Risco no Japão deve influenciar decisão brasileira de instalar usinas atômicas
Até meados do ano, a Eletronuclear deverá apresentar ao governo federal um atlas avaliando os locais mais convenientes para instalação de usinas atômicas no país. No plano de abastecimento do país até 2030, estão previstas quatro centrais, cada uma com capacidade de 1 mil megawatts (MW), além da construção de Angra 3.
Diante do risco de desastre no Japão, onde ocorreram três explosões na central de Fukushima 1, a comunidade de energia nuclear brasileira está alerta, por saber que o futuro do programa nacional depende do sucesso da tentativa de evitar acidente semelhante ao de Chernobyl.
— Qualquer decisão vai depender de como a engenharia nuclear vai responder a essa situação de um evento extremo — avalia Francisco Rondinelli, vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Nuclear.
Conforme informações da Eletronuclear, a primeira etapa de estudos havia apontado as margens do Rio São Francisco como a melhor localização, mas o governo determinou a ampliação da análise de quatro Estados – Alagoas, Sergipe, Bahia e Pernambuco – para todo o país. Caso o cronograma seja cumprido, a primeira das usinas poderá operar até meados de 2020.
— Do ponto de vista de segurança nuclear, não há razão para se rever a implantação das usinas. No Japão, houve uma circunstância única, e se vê que muitas usinas em áreas abaladas resistiram e continuam operando — diz Laércio Vinhas, diretor de radioproteção e segurança nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Se o Japão tem poucas opções de geração, não é o caso do Brasil. Por que, então, implantar mais usinas nucleares no país? Há dois motivos básicos, para os especialistas: aumentar a segurança energética com uma fonte térmica com alta capacidade, sem emissão de gases de efeito estufa, e usar a reserva nacional de urânio, sexta maior do mundo, em menos de um terço do território prospectado.
Rondinelli argumenta que o risco da alta dependência brasileira de energia hidrelétrica é a repetição do racionamento de 2001 – provocado por anos de chuva escassa e falta de planejamento. Responsável pelas negociações que autorizaram o Brasil a enriquecer urânio a menos de 20%, Vinhas afirma que as tratativas foram semelhantes às da venda de um carro:
— As agências querem ter acesso maior, e queremos limitá-lo para preservar nossos segredos tecnológicos. (noticiasagricolas)
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