Fontes renováveis de energia terão forte crescimento até 2035, mas óleo
continuará sendo líder.
Aposta: Casco da
primeira sonda do pré-sal. Especialistas destacam que Brasil tem grande
potencial para investir em fontes mais limpas.
Enquanto o Brasil
faz investimentos bilionários no pré-sal e os Estados Unidos avançam a passos
largos na exploração do shale gas (gás não convencional) a matriz energética
mundial tende a ficar mais limpa nos próximos 20 anos. Mas, apesar do forte
avanço das fontes renováveis, como eólica e solar, especialistas do setor
acreditam que o petróleo vai continuar como a principal fonte energética do
mundo, ainda por muitos anos.
De acordo com o
relatório “World energy outlook 2013", que a Agência Internacional de
Energia (IEA, na sigla em inglês) distribui de forma reservada, a participação
das fontes renováveis vai pular dos 13% na matriz energética mundial em 2011
para quase 18% em 2035. O gás também ganha destaque: subirá de 21,3% para
23,69%. No mesmo período, a fatia do petróleo vai cair dos atuais 31% para 27%,
o que lhe garante ainda a liderança isolada.
‘A era do petróleo
não acabou’
O chefe da Divisão
da Indústria de Petróleo e Mercados da Oil Market Report, publicação da IEA,
Antoine Halff, e que participou da elaboração do relatório de 2013, destaca
que, apesar do forte crescimento das renováveis, o petróleo “é absolutamente
indispensável" para atender à demanda por combustíveis e o crescimento
econômico mundial. A expectativa é que até 2035 sejam necessários pelo menos 14
milhões de barris diários a mais.
- A demanda por
petróleo vai realmente ficar muito forte. Apesar disso, o petróleo vai ficar
mais difícil e caro de produzir, mesmo com os avanços na tecnologia. A era do
petróleo não acabou. O que não faria sentido, dadas as nossas necessidades
energéticas futuras, seria não investir em petróleo agora — afirmou Halff.
A alta no consumo
por petróleo será puxada pelas economias emergentes, como China e Índia, que
vão responder por cerca de 75% do aumento da demanda até 2035, segundo análise
da E&Y (ex-Ernest & Young).
- A demanda por
energia vai crescer. É isso que impulsiona o avanço das renováveis e do gás dos
EUA. Mas há a questão da distribuição do gás, que é cara, e a falta de escala
das renováveis — diz Alexandre Rangel, sócio em consultoria do Centro de
Energia e Recursos Naturais da EY.
Segundo os cenários
da IEA, a geração de energia eólica e solar vai crescer quase 460% até 2035. A
geração hidrelétrica terá avanço de 67% no período, seguida da biomassa, com
alta de 42%. Já a energia nuclear crescerá 66%, passando de 5,16% da matriz
para 6,44% em 2035.
- O mundo caminha
para uma transição para fontes renováveis, mas é impossível diminuir o ritmo do
consumo de petróleo tão rapidamente. Não tem como retirar o petróleo, gás e
carvão, senão voltaríamos à idade das cavernas — disse Milton Costa, secretário
executivo do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP).
‘Shale’: êxito
difícil de repetir
Para José de Sá,
sócio da Bain & Company, com tantas fontes de energia competindo, é
imperativo para o Brasil aumentar sua produtividade para reduzir o custo de
exploração no pré-sal.
- É importante ser
extremamente competitivo. Mas o Brasil faz certo em explorar o pré-sal, pois é o
que está na mesa. O país ainda não está inserido no mundo do gás
não-convencional e começa agora a entender as suas reservas. O sucesso do shale
gas nos EUA dificilmente vai se repetir em outros países na mesma proporção. E
as renováveis, como a eólica e a solar, só terão preços competitivos em relação
ao gás na geração de energia elétrica na próxima década — diz Sá.
A economista Paula
Barbosa, especialista em petróleo e gás, lembra que fontes como eólica e solar
"não garantem geração contínua de energia":
- A Petrobras tem
que investir na produção do petróleo. É a nossa maior riqueza. O mundo ainda
vai levar muito tempo para se tornar independente do petróleo, porque, além de
ser fonte de energia primária, tem todo o desenvolvimento petroquímico, cujos
produtos ainda não encontraram substitutos.
Segundo ela, mesmo
com os EUA se tornando exportadores após 2017, os preços do petróleo não tendem
a cair, com a alta na demanda. Segundo o Outlook 2035, da petroleira BP, o
consumo de energia total no mundo deve aumentar 1,5% ao ano, em média, nos
próximos 20 anos. (oglobo)
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