Sistema 'smart grid' usa sensores para monitorar fluxo de transmissão de eletricidade em cada ponto da rede.
Apesar da explicação oficial, de que o apagão da noite de terça-feira foi causado por "descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes" na região de Itaberá, interior de São Paulo, existem muitas dúvidas sobre o que realmente ocorreu. Cerca de 70 milhões de brasileiros, em 18 Estados, ficaram no escuro por várias horas porque a rede elétrica não tem ainda os controles adequados. Mas isso deve mudar nos próximos anos.
Um novo conceito, chamado de rede inteligente, promete dotar a infraestrutura elétrica de controles e sensores capazes de identificar problemas no momento em que ocorrem. Com isso, será possível isolá-los e consertá-los mais rapidamente, minimizando seus efeitos. Também será possível direcionar a energia para rotas alternativas, no caso de falhas em trechos da rede.
Se a rede fosse inteligente, o impacto do apagão poderia ser menor. Fora do Brasil, as empresas elétricas têm adotado cada vez mais a rede inteligente, que promove economia de energia, torna o serviço mais resistente a falhas e permite oferecer planos de serviço diferenciados para o consumidor, como ocorre na telefonia.
"Com mais sensores na rede, as distribuidoras teriam visão melhor do que estava acontecendo na rede de transmissão e o impacto não seria tão grande", explicou Elton Tiepolo, executivo da IBM Brasil. "Com a tecnologia de smart grid (rede inteligente), seria possível, por exemplo, definir que uma região com muitos hospitais seria a última a ser afetada.
"Com a nova tecnologia, seria possível ter o registro, segundo a segundo, de como a energia deixou de ser transmitida, sendo possível determinar o ponto exato do problema.
Nos Estados Unidos, o governo Barack Obama destinou US$ 5 bilhões para projetos nessa área. Lá, a grande preocupação é a segurança da rede. O sistema elétrico americano é mais regionalizado, e a ideia é criar mais conexões entre essas infraestruturas regionais para garantir que o fornecimento não pare, por exemplo, no caso de ataques terroristas. "Comparado com o sistema brasileiro, o americano é muito menos conectado", disse Tiepolo.
No Brasil, a discussão entre as empresas e o governo ainda está no começo. A tecnologia inclui o conceito de geração distribuída, em que empresas (e até consumidores) que produzem energia, com geradores ou painéis solares, por exemplo, conseguem fornecer eletricidade ao sistema. "A rede elétrica inteligente tem mecanismos para se autobalancear", disse Maurício Torres, analista de Marketing de Utilities da Imagem, empresa de geotecnologia.
As soluções de smart grid permitem a criação de pacotes diferenciados de energia elétrica, a exemplo da telefonia. Seria possível oferecer descontos para os consumidores que não ligassem o chuveiro no horário de pico. Ou para quem concentrasse a maior parte do consumo na madrugada. Seria possível criar até pacotes pré-pagos. "O cliente terá uma cobrança mais justa", disse Torres.
Até agora, a discussão sobre a rede inteligente no Brasil esteve focada no combate à fraude. Os medidores eletrônicos de eletricidade poderiam acabar com os "gatos", as ligações clandestinas. Esse sistema de telemetria também acabaria com a necessidade de a distribuidora mandar um funcionário ler o medidor uma vez por mês.
As redes de transmissão de energia já possuem feixes de fibra óptica instaladas nos cabos OPGW (sigla em inglês de Optical Ground Wire), que funcionam como para-raios. Esses cabos já são usados para monitorar a rede, mas ainda sem a precisão que os modernos sistemas de smart grid permitem.
Para a rede de distribuição, uma tecnologia chamada de Powerline Communications (PLC) ou Broadband Over Power Lines (BPL) permite transmitir dados pela própria rede metálica. Esse sistema também possibilita a oferta de acesso rápido à internet para o consumidor, via tomada. O regulamento para o serviço foi aprovado este ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas ainda não há oferta comercial.
Nos EUA, o BPL não conseguiu alcançar sucesso, sendo visto mais como uma solução de acesso para áreas rurais. A Eletropaulo Telecom instalou o sistema em 300 prédios nos bairros de Cerqueira César, Pinheiros e Moema, em São Paulo. No piloto feito pela empresa, com 150 apartamentos, a velocidade conseguida foi de 10 megabits por segundo (Mbps). A companhia não planeja oferecer o serviço ao cliente final.
Apesar da explicação oficial, de que o apagão da noite de terça-feira foi causado por "descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes" na região de Itaberá, interior de São Paulo, existem muitas dúvidas sobre o que realmente ocorreu. Cerca de 70 milhões de brasileiros, em 18 Estados, ficaram no escuro por várias horas porque a rede elétrica não tem ainda os controles adequados. Mas isso deve mudar nos próximos anos.
Um novo conceito, chamado de rede inteligente, promete dotar a infraestrutura elétrica de controles e sensores capazes de identificar problemas no momento em que ocorrem. Com isso, será possível isolá-los e consertá-los mais rapidamente, minimizando seus efeitos. Também será possível direcionar a energia para rotas alternativas, no caso de falhas em trechos da rede.
Se a rede fosse inteligente, o impacto do apagão poderia ser menor. Fora do Brasil, as empresas elétricas têm adotado cada vez mais a rede inteligente, que promove economia de energia, torna o serviço mais resistente a falhas e permite oferecer planos de serviço diferenciados para o consumidor, como ocorre na telefonia.
"Com mais sensores na rede, as distribuidoras teriam visão melhor do que estava acontecendo na rede de transmissão e o impacto não seria tão grande", explicou Elton Tiepolo, executivo da IBM Brasil. "Com a tecnologia de smart grid (rede inteligente), seria possível, por exemplo, definir que uma região com muitos hospitais seria a última a ser afetada.
"Com a nova tecnologia, seria possível ter o registro, segundo a segundo, de como a energia deixou de ser transmitida, sendo possível determinar o ponto exato do problema.
Nos Estados Unidos, o governo Barack Obama destinou US$ 5 bilhões para projetos nessa área. Lá, a grande preocupação é a segurança da rede. O sistema elétrico americano é mais regionalizado, e a ideia é criar mais conexões entre essas infraestruturas regionais para garantir que o fornecimento não pare, por exemplo, no caso de ataques terroristas. "Comparado com o sistema brasileiro, o americano é muito menos conectado", disse Tiepolo.
No Brasil, a discussão entre as empresas e o governo ainda está no começo. A tecnologia inclui o conceito de geração distribuída, em que empresas (e até consumidores) que produzem energia, com geradores ou painéis solares, por exemplo, conseguem fornecer eletricidade ao sistema. "A rede elétrica inteligente tem mecanismos para se autobalancear", disse Maurício Torres, analista de Marketing de Utilities da Imagem, empresa de geotecnologia.
As soluções de smart grid permitem a criação de pacotes diferenciados de energia elétrica, a exemplo da telefonia. Seria possível oferecer descontos para os consumidores que não ligassem o chuveiro no horário de pico. Ou para quem concentrasse a maior parte do consumo na madrugada. Seria possível criar até pacotes pré-pagos. "O cliente terá uma cobrança mais justa", disse Torres.
Até agora, a discussão sobre a rede inteligente no Brasil esteve focada no combate à fraude. Os medidores eletrônicos de eletricidade poderiam acabar com os "gatos", as ligações clandestinas. Esse sistema de telemetria também acabaria com a necessidade de a distribuidora mandar um funcionário ler o medidor uma vez por mês.
As redes de transmissão de energia já possuem feixes de fibra óptica instaladas nos cabos OPGW (sigla em inglês de Optical Ground Wire), que funcionam como para-raios. Esses cabos já são usados para monitorar a rede, mas ainda sem a precisão que os modernos sistemas de smart grid permitem.
Para a rede de distribuição, uma tecnologia chamada de Powerline Communications (PLC) ou Broadband Over Power Lines (BPL) permite transmitir dados pela própria rede metálica. Esse sistema também possibilita a oferta de acesso rápido à internet para o consumidor, via tomada. O regulamento para o serviço foi aprovado este ano pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas ainda não há oferta comercial.
Nos EUA, o BPL não conseguiu alcançar sucesso, sendo visto mais como uma solução de acesso para áreas rurais. A Eletropaulo Telecom instalou o sistema em 300 prédios nos bairros de Cerqueira César, Pinheiros e Moema, em São Paulo. No piloto feito pela empresa, com 150 apartamentos, a velocidade conseguida foi de 10 megabits por segundo (Mbps). A companhia não planeja oferecer o serviço ao cliente final.
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