.
A central, cuja falha foi provocada por uma cadeia de erros humanos, técnicos e de construção, lançou à atmosfera até 200 toneladas de material com uma radioatividade equivalente a 100 e 500 bombas atômicas como a que foi lançada sobre Hiroshima.
Atualmente, cerca 5 milhões de pessoas vivem em territórios que foram contaminados pela explosão no quarto reator da usina nuclear de Chernobyl; quase a totalidade deles, 85%, em zonas de baixa contaminação.
De acordo com ICRIN, uma rede internacional de informação sobre Chernobyl financiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 200 mil pessoas vivem em regiões de alta contaminação, tanto no território da Ucrânia, como na vizinha Belarus.
Inclusive existem pessoas que residem nos chamados "lugares de exclusão", junto à usina, declarados por lei como zonas inabitáveis. Em quase todos os casos, se trata de idosos que se negaram a evacuar.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde da Ucrânia, cerca de 5 milhões de pessoas foram desalojadas em maior ou menor escala pela radiação que liberou a catástrofe de Chernobyl.
O último relatório de um grupo de especialistas da ONU sobre o desastre de Chernobyl, apresentado em Viena no dia 28 de fevereiro, limita a 62 o número de mortes atribuíveis ao acidente nuclear e constata a dificuldade para estabelecer os efeitos da radiação na saúde das pessoas.
De acordo com o documento, isso obedece à falta de dados sobre as consequências que a radiação de baixa intensidade pode ter na saúde.
No entanto, as autoridades ucranianas sustentam que a catástrofe pode ter sido a causa de dezenas de milhares de mortes.
Enquanto, na usina de Chernobyl, fechada em dezembro de 2000, continua a construção de uma nova proteção sobre o reator causador do desastre, já que a anterior, construída nos meses seguintes ao acidente, apresenta fendas, com o conseguinte risco de vazamento significativos de radiação.
Segundo o projeto, a construção, denominada "novo sarcófago seguro", terá formato de arco, com uma altura de 108 metros e uma largura de 150 metros e cobrirá totalmente o anterior.
A equipe tecnológica incluirá zonas de desativação, fragmentação e empacotamento, compartimentos de saúde e oficinas, entre outros setores, e o sarcófago, com um período de vida útil de cem anos, contará com sistemas de controle de segurança de última geração.
A Ucrânia propõe desativar totalmente a usina e o território adjacente para o ano 2018, e enterrar para sempre com ajuda da companhia americana Holtec International as 200 toneladas de combustível nuclear que estão na central.
Mas nem a catástrofe de Chernobyl nem os acidentes no Japão modificarão a aposta das autoridades ucranianas para a energia nuclear.
"Não há uma alternativa factível ao emprego da energia atômica", declarou o primeiro-ministro ucraniano, Nikolai Azárov, que ressaltou que "só os países ricos podem discutir o fechamento das usinas nucleares".
Energoatom, a estatal ucraniana que administra as usinas nucleares do país, anunciou nesta semana que redobrará as medidas em todas suas usinas.
"Devemos tirar lições da situação que se criou nas usinas nucleares japonesas devido ao terremoto. Não excluímos a necessidade de modificar algumas prioridades nos programa para aumentar a segurança das usinas ucranianas", declarou o presidente de Energoatom, Yuri Nedashovski. (noticias.terra)

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