quarta-feira, 2 de abril de 2014

CPFL renováveis se une à DESA

CPFL renováveis se une à DESA e quadruplica capacidade de geração
Empresa resultante da fusão nasce com capacidade de geração de 1,5 mil MW, mas com projetos em desenvolvimento poderá chegar a 6,3 mil MW; embora o negócio não tenha envolvido dinheiro, a CPFL vai absorver R$ 850 milhões em dívidas da Desa.
Em mais um sinal do clima de efervescência dos negócios no segmento de energia renovável no Brasil, a CPFL Renováveis, subsidiária da CPFL Energia para fontes alternativas, e a Dobrevê Energia (Desa) anunciaram um acordo ontem para unir suas operações. A nova CPFL Renováveis nasce com uma capacidade de geração de 1,56 mil megawatts (MW), consolidando a liderança da CPFL Energia no setor, e com um portfólio de projetos em fase de desenvolvimento de 6,36 mil MW, capaz de quadruplicar o tamanho da elétrica.
Desde 2011, os donos do grupo Dobrevê estavam em busca de um sócio estratégico para o negócio de energia. A principal acionista é a família Weege, dona da malharia catarinense Malwee. Em 2009, a Desa ganhou um reforço com a chegada dos controladores da Natura, que compraram uma participação de 21% por meio da gestora de recursos Pragma.
Nos últimos dois anos, a Desa chegou a ser cobiçada por empresas como AES, Energisa e EDF, mas as conversas não foram adiante.
A negociação com a CPFL Renováveis começou há algum tempo, mas ainda não havia evoluído para a etapa de due diligence (investigação e auditoria de informações) até o anúncio feito ontem, Segundo o presidente da CPFL Renováveis, André Dorf, as duas companhias decidiram antecipar o anúncio da fusão com medo de que o negócio vazasse no mercado. "Seria muito difícil segurar essa informação e, por isso, preferimos antecipar o anúncio público. O lado positivo é que ganhamos tempo para discutir o negócio com as autoridades", justifica o executivo.
Pelos termos da operação, a CPFL Renováveis promoverá um aumento de capital de R$ 200 milhões, cujas ações serão subscritas pelos controladores da Desa. Concluída essa etapa, os acionistas da Desa deterão 12,63% da CPFL Renováveis e poderão indicar um membro do conselho de administração, enquanto a fatia da CPFL Energia na companhia cairá dos atuais 58,84% para 51,41%. Os demais sócios, como o fundo de pensão Previ, terão a participação diluída.
"Essa transação resulta na combinação de 72 ativos de geração, que somam 2,1 mil MW de capacidade instalada contratada", diz Dorf. A capacidade citada pelo executivo é a previsão do tamanho da empresa em 2018, que abrange projetos com a energia já vendida. Também considera a entrada em operação das usinas em construção pela Desa (53,2 MW) e pela CPFL Renováveis (503,5 MW).
Embora o negócio não envolva dinheiro entre as duas partes, Dorf explicou que a CPFL Renováveis vai absorver R$ 850 milhões em dívidas da Desa. Em tese, isso pressionaria ainda o nível de alavancagem da empresa, que no fim do terceiro trimestre de 2013 estava em 7,1 vezes. O executivo, porém, garantiu que o negócio não terá esse efeito. Segundo ele, a incorporação da Desa também vai adicionar nova geração de caixa de suas usinas. Além disso, dois novos projetos eólicos da CPFL Renováveis entrarão em operação ainda em 2014.
Ganhos
A fusão das operações abre espaço para ganhos de escala, fortalecendo a CPFL Renováveis nas negociações com fornecedores de equipamentos e também nas discussões para captação de financiamentos. O executivo afirmou que as usinas da CPFL Renováveis e da Desa estão localizadas em regiões próximas, o que pode facilitar a integração dos dois ativos. “Isso será conhecido após a due dilligence.”
Para ser concluída, a operação ainda depende da aprovação da Agência Nacioanal de Energia Elétrica, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e de determinados credores da DESA e da WF2 9 fundo de investimento que controla a DESA). Além disso, as empresas terão de aguardar o resultado das auditorias 9 legal, contábil e financeira, de engenharia e ambiental).
A empresa da CPFL Energia tem sido uma das consolidadoras no segmento de geração de energias renováveis no País. A companhia nasceu em 2011 com a incorporação da Ersa, que tinha entre os sócios os bancos Bradesco e BTG e o fundo Pátria. (OESP)

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