CPFL renováveis se une à DESA e quadruplica capacidade de
geração
Empresa resultante da fusão nasce com capacidade de geração de 1,5 mil
MW, mas com projetos em desenvolvimento poderá chegar a 6,3 mil MW; embora o
negócio não tenha envolvido dinheiro, a CPFL vai absorver R$ 850 milhões em
dívidas da Desa.
Em mais um sinal do clima de efervescência dos negócios no
segmento de energia renovável no Brasil, a CPFL Renováveis, subsidiária da CPFL
Energia para fontes alternativas, e a Dobrevê Energia (Desa) anunciaram um acordo
ontem para unir suas operações. A nova CPFL Renováveis nasce com uma capacidade
de geração de 1,56 mil megawatts (MW), consolidando a liderança da CPFL Energia
no setor, e com um portfólio de projetos em fase de desenvolvimento de 6,36 mil
MW, capaz de quadruplicar o tamanho da elétrica.
Desde 2011, os donos do grupo Dobrevê estavam em busca de um
sócio estratégico para o negócio de energia. A principal acionista é a família
Weege, dona da malharia catarinense Malwee. Em 2009, a Desa ganhou um reforço
com a chegada dos controladores da Natura, que compraram uma participação de
21% por meio da gestora de recursos Pragma.
Nos últimos dois anos, a Desa chegou a ser cobiçada por
empresas como AES, Energisa e EDF, mas as conversas não foram adiante.
A negociação com a CPFL Renováveis começou há algum tempo,
mas ainda não havia evoluído para a etapa de due diligence (investigação e
auditoria de informações) até o anúncio feito ontem, Segundo o presidente da
CPFL Renováveis, André Dorf, as duas companhias decidiram antecipar o anúncio
da fusão com medo de que o negócio vazasse no mercado. "Seria muito
difícil segurar essa informação e, por isso, preferimos antecipar o anúncio
público. O lado positivo é que ganhamos tempo para discutir o negócio com as autoridades",
justifica o executivo.
Pelos termos da operação, a CPFL Renováveis promoverá um
aumento de capital de R$ 200 milhões, cujas ações serão subscritas pelos
controladores da Desa. Concluída essa etapa, os acionistas da Desa deterão
12,63% da CPFL Renováveis e poderão indicar um membro do conselho de
administração, enquanto a fatia da CPFL Energia na companhia cairá dos atuais
58,84% para 51,41%. Os demais sócios, como o fundo de pensão Previ, terão a
participação diluída.
"Essa transação resulta na combinação de 72 ativos de
geração, que somam 2,1 mil MW de capacidade instalada contratada", diz
Dorf. A capacidade citada pelo executivo é a previsão do tamanho da empresa em
2018, que abrange projetos com a energia já vendida. Também considera a entrada
em operação das usinas em construção pela Desa (53,2 MW) e pela CPFL Renováveis
(503,5 MW).
Embora o negócio não envolva dinheiro entre as duas partes,
Dorf explicou que a CPFL Renováveis vai absorver R$ 850 milhões em dívidas da
Desa. Em tese, isso pressionaria ainda o nível de alavancagem da empresa, que
no fim do terceiro trimestre de 2013 estava em 7,1 vezes. O executivo, porém,
garantiu que o negócio não terá esse efeito. Segundo ele, a incorporação da
Desa também vai adicionar nova geração de caixa de suas usinas. Além disso,
dois novos projetos eólicos da CPFL Renováveis entrarão em operação ainda em
2014.
Ganhos
A fusão das operações abre espaço para ganhos de escala,
fortalecendo a CPFL Renováveis nas negociações com fornecedores de equipamentos
e também nas discussões para captação de financiamentos. O executivo afirmou
que as usinas da CPFL Renováveis e da Desa estão localizadas em regiões
próximas, o que pode facilitar a integração dos dois ativos. “Isso será
conhecido após a due dilligence.”
Para ser concluída, a operação ainda depende da aprovação da
Agência Nacioanal de Energia Elétrica, do Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade) e de determinados credores da DESA e da WF2 9 fundo de
investimento que controla a DESA). Além disso, as empresas terão de aguardar o
resultado das auditorias 9 legal, contábil e financeira, de engenharia e
ambiental).
A empresa da CPFL Energia tem sido uma das consolidadoras no
segmento de geração de energias renováveis no País. A companhia nasceu em 2011
com a incorporação da Ersa, que tinha entre os sócios os bancos Bradesco e BTG
e o fundo Pátria. (OESP)
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