Em 1999, a capacidade instalada de energia eólica no mundo não chegava a 15 GW (giga-watts). Dez anos depois, já era da ordem de 150 GW. As previsões da World Wind Energy Association (WWEA) indicam que daqui a dez anos ela será de 1.500 GW. A expansão do parque eólico mundial é impressionante. É a forma de produzir energia elétrica que mais cresce no mundo.
São inúmeras as razões para esse crescimento. Trata-se da mais barata fonte renovável de energia disponível nos países desenvolvidos. O mundo, ao contrário do Brasil, produz a maior parte da sua energia elétrica queimando carvão. O apelo ambiental por um desenvolvimento sustentável e pela redução das emissões de gases de efeito estufa aponta para a necessidade de uma mudança radical na nossa forma de produção de energia. A energia eólica apresenta-se como uma excelente alternativa.
Mesmo reconhecendo a importância da questão ambiental, a principal razão para a expansão da energia eólica é econômica. A volatilidade do preço do petróleo e a tendência de alta do preço do carvão apontam para um cenário onde a energia será mais cara. Neste contexto, a energia dos ventos fica ainda mais atrativa.
É importante notar, no entanto, que a energia eólica não será a solução definitiva para os nossos problemas energéticos. Ela é uma fonte complementar de energia. Como se sabe, não é possível armazenar energia na sua forma elétrica. Toda energia produzida tem que ser imediatamente consumida. A energia eólica produzida depende da velocidade dos ventos que variam ao longo do dia, dos meses e dos anos. De uma forma geral, toda usina eólica precisa de outra usina reserva para garantir o fornecimento de energia.
No Brasil, a capacidade eólica instalada é ainda muito pequena: 0,6 GW. Este quadro deve mudar com o leilão programado para dezembro deste ano. O governo pretende acrescentar 1 GW de capacidade eólica na nossa matriz energética. Tudo indica que haverá uma saudável competição. Estão inscritos, para esse leilão, mais de 13 GW de projetos. Assim, o consumidor terá acesso a uma energia eólica ao menor preço disponível no mercado brasileiro.
O caso brasileiro apresenta ainda outras particularidades. Temos disponível, ao contrário dos países desenvolvidos, um enorme potencial de energia hidráulica, igualmente renovável e muito mais barata que a energia eólica. A expansão do nosso sistema elétrico deve levar em consideração esta vantagem. Além disto, a complementaridade eólica em um sistema hidráulico é interessante: quando não tivermos vento, podemos usar a água.
As perspectivas da energia eólica no Brasil e no mundo são ótimas. O consumo de energia elétrica nos países em desenvolvimento vai continuar crescendo pelo menos nos próximos trinta anos. O potencial hidráulico brasileiro um dia vai acabar e é importante dominar as novas formas renováveis de produção de energia elétrica para diversificar a nossa matriz.
Atualmente, a melhor alternativa tecnológica é a eólica. Para que esta expansão ocorra com preços razoáveis, duas condições são indispensáveis. A primeira é a garantia da competição na entrada de novos produtores. A segunda é um planejamento de longo prazo que indique claramente aos potenciais produtores qual a parcela da matriz energética que deve permanecer renovável.
O Brasil precisa dessa energia e tem tempo para planejar a sua entrada. Quanto mais clara e previsível for a política energética adotada, menor será o impacto no bolso do consumidor. Cabe ao governo cumprir com a sua obrigação. (ambienteenergia)
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