segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Metrópoles são mais vulneráveis a efeito dominó

O conceito de vulnerabilidade sistêmica, que surgiu com a globalização dos sistemas financeiros e a ameaça de que uma simples falha pudesse causar pane mundial, tem sido adotada por urbanistas nas grandes metrópoles. Assim como nos computadores interligados dos operadores, as redes de infraestrutura urbana, interdependentes, estão cada vez mais sujeitas ao efeito dominó a partir de uma única ruptura no sistema até o seu colapso.
"Qualquer sistema sofre ruptura mais cedo ou mais tarde. Então, tentamos minimizar os efeitos", diz o economista Ladislau Dowbor. É mais ou menos como acontece nas metrópoles sujeitas a desastres naturais, como a Cidade do México, em uma região abalada por terremotos. Diante da ameaça, procura-se criar mecanismos que permitam expor a população ao menor risco possível e garantir a rápida recuperação da infraestrutura atingida por um desastre iminente.
São Paulo não está preparada para emergências, na opinião do urbanista Kazuo Nakano, do Instituto Polis. "Temos de avançar muito na gestão dos riscos. O monitoramento da capital e região metropolitana é muito frágil. A gente mal consegue fazer o básico, que é o controle da expansão urbana que segue sem planejamento e à margem das leis", diz.
Para Nakano, a gestão da metrópole é desarticulada. "O cadastro de imóveis está na Secretaria de Planejamento, a rede elétrica na Eletropaulo e de saneamento na Sabesp. Mas não há um mapa unificado da infraestrutura e ninguém que pense todo o sistema", critica. Ele também vê falhas nas subprefeituras. "A manutenção da cidade é atribuição do subprefeito, também fundamentais no gerenciamento de risco porque conhecem melhor cada região e podem acessar os locais mais facilmente em emergências."
Números:
25 cidades da Grande São Paulo ficaram sem fornecimento de energia elétrica a partir das 22h13min de 10/11/09.
16,5 milhões de pessoas foram afetadas pela falta de eletricidade só na região metropolitana de São Paulo.
7 milhões de moradores amanheceram em 11/11/09 sem água em casa, por falta de luz.
182 centros de distribuição na Grande São Paulo dependem da eletricidade para bombear água para 32.000 quilômetros de tubulações.

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