Pouco eficientes, carros brasileiros tem
tecnologia defasada
Greenpeace inicia
campanha para que Volkswagen, Fiat e Chevrolet produzam veículos mais
eficientes – como já fazem em outros mercados – e invistam em carros elétricos.
Enquanto produzem
carros mais limpos e eficientes em outros países, montadoras fazem veículos com
tecnologia velha no Brasil.
O Greenpeace
apresentou hoje, em São Paulo, o ‘lançamento do ano’: um carro da Idade da
Pedra. Com uma tenda da Volkswagen, Fiat e Chevrolet – as montadoras que mais
vendem carros no país –, ativistas vestidos com roupas daquela época convidavam
pedestres a fazer um test drive. A sátira fazia parte do lançamento de uma
campanha desafiando as empresas a adotarem tecnologia mais moderna em seus
carros, para que eles consumam menos combustível e emitam menos gases de efeito
estufa.
“A União Europeia, os
Estados Unidos e vários outros países estão muito mais avançados nas discussões
sobre eletromobilidade e já adotaram metas ousadas de eficiência energética
para seus veículos. Estamos ficando para trás nessa corrida, colocando nas ruas
carros que têm design atual, mas que ainda gasta muito combustível e contribuem
largamente para o aquecimento global”, diz Iran Magno, coordenador da campanha
de Clima e Energia do Greenpeace.
Na última semana, o
estudo “Eficiência Energética e Emissão de Gases de Efeito Estufa”, feito pela
Coppe/UFRJ em parceria com o Greenpeace, foi divulgado mostrando que as
emissões de CO2 dos veículos brasileiros podem reduzir. Segundo os
dados, caso as montadoras nacionais seguissem as mesmas metas de eficiência
energética europeias, chegaríamos em 2030 com emissões mais baixas que as de
hoje, mesmo que a frota de veículos do país dobre, como é estimado.
“Se por um lado
precisamos que os governos ofereçam um sistema de transporte público muito
melhor que o atual, a indústria de automóveis também precisa tomar medidas para
amenizar sua contribuição ao aquecimento global”, diz Magno. “Fiat, Volkswagen
e Chevrolet, que detêm 61% do mercado brasileiro de automóveis, já estão
produzindo carros mais limpos e eficientes em outros países. Portanto, um
alinhamento tecnológico para os veículos produzidos no país é imprescindível.
Está na hora de oferecer o mesmo para os consumidores brasileiros, que
colocaram o país entre os quatro maiores mercados de carros do mundo”.
O setor de
transportes se tornou um dos maiores emissores de gases estufa no Brasil. De
1990 a 2012, segundo o Observatório do Clima, o salto de suas emissões foi de
143%, e continua aumentando. A tendência é global: no domingo, o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgou relatório mostrando
que, se nada for feito, as emissões do setor são as que mais crescerão,
superando todas as outras fontes, até 2050.
Os cientistas sugerem
que a indústria de veículos adote tecnologias de baixo carbono, melhorando a
eficiência energética de seus carros e abrindo caminho para a eletromobilidade.
“O que estamos pedindo para as companhias é exatamente o que recomendam os
cientistas. O Brasil é uma das maiores economias globais e temos todas as
condições de avançar muito mais nessas questões”, diz Magno.
A proposta do
Greenpeace é que a indústria brasileira se comprometa com as mesmas metas de
eficiência energética da União Europeia, até 2021. Isso significa aumentar em
41% a eficiência de seus carros, tomando como base as taxas de 2011. Além
disso, a organização também pede que haja mais investimentos em pesquisa e
desenvolvimento de tecnologia para carros elétricos. No site www.ocarroqueeuquero.org.br, lançado hoje pelo Greenpeace, os consumidores podem enviar mensagens
às empresas pedindo essas mudanças. (ecodebate)
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