terça-feira, 8 de abril de 2014

FMI pede fim do subsídio aos combustíveis fósseis

Dinheiro tem efeito adverso sobre finanças públicas e crescimento econômico
Primeiro, na década de 1970, foram os ambientalistas na vanguarda, pedindo que o mundo parasse de consumir combustíveis fósseis. Depois, chegaram as ONGs, mais organizadas e poderosas, e milhares de economistas não ortodoxos e acadêmicos de outras disciplinas. Mais contemporaneamente, a opinião se disseminou como um mantra, quando se descobriu que o mundo se encontra à beira de uma catástrofe devido aos gases estufa emitidos pela queima destes produtos. Agora, uma sólida instituição conservadora afirma que o consumo interfere nas finanças públicas, no crescimento econômico, na igualdade e no ambiente. O FMI pediu ontem o fim dos subsídios, principalmente ao petróleo, que são da impressionante ordem de U$ 1.9 trilhões globalmente, por ano.
Um estudo da organização estima que o apoio a produtos que vão do carvão ao petróleo se igualam a cerca de 2.5% do PIB mundial e mostra que 20 países mantém subsídios à energia que excedem 5% de seus PIBs.
“Para alguns países, o peso fiscal dos subsídios está ficando tão grande que déficits orçamentários estão se tornando inadministráveis, ameaçando a estabilidade da economia,” disse David Lipton, diretor do FMI, no lançamento do relatório, em Washington. “A remoção dos subsídios pode ajudar a prolongar a disponibilidade de recursos de energia não renovável e fortalecer iniciativas para pesquisa e desenvolvimento de economia de energia e tecnologias alternativas.”
O FMI mostra que metade dos subsídios aos combustíveis fósseis ocorrem em países da OCDE. Os EUA, com U$ 500 bilhões anuais, respondem por mais de um quarto de todos os subsídios globais. A China vem em seguida, com quase U$ 300 bilhões, e Rússia, com U$ 115 bilhões. Mas Lipton advertiu que o efeito pode ser mais severo em economias emergentes, onde escassos recursos governamentais gastos com subsídios permanecem como impedimento ao crescimento e fundamentalmente prejudicam seu futuro.
“Por causa dos preços baixos, há pouco investimento em infraestrutura necessária,” disse ele. “Gasta-se mais do que com saúde pública e educação, minando o desenvolvimento do capital humano.”
A instituição estima que as emissões de gases estufa cairiam em 2% se todos os subsídios diretos fossem eliminados. O difícil é fazer isto sem prejudicar os consumidores pobres.
O Washington Post comenta que a sugestão do FMI é de complicada implantação: “EUA e Rússia estão longe de considerar um imposto sobre o carbono, e a China se debate com adoção de um esquema de precificação do carbono extremamente modesto.” O FMI nota que os subsídios diretos têm de ser eliminados lentamente e serem acompanhados por medidas que mitiguem o impacto sobre os pobres. (planetasustentavel)

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