segunda-feira, 30 de julho de 2012

Biocombustíveis e a emissão de gases

Biocombustíveis colocam o Brasil entre os menores emissores de CO2, confirma estudo da União Europeia
Estudo da União Europeia sobre emissões globais de CO² no uso de combustível fóssil e produção de cimento, publicado no dia 18 de julho, mostra que o Brasil está muito bem na foto e colhe os frutos do seu exitoso programa de biocombustível iniciado nos anos 1970 com o Proálcool e diversificado com a implantação do programa brasileiro de biodiesel, há cinco anos.
O relatório europeu foi elaborado com base em dados de consumo de energia de 2009 a 2011. As estimativas são também baseadas nos dados de produção de cimento, cal, amônia e aço, e sobre emissões por países, de 1970 a 2008. A avaliação exclui emissões de CO2 derivadas de desflorestamento e queimadas.
Os números brasileiros de emissão absoluta, per capita ou por unidade do PIB, são muito baixos. O Brasil tem uma das matrizes de energia mais limpas do planeta e se destaca no consumo de biocombustíveis, com volume próximo ao alcançado pelos 27 países da União Europeia. O Brasil consumiu de biocombustível (etanol e biodiesel), no uso de transporte terrestre, em 2011, 479.400 TJ. A União Europeia consumiu, no mesmo período, 555.120 TJ. Em termos per capita, o Brasil consumiu 2,44 TJ por habitante, mais que o dobro de 1,13 TJ registrada na União Europeia.
A explicação para esse bom resultado, além da existência do Proálcool, é que, desde meados dos anos 2000, temos o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Ao longo de cinco anos de mistura compulsória, a produção nacional de biodiesel cresceu a taxas próximas a 25% a.a., saindo de um total de 1,2 milhão de m³ em 2005 para 2,7 milhões de m³ em 2011. Ainda, segundo dados do Balanço Energético Nacional - BEN 2012, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética, atualmente o biodiesel representa cerca de 1% do consumo final de energia no Brasil, levando-se em consideração a obrigatoriedade da mistura de 5% de biodiesel a todo o diesel fóssil consumido internamente.
Sinalizando para a continuidade e expansão do PNPB, tem-se atualmente a perspectiva de elevações graduais dos percentuais dessa mistura até o teor de 10% em 2020, fato este que deverá contribuir ainda mais para a diminuição das emissões brasileiras de gases do efeito estufa.
Em relação às emissões de CO2 per capita, derivadas de uso de combustível fóssil e produção de cimento, o Brasil ocupa a antepenúltima posição em uma lista de 25 países. Os primeiros dez países que mais emitem CO2 per capita, segundo o estudo da União Europeia, são Austrália, EUA, Arábia Saudita, Canadá, Rússia, Coreia do Sul, Taiwan, Alemanha, Países Baixos e Japão.
O Brasil também tem boa classificação - 13º lugar - no ranking de 25 países no que diz respeito a emissões de CO² por país, derivadas de uso de combustível fóssil e produção de cimento, abaixo de China, EUA, UE (27 membros), Índia, Rússia, Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Canadá, Indonésia e Arábia Saudita.
Os cinco principais emissores de CO2 no uso de combustível fóssil e produção de cimento são China (participação de 29%), EUA (16%), UE (11%), Índia (6%), Rússia (5%) e Japão (4%).
As emissões de CO2 por parte dos países da OCDE agora respondem por um terço das emissões globais, a mesma participação da China e da Índia, onde as emissões aumentaram, respectivamente, 9% e 6%, em 2011.
Os biocombustíveis contribuem efetivamente para a redução da emissão de carbono, e o Brasil é um exemplo prático da chamada economia verde e suas externalidades positivas. (noticiasagricolas)

Helicóptero movido a bioquerosene

Com o objetivo de testar o bioquerosene em turbinas e monitorar áreas de plantios experimentais, como o de oleaginosas, o Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), em parceria com a BrasbioCombustiveis, instalará em Caetés, no agreste pernambucano, um helicóptero movido a bioquerosene de palmáceas. A previsão é que a aeronave faça seu primeiro sobrevoo no início de agosto.
Com 1,60 m de comprimento, o helicóptero terá autonomia de 40 minutos e fará quatro voos diários com o objetivo de testar o desempenho do biocombustível de aviação e fornecer aos pesquisadores fotos e vídeos que permitirão acompanhar o crescimento das espécies, situação da copa da árvore, além de identificar a germinação e alguns tipos de contaminação por pragas.
De acordo com o Coordenador da Divisão de Biocombustíveis do CETENE, James Melo, será monitorada inicialmente uma área de 10.000 metros quadrados. “Além do monitoramento, será implantada também uma unidade piloto de produção de Bioquerosene no Centro de Bioenergia do CETENE, onde uma turbina de bancada permitirá um maior número de testes para medir a eficiência do biocombustível, consumo e simulação das condições quando utilizado em aeronaves”, completa.
Bioquerosene – Em 2010 a TAM utilizou bioquerosene de pinhão-manso em um voo experimental e este ano, durante a Rio +20, a Azul realizou voo com bioquerosene a partir de cana-de-açúcar. Estima-se que a utilização do bioquerosene pode reduzir em até 82% a emissão de dióxido de carbono em comparação ao querosene de origem fóssil. (ambienteenergia)

Quem controla a economia verde?

Os senhores da biomassa lutam para controlar a economia verde
Alguns governos, corporações, capitalistas de risco e ONGs estão promovendo as tecnologias – incluindo engenharia genética, biologia sintética e nanotecnologia – que tornam (ou tornarão) possível transformar biomassa em produtos comerciais. A busca para assegurar biomassa para matérias-primas está criando novas configurações do poder corporativo.”
Introdução: tornando-se verde, da Rio 1992 à 2012
Por volta da passagem do milênio, a visão de um futuro pós-petróleo ambientalmente amigável começou a tomar forma. A produção industrial dependeria de matérias primas biológicas transformadas através de plataformas de bioengenharia de alta tecnologia: a obtenção e conversão de matéria viva (ou recentemente-viva), referida como biomassa – cultivos alimentares e de fibras, gramíneas, resíduos florestais, óleos de plantas, algas, etc. – em químicos, plásticos, fármacos e energia. Essa nascente economia de base biológica rapidamente adquiriu um tom de ‘verde’ e prometeu resolver o problema do Pico do Petróleo, deter a mudança climática e inaugurar uma era de desenvolvimento sustentável. Mais recentemente, na preparação para a Cúpula da Terra de junho de 2012 (Rio+20), a noção de uma “grande transformação tecnológica verde” possibilitando uma “economia verde” está sendo amplamente – embora não universalmente – aceita.
Alguns governos, corporações, capitalistas de risco e ONGs também estão promovendo as tecnologias – incluindo engenharia genética, biologia sintética e nanotecnologia – que tornam (ou tornarão) possível transformar biomassa em produtos comerciais. A busca para assegurar biomassa para matérias-primas está criando novas configurações do poder corporativo. Os principais atores em todos os setores da economia já estão envolvidos: as grandes da energia (Exxon, BP, Chevron, Shell, Total), junto com as forças armadas dos EUA; as grandes farmacêuticas (Roche, Merck); as grandes dos alimentos e agricultura (Unilever, Cargill, DuPont, Monsanto, Bunge, Procter & Gamble); e as grandes da química (Dow, BASF).
A pressão por uma economia de base biológica vem com um apelo por mecanismos de mercado para a financeirização dos processos naturais da Terra, renomeados como ‘serviços ambientais’ (os ciclos do carbono, de nutrientes do solo e da água, por exemplo), os quais também encorajam a tomada de terras e de água. As companhias não estão mais focadas estritamente no controle de material genético encontrado em sementes, plantas, animais, micróbios e humanos; elas ampliaram seu escopo para incluir a capacidade reprodutiva do planeta inteiro. A Cúpula da Terra de 1992 produziu um ‘Livro de Promessas’, chamado Agenda 21, que incluía o combate à desertificação, a proteção de florestas, o enfrentamento da mudança climática e o comprometimento do Norte em transferir tecnologias sustentáveis para o Sul. Além disso, o Sul concordou com uma Convenção de Biodiversidade para deter a perda de espécies e a destruição de ecossistemas. Como parte desse último e mais celebrado acordo, entretanto, os líderes da Cúpula concordaram que os governos teriam soberania sobre toda a biodiversidade dentro de suas fronteiras na época da ratificação do tratado. (EcoDebate)

Cadeia energética da madeira no Brasil

A madeira é uma importante fonte de energia no Brasil, origem de mais de 10% da energia primária utilizada pelo país. É, também, a forma de energia menos compreendida e que tem um potencial de grandes ganhos no futuro próximo. A maior parte dessa energia se destina a um uso industrial, nas fábricas de papel e celulose, cerâmica, gesso e ferro gusa.
Com a exceção da indústria de papel e celulose, a cadeia de transformações e usos energéticos da madeira no Brasil se caracteriza pela baixa eficiência. A maior parte dos combustíveis tem origem extrativa com o emprego de tecnologias primitivas, dificultando o aumento da produção em bases renováveis. As fábricas de gusa que produzem o carvão com madeira plantada raramente aproveitam os gases e voláteis coproduzidos no carvoejamento pela inexistência de um mercado organizado para esses biocombustíveis.
Os combustíveis da cadeia são as únicas formas de energia produzidas, transportadas e comercializadas no Brasil à margem de qualquer regulamentação energética. Uma organização mínima e a existência de uma política energética para a cadeia da madeira aumentariam a eficiência gerando mais receita para o mesmo insumo, reduzindo preços, melhorando a qualidade dos combustíveis e asfixiando economicamente a informalidade e o recurso ao desmatamento.
Em 2005 a Política Energética Nacional – PEN deu um passo importante nesse sentido quando ampliou o escopo da ANP para que a agência, criada originalmente para regulamentar o petróleo, regulasse também “a produção, importação, exportação, transferência, transporte, armazenagem, comercialização, distribuição, avaliação de conformidade e certificação de qualidade de biocombustíveis”.
O que parecia um avanço frustrou-se em setembro de 2011 quando o conceito de biocombustível, universalmente entendido como “combustível derivado de biomassa renovável” foi definido (XXIV, Art. 2 da PNE na versão atual) da seguinte forma: “(…)substância derivada de biomassa renovável, tal como biodiesel, etanol e outras substâncias estabelecidas em regulamento da ANP, que pode ser empregada diretamente ou mediante alterações em motores a combustão interna ou para outro tipo de geração de energia, podendo substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil;”
O texto exclui, na prática, os combustíveis da cadeia da madeira. Isto reflete preconceito dos que associam o seu uso intensivo a subdesenvolvimento, pois sendo de fácil obtenção e uso com tecnologias simples, atendem as necessidades de populações pobres. Essa visão embute a perspectiva de economias avançadas das regiões temperadas onde a baixa produtividade florestal inviabiliza seu uso vis-à-vis os combustíveis fósseis e pouco se investiu para aperfeiçoar essa cadeia. Explica também porque os investimentos em pesquisa e desenvolvimento para essa fonte renovável são mínimos no Brasil quando se considera a sua importância na matriz energética e a produtividade das biomassas em geral.
O preconceito não tem mais razão de ser. Na Europa, a busca de alternativa aos combustíveis fósseis aumentou o uso de densificados, resíduos de madeira industrial e florestal comprimidos sob a forma de “pellets” (pequenos cilindros), com queima limpa, preço competitivo e grande vantagem ambiental sobre os combustíveis fósseis. Apesar de ter metade da densidade energética do óleo combustível, o densificado é usado para substituí-lo nos usos urbanos.
Mais recentemente ajuda a reduzir a emissão de CO2 em termelétricas onde substitui até 30% do carvão mineral (“co-firing”). O consumo de pellets na Europa pulou de meio para treze milhões de toneladas na primeira década, do século, um crescimento anual explosivo de 38% ! Mais de 20% dos pellets são importados dos EUA e do Canadá. Em 2010 foram estabelecidos normas e padrões internacionais para o biocombustível que vai se tornando uma importante “commodity energética” que movimenta em torno de dois bilhões de euros naquele continente. Com isso, é possível otimizar os processos de produção e dos bicombustíveis densificados.
Essa evolução desperta o interesse pelo “torrefado”, um derivado sólido obtido aquecendo os resíduos a 250º C na ausência de oxigênio. Com densidade energética superior à dos pellets de condensados e próxima à do carvão mineral, esse biocombustível pode ser estocado por longos períodos sendo mais apropriado ao transporte e à formação de estoques. Empresas elétricas norte-americanas estudam seu uso para substituir 100% do carvão mineral na geração elétrica.
Essas novidades me fazem crer que forças de mercado vão organizar no Brasil a cadeia da madeira energética. A demanda para exportação de densificados já mobiliza iniciativas no país e já levanta polêmicas sobre se valeria a pena a plantação densificada. A exportação é pequena e dificultada por fatores como a valorização do real, custo de transporte e pequena escala de produção.
O exemplo externo, a existência de normas que podem ser adaptadas às condições brasileiras, a possibilidade de reduzir custos de logística, no entanto, fazem prever uma expansão do uso no país. Cabe lembrar que as tecnologias de produção e uso desses biocombustíveis são compatíveis com a nossa capacidade industrial que terá acesso aos últimos avanços e desenvolvimentos europeus e norte-americanos. Apesar dos baixos investimentos em P&D para o uso energético da madeira e derivados, o Brasil tem um pequeno, porém competente grupo de especialistas. Se comprovadas as virtudes dos torrefados, ajudarão a mitigar as emissões das termelétricas para as quais a lei brasileira já impõe limites de emissão do CO2.
Esses avanços servirão de paradigma para alavancar a cadeia dos pirolizados em geral, notadamente o carvão vegetal. O Brasil é o único país do mundo a produzir gusa com carvão vegetal em larga escala (30% da demanda do país). Pela ausência de enxofre e contaminantes esse gusa tem elevada qualidade. A organização da cadeia para esse biocombustível e uso dos voláteis organizará o mercado com sinais econômicos adequados à criação e desenvolvimento de biorefinarias, com o aumento da receita dos produtores do carvão vegetal em bases modernas.
O Brasil terá a oportunidade, assim, de rapidamente liderar o desenvolvimento tecnológico e o domínio da produção e uso desses biocombustíveis, mais adaptados ao país e a todos países da faixa tropical, para competirem com os combustíveis fósseis. (ambienteenergia)

O futuro do campo na produção de energia limpa

O futuro do campo na produção de energia limpa
Energia limpa atende a metas internacionais e à demanda interna de consumo, além de baratear a produção de combustível
O Brasil é um dos pioneiros na produção de agroenergia. Desde o projeto do álcool, até a atual produção de biodiesel, o país destaca-se no cumprimento do protocolo de Kyoto e busca atingir metas internas de substituição gradativa de combustíveis derivados de petróleo, encaminhando-se para uma das mais promissoras alternativas econômicas para um futuro não tão distante.
Num movimento ainda nascente, a terra está deixando de ser apenas a principal fonte de alimentos para o homem. Apontada como a mais promissora alternativa econômica do futuro, as lavouras começam a fornecer energia. As plantas e até os animais criados nas propriedades rurais tornam-se geradores de combustível, iluminação e força para o funcionamento de máquinas e equipamentos.
O Plano Nacional de Agroenergia traça as diretrizes nacionais da área para os próximos anos e envolve os ministérios da Agricultura, de Minas e Energia e de Ciência e Tecnologia. A decisão de investir em agroenergia reforça o pioneirismo do Brasil nessa área. O bem-sucedido programa de álcool combustível extraído da cana de açúcar (etanol), criado há 30 anos e que hoje contribui com mais de 12% na matriz energética nacional, estimulou o país a lançar-se num ousado programa de substituição gradativa de fontes fósseis (petróleo e gás natural), que hoje respondem por 80% do consumo mundial, por fontes renováveis e mais limpas.
A aposta brasileira na agroenergia tem justificativas políticas, econômicas e ambientais. O petróleo está cada vez mais caro e escasso. Estudos apontam que as reservas mundiais durarão, no máximo, 40 anos. Para piorar, quase 80% desses volumes repousam no subsolo dos instáveis países do Oriente Médio. A equação entre alta demanda e fragilidade internacional provocou a disparada dos preços do petróleo – nos últimos 35 anos, o valor do barril mais que triplicou.
O Protocolo de Kyoto, estabelecido no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1997, obriga os países desenvolvidos a reduzir gradativamente a emissão de poluentes na atmosfera. A queima de petróleo e cimento é responsável por 75% da emissão dos gases que estão causando o efeito estufa, apontado como grande causador dos crescentes desequilíbrios climáticos.
Com isso, o desenvolvimento da agroenergia aponta dois resultados positivos: abre portas para a exportação de combustíveis limpos, como já acontece com o álcool, e para o ingresso de investimentos estrangeiros no país. Um dos mecanismos de desenvolvimento limpo é o mercado de carbono. Os países ricos poderão compensar suas emissões de poluentes financiando atividades que reduzam essas emissões no terceiro mundo.
A demanda por combustível limpo é imediata. Em 2008, entrou em vigor a resolução que obriga a adição de 2% de biodiesel em todo o óleo diesel derivado de petróleo consumido no Brasil. A produção de 176 milhões de litros, atende apenas 17% desse consumo potencial, estimado em 750 milhões de litros anuais.
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) autorizou o funcionamento de quatro usinas de biodiesel no país e há outras sete em processo de liberação. O desafio é superar as deficiências logísticas para que o país atinja a produção desses combustíveis em escala comercial. (sebrae)

sábado, 28 de julho de 2012

Energia solar e a descentralização da energia

“O Brasil tem um potencial de energia solar e eólica ainda inexplorado”, assinala o engenheiro.
Confira a entrevista.
A notícia de que 15% dos domicílios brasileiros dispõem de energia solar demonstra, na avaliação de Eloy Casagrande Jr., que “o governo começa a reconhecer as energias renováveis como a solar, a eólica e a biomassa. Representa que, de algum modo, o país está saindo desse paradigma da energia de hidrelétrica e termoelétrica”. Segundo ele, o atual momento de transição de energia fóssil para energia renovável exige maiores investimentos em tecnologia, informação, educação, inovação e incentivo no sentido de “criar condições para que essa energia possa ser consolidada”. Tal mudança, assegura, depende da “mão forte” do governo.
Em entrevista concedida por telefone para a IHU On-Line, o pesquisador assinala que os investimentos atuais apontam para a energia descentralizada no futuro. “A última resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel sinaliza para que os consumidores, a partir de 2013, possam instalar uma regulamentação para energia fotovoltaica, energia eólica e energia de biomassa, ou seja, para que possam instalar minigeradores, microgeradores nas suas casas, nos escritórios, no hospital, em escolas e, a partir disso, estar conectados à rede”.
Eloy Casagrande Jr. é doutor em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente, pela University of Nottingham, e pós-doutor em Inovação Tecnológica e Sustentabilidade, pelo Instituto Superior Técnico – IST, Lisboa. Atualmente é professor na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – O Ministério de Minas e Energia divulgou que 15% dos domicílios brasileiros já dispõem de energia solar. O que esse percentual significa em termos de investimento em energia renovável?
Eloy Casagrande Jr. – Significa muito à medida que o governo começa a reconhecer as energias renováveis como a solar, a eólica e a biomassa. Representa que, de algum modo, o país está saindo desse paradigma da energia de hidrelétrica e termoelétrica. O investimento nas energias renováveis contribui para a redução de emissões, para uma maior eficiência energética, gerando menos gastos à sociedade. Então, o governo poderia aumentar, como fizeram em outros países, a linha de apoio através de isenções fiscais, através de linhas de financiamento especiais, porque, com esse tipo de apoio, se consegue que novas tecnologias entrem no mercado com mais força, possibilitando o acesso aos consumidores.
IHU On-Line – Por que o investimento em energia solar ainda é baixo, visto que o país possui os recursos necessários? Como entender a falta de incentivo para a produção de energia alternativa no Brasil, como a energia solar, por exemplo?
Eloy Casagrande Jr. – O Brasil tem um potencial de energia solar e eólica ainda inexplorado. De fato, há uma baixa geração comparada ao potencial brasileiro. Nesse sentido, ainda há um caminho longo para percorrer em termos de desenvolvimento, tecnologia, know-how, criação de mais empregos etc. Quando um país começa a sair do paradigma de uma energia poluente, como a energia baseada no combustível fóssil, e passa a investir em uma energia como a renovável, tem que investir em informação, educação, inovação, e precisa criar condições para que essa energia possa ser consolidada no mercado. Vejo que em todos os países isso acontece através de ações do governo. Não se pode deixar o mercado atuar sem nenhum tipo de apoio. Há de ter aí a “mão forte” do governo para isso acontecer.
IHU On-Line – A proposta para a ampliação da energia solar consiste em investir em um modelo de energia descentralizado ou num modelo centralizado?
Eloy Casagrande Jr. – Os investimentos apontam para a energia descentralizada. A última resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel sinaliza para que os consumidores, a partir de 2013, possam instalar uma regulamentação para energia fotovoltaica, energia eólica e energia de biomassa, ou seja, para que possam instalar minigeradores, microgeradores nas suas casas, nos escritórios, no hospital, numa escola, e a partir disso estar conectados à rede. Vamos nos tornar todos distribuidores de energia. Esse é um modelo que já existe fora do Brasil há muitos anos. Ao investir nesse modelo, se tem a possibilidade de reduzir os custos da instalação, por exemplo, de painéis fotovoltaicos, que ainda necessitam das baterias. Além disso, ao produzir essa energia que não será consumida, será possível trocá-la por crédito de energia da rede, para utilizar a energia em momentos em que não há sol, como à noite. Nesse sentido, percebe-se que há uma tendência clara para descentralizar a energia. Evidentemente, não se trata de grandes geradores, mas já é um avanço.
IHU On-Line – Quais os desafios em relação à energia solar no país? É possível garantir a eficiência energética investindo somente em energias renováveis?
Eloy Casagrande Jr. – Temos que olhar a energia do ponto de vista sistêmico. Qualquer geração de energia do futuro vai ter que ser composta de diversas fontes. Não se pode, por exemplo, depender somente da energia oriunda de hidrelétricas, pois basta não chover por um período e ficaremos sem energia. Então, a matriz energética tem de oferecer um conjunto de ofertas de energia, que possam suprir as deficiências de cada uma.
Quando se discute a matriz energética, não se trata de dizer que a melhor energia é a hidrelétrica, a solar ou a eólica. O conjunto delas, associado a um bom programa de eficiência energética, o qual o Brasil precisa assumir, traria resultados. Ainda há muito o que fazer em relação às perdas de distribuição, em relação à melhoria dos equipamentos e dos produtos que utilizam energia elétrica, como os eletrodomésticos. As próprias construções também podem ser um alvo de estudo em posição de maior eficiência energética. Na Universidade Federal do Paraná, por exemplo, realizamos o projeto do “escritório verde”, que aponta um conjunto de soluções para maior eficiência energética e uso racional da energia. Entre as propostas, estuda-se o isolamento térmico de futuras casas, com vidros e paredes duplas, com iluminação natural, com energia solar e com lâmpadas leves. Então, é esse conjunto de tecnologias e equipamentos que vai determinar o quanto de energia será possível dispor no futuro, trazendo economia.
IHU On-Line – A energia solar seria positiva no sentido de não permitir perda de energia na distribuição?
Eloy Casagrande Jr. – Perde-se muita energia na distribuição de energia elétrica para as fontes consumidoras. A energia solar descentralizada é direta, pois se conectam painéis que estão numa determinada residência à rede, e se estabelece uma rede de energia na própria residência. Então, de fato, não se tem perda de energia nesse sentido.
No caso da distribuição das energias hidrelétrica, termoelétrica e nuclear, há muitas perdas de energia. Isso tem de ser corrigido, tem que haver maiores investimentos nessas áreas.
IHU On-Line – Como o senhor avalia esse investimento maciço do governo na construção de novas hidrelétricas para os próximos anos? Considerando a necessidade de investir em energias renováveis, a política do governo está no caminho certo?
Eloy Casagrande Jr. – A construção de novas hidrelétricas é discutível, porque ainda se investe bastante neste modelo sem pensar nas outras fontes. Então, o Brasil ainda depende muito desse tipo de energia e, como disse antes, sem corrigir os erros que existem no próprio modelo de matriz energética brasileira. Corrigindo esses erros e investindo em energias renováveis, poderíamos reduzir os custos sociais, ambientais e econômicos que implicam na construção de novas hidrelétrica. Hoje, a construção de hidrelétricas é causa de um grande debate entre os ambientalistas, por causa das áreas indígenas que serão afetadas, das áreas agrícolas que serão alagadas, das populações que serão deslocadas. Tudo isso poderia ter sido evitado caso houvesse um planejamento. É um problema o fato desses projetos saírem direto de Brasília, sem passar por uma consulta mais ampla com a sociedade.
IHU On-Line – É possível vislumbrar a geração de energia descentralizada e autossuficiente no futuro?
Eloy Casagrande Jr. – Não sei se vamos ver um modelo energético autossuficiente no futuro, mas podemos encaminhar para não sermos tão dependentes de um modelo centralizado. Claro que isso mexe com grandes negócios, mexe com grandes lobbys, que estão envolvidos com a energia elétrica, desde que ela se tornou uma commodity que capta, concentra e vende a energia. Essas empresas de energia elétrica têm ações na bolsa de valores. Energia virou um produto que precisa render. Essa visão também já nos traz uma visão mercantilista da energia.
No futuro até podemos discutir essa visão, mas hoje é o modelo que temos: existem grandes interesses econômicos ao redor de tudo isso, e se formos fazer uma retrospectiva histórica da construção das hidrelétricas no Brasil, veremos que elas são as mesmas construtoras que constroem as hidrelétricas de hoje.
IHU On-Line – Quais as novidades e desafios atuais envolvendo as pesquisas com energia solar fotovoltaica, célula solar fotovoltaica, geração descentralizada de energia e painéis fotovoltaicos?
Eloy Casagrande Jr. – Tem-se buscado melhorar muito a eficiência das células fotovoltaicas, que são feitas à base do silício, investigando-se novos materiais. As células fotovoltaicas têm uma baixa eficiência, por isso é preciso uma área grande de painéis, telhados para captar a luz solar. Tem se investido muito em pesquisas, e espero que, num futuro próximo, ainda possamos conhecer células fotovoltaicas mais eficientes. Tem-se investido também na questão dos modelos de geradores eólicos, e já se têm geradores de grande potência e geradores de menor potência em nível residencial. Com a resolução da Aneel, o uso dessas tecnologias tendem a avançar.
Também estão surgindo pesquisas de telhas solares que possibilitarão substituir painéis solares. As próprias telhas das casas poderão conter células fotovoltaicas. Também estão surgindo painéis de fachada, que complementam a estética de um prédio e que fazem a captação de células fotovoltaicas. Há muita coisa nova. A tendência é, entre cinco ou dez anos, ter um mercado muito mais atraente para o consumidor. (EcoDebate)

Brasil não aproveita o Sol

Energia Solar: O Sol nasce para todos, mas o Brasil não aproveita
Apesar da grande incidência de luz solar em todo o território brasileiro, uso dessa fonte para eletricidade e aquecimento de água é irrisório. Especialistas dizem que incentivos do governo ainda são insuficientes
A reportagem é de Fernanda Fraga e publicada pela Gazeta do Povo, 08-07-2012.
Aquecedores solares de água em conjunto habitacional de Londrina: país aproveita pouco a luz solar.
Não falta sol no Brasil, mas o aproveitamento de sua energia é uma possibilidade que ainda desponta muito timidamente no horizonte do país. Na geração de eletricidade, por exemplo, há apenas oito “usinas” solares, nada perto das 985 centrais e usinas hidrelétricas do país. No mercado de aquecimento solar de água, apesar de ocupar a sexta posição do ranking mundial elaborado pela Agência Internacional de Energia, em números absolutos a capacidade brasileira se distancia – e muito – da chinesa, a primeira colocada. Enquanto a China tem capacidade de 117,6 mil megawatts térmicos (MWth, unidade utilizada para medir a potência térmica), o Brasil conta com apenas 4.278 MWth.
“O desenvolvimento de fontes de energia renováveis ocorre de forma mais rápida onde não há outras opções”, explica Lucio Teixeira, diretor de Finanças Corporativas da Ernst & Young Terco. “No Brasil, temos uma oferta muito grande de recursos hídricos, discrepante em relação a outros países. Assim, é natural que se foque nesse tipo de energia”, complementa.
Porém, tão abundante quanto os rios é a presença do sol no país tropical. De acordo com artigo publicado na revista Solar Energy, o local com o pior grau de irradiação no país ainda é 40% superior ao melhor da Alemanha – onde o uso de energia solar é muito mais desenvolvido.
Para desenvolver o mercado, informam os especialistas, ainda faltam incentivos. “Para sermos competitivos, devemos investir em inovação e criar facilidades para pesquisadores e investidores”, analisa Eloy Casagrande Jr., doutor em Engenharia de Recursos Minerais e Meio Ambiente e coordenador do Escritório Verde da UTFPR.
Para Teixeira, três pontos têm de ser considerados para atrair investidores. “O primeiro deles é a tecnologia, que precisa ser disponível. E isso já temos. Depois, é preciso um ambiente de contratação favorável, isto é, o poder público precisa criar mecanismos para incentivar os investimentos – como os leilões do setor elétrico”, continua. Nos últimos meses, o governo aprovou algumas medidas para incentivar o uso de energias renováveis e sistemas de eficiência energética, mas, para o analista, elas ainda não são suficientes. Por fim, Teixeira destaca que a viabilidade econômico-financeira precisa ser encontrada. Para isso, diz, é necessário o desenvolvimento da indústria nacional, já que a compra de equipamentos brasileiros baratearia financiamentos e tornaria o negócio mais atraente aos olhos dos investidores.
Benefícios
Os benefícios do uso da energia solar envolvem aspectos ambientais e econômicos. “Cada metro quadrado de energia solar evita 56 metros quadrados de área inundada por hidrelétrica”, diz Marcelo Mesquita, gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), ligado à Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava).
Usar aquecimento solar em vez de energia elétrica para a água do banho pode levar a uma economia de cerca de 30% na conta de energia elétrica. Um estudo divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na última terça-feira revela que a energia elétrica solar já é viável para 15% dos lares brasileiros.
Fábrica chinesa quer abrir 5 mil lojas no país
O número é alto: 5 mil lojas no Brasil nos próximos cinco anos. Equivale a quase uma loja por município – o país tem 5.565 cidades. Supera, as mais de 600 lojas que a rede de fast food McDonald’s tem no país e até o número de franquias do Boticário, o maior franqueador do país, com 3.337 unidades.
O plano foi anunciado durante a Rio+20 por Huang Ming, presidente da Himin Solar, gigante chinesa da área de aquecimento solar. A ação é parte da estratégia de popularizar as climate marts, lojas no estilo de franquia que oferecem produtos ligados à energia solar, com objetivo de tornar as tecnologias mais acessíveis. A previsão é de abrir 50 mil lojas em todo o mundo.
A justificativa é “verde”: “Se houver 50 mil climate marts, a energia renovável vai se espalhar mais amplamente, e haverá esperança para a melhora do clima”, disse Ming na conferência. No mercado brasileiro, a Himin já tem uma parceira, a curitibana Nadezhda, empresa recém-criada pelo empresário Fernando Buffa.
O mercado de aquecimento solar no Brasil cresceu a uma média de 15% nos últimos três anos, de acordo com o Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol). Em 2011, movimentou cerca de US$ 500 milhões. “É importante que haja diversidade”, comenta Marcelo Mesquita, gestor do Dasol, sobre a possível vinda da Himin. “O consumidor tem que ter bons produtos e se uma empresa está se propondo a oferecer isso, é bem vinda.”
Mesquita destaca, porém, que é difícil fazer qualquer análise, uma vez que não se sabe se os planos da empresa serão mesmo concretizados. Se isso ocorrer, a franquia chinesa teria mais lojas que o total de empresas de aquecimento solar hoje existentes no Brasil – são cerca de 2 mil.
A Himin Solar foi criada em 1995 e sua fábrica tem mais de 4 mil funcionários. É Huang Ming o idealizador do Solar Valley, maior base de produção de energia solar do mundo, localizado na China. Ele funciona como uma cidade, com hotéis, fábricas, centros de pesquisa e convenções. (EcoDebate)

Energia solar residencial é viável?

Produção residencial de energia solar já é economicamente viável para 15% dos lares brasileiros
Um estudo [Análise da Inserção da Geração Solar na Matriz Elétrica Brasileira] divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia, mostra que a produção residencial de energia solar (a chamada geração distribuída) já é economicamente viável para 15% dos domicílios brasileiros. A produção de energia solar em grande escala (geração centralizada), no entanto, ainda é inviável, mesmo com incentivos governamentais.
De acordo com a pesquisa da EPE, o custo da geração nas residências brasileiras, a partir de um equipamento de pequena potência, é R$ 602 por megawatt-hora (MWh), mais barato do que a energia vendida por dez das mais de 60 distribuidoras de energia, como a da Ampla, responsável pelo abastecimento de municípios do Grande Rio e interior fluminense.
O cálculo é feito com base no custo médio de instalação de um painel com a menor potência, R$ 38 mil. Graças a novas resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicadas neste ano, os consumidores que instalem painéis solares em suas casas ou condomínios podem não apenas reduzir a quantidade de energia comprada das distribuidoras, como também vender o excedente da energia produzida para essas empresas.
Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, esse mercado potencial pode crescer bastante se forem concedidos incentivos como o financiamento à compra dos painéis e conversores fotovoltaicos (equipamentos que transformam a luz do sol em energia elétrica), a isenção fiscal para a produção desses equipamentos no país e a redução do Imposto de Renda para os consumidores.
Caso o governo esteja disposto a criar os três tipos de incentivos, ao mesmo tempo, a energia solar pode se tornar competitiva para 98% dos consumidores residenciais brasileiros. “Hoje a geração distribuída já é mais ou menos interessante em alguns lugares. Agora, para ampliar, seria necessário ter incentivos ou esperar o preço [do equipamento] cair”, disse Tolmasquim.
Por outro lado, o estudo mostra que a geração centralizada, isto é, produzida em larga escala por usinas comerciais, ainda não é viável economicamente. Hoje, o custo de produção da energia solar gira em torno de R$ 405 por MWh, enquanto a média do preço de outras fontes de energia, nos últimos leilões do governo, foi R$ 150 por MWh.
Mesmo com incentivos, como a redução de impostos, que barateiem em 28% o preço da energia, a solar não seria viável, porque ainda custaria o dobro da média cobrada nos leilões de venda de energia.
Segundo Tolmasquim, o país tem as opções de esperar o custo da energia solar diminuir para colocá-la em leilões ou de criar um leilão específico para que não haja disputa com outras fontes mais baratas, como a eólica.
Tolmasquim explicou que a criação de um leilão específico é uma opção para criar um mercado e desenvolver tecnologicamente o país, a fim de acelerar a redução do custo. “Mas teria que ser vendida uma quantidade pequena [de energia] para não onerar o consumidor.”
Há ainda a opção de abrir a possibilidade para que empreendimentos de geração de energia solar disputem o leilão de energia com outras fontes. A expectativa da Agência Internacional de Energia é que a solar esteja competitiva com outras fontes no mundo a partir de 2020.
Tolmasquim disse, no entanto, que não é possível saber quando a energia solar será competitiva para produção em larga escala no Brasil. Há hoje no país apenas oito empreendimentos, que produzem apenas 1,5 megawatt (MW) de um total de 118 mil MW do Brasil. (EcoDebate)

Energia solar no Brasil: um desafio

Ao analisar a situação da energia solar hoje, o engenheiro afirma que as células fotovoltaicas são atualmente a tecnologia mais promissora e viável economicamente em curto prazo.
Apesar de o interesse pela energia solar ter surgido ainda na década de 1970 em função da crise do petróleo, foi somente depois da Eco-92 e do crescente debate acerca das mudanças climáticas que a “pesquisa de energia solar voltou a ser prioritária”, diz o pesquisador Emilio Lèbre La Rovere à IHU On-Line. Em entrevista concedida por telefone, ele explica que “em nível mundial, o investimento em energia solar nunca foi comparável com o que se investiu em pesquisas para aprimorar a tecnologia dos combustíveis fósseis e mesmo da energia nuclear”.
Embora o percentual de energia solar na matriz energética brasileira seja “praticamente zero”, o desafio do futuro é garantir o uso eficiente da energia. Conforme esclarece Rovere, a proposta é “consumir menos, sem prejuízo da qualidade dos serviços, do bem-estar, do conforto do consumidor. Ou seja, ter um consumo de energia menor para o mesmo serviço”. Segundo ele, a ampliação das fontes energéticas alternativas ajudará a “diminuir a necessidade de construção de novas usinas e, obviamente, vai diminuir o impacto ambiental do sistema energético”.
Emilio Lèbre La Rovere possui graduação em Engenharia Elétrica de Sistemas e Industrial pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, graduação em Economia e mestrado em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e doutorado em Técnicas Econômicas, Previsão, Prospectiva pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Atualmente é professor do Programa de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pesquisa e Pós-Graduação de Engenharia COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde coordena o Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente e o Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Pode nos dar um panorama de como a energia solar tem evoluído no Brasil?
Emilio Lèbre La Rovere – O interesse pela energia solar começou com mais força depois da crise do petróleo em 1973, 1974, quando houve uma quadruplicação do preço do petróleo, que antes era muito baixo (cerca de 3 dólares o barril) e passou para 12. A partir daí se iniciou um programa de pesquisa e desenvolvimento em energia solar apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, que na época pertencia ao Ministério do Planejamento, pois ainda não tinha sido criado o Ministério de Ciência e Tecnologia. Depois da segunda crise do petróleo, no período de 1979, 1980, 1981, tivemos a confirmação de que a crise de 1973 era realmente estrutural, mais do que conjuntural, o que faria com que o petróleo se tornasse mesmo mais caro.
IHU On-Line – Como a opção pela energia solar é vista pelo governo federal atualmente? Há incentivo para ampliar esse modelo energético?
Emilio Lèbre La Rovere – Em nível mundial, o investimento em energia solar nunca foi comparável com o que se investiu em pesquisas para aprimorar a tecnologia dos combustíveis fósseis e mesmo da energia nuclear, que era vista, depois da segunda guerra mundial, como a grande promessa de energia abundante e barata, mas que depois não se concretizou devido aos riscos de acidentes radiativos. Mesmo assim, até há poucos anos se gastava muito mais dinheiro em pesquisa em energia nuclear e combustíveis fósseis do que nas energias renováveis, como solar e eólica.
No Brasil, tivemos um período inicial de constituição de grupos de pesquisa em universidades, como a Unicamp, a Universidade Federal da Paraíba, a PUC-Rio, que foram pioneiras nessa área. Depois, em meados da década de 1980, com a queda do preço do barril do petróleo, houve certo desestímulo ao incentivo nessa área de energias renováveis. Só mais recentemente, com as quedas de custos observadas nas pesquisas com células fotovoltaicas, é que houve um interesse maior novamente. Entre esses dois períodos, houve uma penetração ainda tímida, mas já chegou ao mercado com uma tecnologia viável o aquecimento de água por coletores solares planos. Em alguns países isso se deu mais fortemente, como a Grécia e a Espanha. O Brasil já teria condição de ocupar um nicho de mercado bem mais significativo nessa área. Mais recentemente, em função das preocupações ambientais, que na década de 1990 foram crescendo, depois da Rio-92 e da assinatura da Convenção do Clima, e também à medida que a questão das mudanças climáticas emerge como de grande importância e o risco dessas mudanças se agrava, a ênfase na pesquisa de energia solar voltou a ser prioritária.
IHU On-Line – Qual o potencial e a eficiência energética da energia solar num país como o Brasil? A proposta para a ampliação da energia solar consiste em investir em um modelo de energia descentralizado ou num modelo centralizado?
Emilio Lèbre La Rovere – Existem vários nichos de mercado para a energia solar. O principal é justamente o aquecimento solar de água nas residências, hotéis, etc. Mas existe também uma série de outros nichos de mercado para geração de energia elétrica. Por exemplo, as células fotovoltaicas são agora a tecnologia mais promissora e viável economicamente em curto prazo. Fizemos um estudo recente, um relatório técnico, para preparação da Carta do Sol, que foi um manifesto político, lançado no final do ano passado no estado do Rio de Janeiro, e depois encampado pelo Fórum dos secretários de energia de todos os estados do Brasil. A exemplo do que tinha sido feito na Carta dos Ventos, esse relatório justificou por que essa energia é importante para o país, quais as barreiras para sua penetração e, diante dos benefícios, colocou uma série de propostas para viabilizar a energia solar no Brasil, em particular a energia solar fotovoltaica, que é a mais viável em curto prazo.
Fizemos nesse relatório uma avaliação preliminar de qual seria o potencial nos diversos nichos de mercado. E chegamos a números que são indicativos e dão uma ideia de ordem de grandeza que temos, por exemplo, com expansão, pensando num horizonte até 2020, chegando a algo de potência instalada no Brasil da ordem de 2400 megawatts. E dentre os mercados que temos, o mais importante seria algo como o que chamamos de coletivo conectado, ligado à rede elétrica. Nessa característica, teríamos tetos, fachadas, áreas de aeroportos. Então, serviria para a autoprodução e geração de energia elétrica para abastecer aeroportos, por exemplo, mas ligados à rede, injetando energia elétrica a essa rede no período em que não estivesse sendo consumida a energia, de forma que ela estaria disponível. Por exemplo, num estádio de futebol se usa a energia geralmente em partidas noturnas, daí não tem geração solar e para não ter que ter muita bateria para estocar energia solar, se usa a energia da rede. Nos dias da semana, quando não tem jogo, durante o dia, vai gerando energia e injetando-a na rede. Isso é o segmento de mercado coletivo e conectado à rede, e que tem o potencial maior.
IHU On-Line – Isso já existe, na prática?
Emilio Lèbre La Rovere – Sim e podemos citar o exemplo do estádio de futebol de Pituaçu [1], na cidade de Salvador. Porém, no Brasil, nossa rede de energia é radial, não tem muita redundância, é uma rede em uma área aberta. Temos muitas pontas de linha em Minas Gerais, na Bahia, no Espírito Santo, áreas que são abastecidas por uma linha de transmissão que chega até lá. Em termos de sistemas elétricos, significa uma maior dificuldade de ter, primeiramente, um suprimento com garantias, porque qualquer problema na linha dá-se o corte da energia na ponta; e, em segundo lugar, em relação à qualidade, que não é muito boa, porque há muita flutuação de tensão. E esse é um nicho muito importante que pode ser aproveitado pela energia fotovoltaica no Brasil. Por exemplo, no caso do estádio de Pituaçu, a Companhia Elétrica do Estado da Bahia Coelba, que é a empresa de distribuição de energia elétrica da Bahia, constatou que, caso não fosse feita essa usina solar nesse ponto, teria que ser reforçada a rede de subtransmissão e de distribuição para poder fornecer uma potência relativamente elevada naquela ponta de linha. O que geraria uma despesa grande para o reforço da rede.
Colocando a usina na ponta, evita-se esse problema. Isso somado ao fato de que as tarifas de energia elétrica no nível do consumidor final no Brasil são muito elevadas. O custo de geração de energia elétrica é baixo no Brasil comparado aos outros países, mas existem os custos de transmissão e distribuição, além de uma série de impostos e encargos colocados sobre o preço final da energia elétrica, como, por exemplo, o Programa Luz para Todos, com a expansão da rede para aqueles domicílios que ainda não estão conectados a ela. E isso acaba encarecendo muito o preço para o consumidor final. Então, em estados como Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo temos preços muito elevados, da ordem de mais de 500 reais por megawatt/hora de energia elétrica consumida nas residências desses estados. No futuro, pensamos que, a partir da constituição desse mercado inicial de instalações coletivas, possa-se chegar ao ponto em que os consumidores residenciais e os condomínios também tenham coletores solares, gerando energia elétrica e injetando-a na rede quando não estão precisando dela. Isso abateria a conta final da energia que a concessionária oferece a eles.
IHU On-Line – A partir dessa lógica de armazenar energia solar, poderíamos não depender mais da energia elétrica como reserva, para um dia que não faz sol, por exemplo?
Emilio Lèbre La Rovere – O problema é que a bateria, que seria o elemento de estoque, é muito cara e tem que ser jogada fora depois de um tempo. E ela tem impactos ambientais, além de ser uma energia muito cara. Não passando pela bateria, só o custo dos painéis, onde estão montadas as células fotovoltaicas do sistema hoje, estão custando algo em torno de R$ 400,00 por megawatt/hora, que é muito maior do que o custo de uma hidrelétrica, de uma central eólica ou do gás natural que custa algo em torno de R$ 100,00 por megawatt/hora. Por outro lado, temos um custo menor do preço final para o consumidor, que é da ordem de R$ 500,00 megawatt/hora. A energia solar fotovoltaica não teria condições de competir com a eólica e de hidrelétricas para a geração de energia elétrica.
Porém, do ponto de vista do consumo, isso seria viável, desde que tivéssemos também a chamada “rede inteligente”, com medidores de energia elétrica como os que estão começando a ser instalados, que podem medir nos dois sentidos o fornecimento de energia. Aqueles “relógios de luz” das nossas casas normalmente eram para a concessionária ver quanto que aquela residência consumia. Basicamente, o que temos agora é um medidor bidirecional que permitiria que se contabilizasse não apenas o que a concessionária está mandando de energia para o consumidor, mas também o que o consumidor poderia injetar na rede do seu sistema solar. Isso já está acontecendo na Europa, em países como Espanha, Itália, Alemanha, países que têm incentivado os consumidores a instalarem as telas fotovoltaicas. Na Alemanha, eles estão incorporando no próprio desenho arquitetônico dos prédios, nas fachadas, sendo as telas solares um elemento constitutivo. E com isso se gera uma energia local já no ponto de consumo, mais viável economicamente.
IHU On-Line – Que percentual da matriz energética brasileira é composta por energia solar?
Emilio Lèbre La Rovere Hoje é praticamente zero. Nem aparece na estatística. Então, esses 3 mil megawatts que mencionei, que seriam entre 2 e 3 mil em 2020, seria algo como 2 a 3% da potência instalada do sistema elétrico nacional, que está chegando em 100 mil megawatts em breve. Então, temos ainda um percentual muito pequeno. Ainda vai demorar para haver uma penetração dessa fonte, o que é característico do setor elétrico, marcado por uma inércia muito grande. As fontes começam a penetrar muito devagar, mas, na medida em que conseguem, vai aumentando a escala de fabricação, o que ajuda a reduzir custos. Os fabricantes já consideram que há uma projeção, nesse horizonte até 2020, de que o custo possa baixar, por exemplo, de R$ 400,00 para R$ 300,00 o megawatt/hora. Aí já começa a melhorar a economicidade e a velocidade de penetração no mercado.
IHU On-Line – Muitos especialistas argumentam que as energias alternativas não são suficientes para gerar a energia necessária. É possível investir em uma matriz energética alternativa, composta de energia solar, eólica, biomassa e ainda assim garantir a eficiência energética? Em que consiste o uso eficiente da energia?
Emilio Lèbre La Rovere Na verdade são duas óticas complementares. Na ótica da oferta, faz todo sentido diversificar de forma a ter uma maior segurança de fornecimento. Principalmente, faz sentido diversificar até para fontes mais caras, que normalmente é a crítica maior que se faz à solar (que é muito cara), para que ela possa, através dos incentivos iniciais ganhar escala, reduzir seu custo e se tornar competitiva. Isso é aconselhado para fontes renováveis que têm impactos ambientais muito menos importantes do que todas as fontes que usam combustíveis fósseis, as quais, ao queimar, produzem gases poluentes locais, regionais, aumento do efeito estufa e mudanças climáticas.
É nesse contexto que faz sentido incentivar a energia solar, que é uma fonte que tem esse benefício ambiental e também social. A geração de empregos direto na energia solar é muito maior do que, por exemplo, nas energias como gás natural, carvão mineral e petróleo. São cerca de cem vezes mais empregos pela mesma quantidade de energia. Ela demanda uma mão de obra qualificada, que paga um salário razoável para técnicos que vão fazer instalações e manutenção. Então gera muito mais emprego por unidade de energia e isso até é um dos gargalos do desenvolvimento: formar uma mão de obra capaz de fazer as instalações de boa qualidade e duráveis. Isso porque, se quebrar o coletor solar ou a célula, aí obviamente esse investimento inicial que se faz mais elevado não será recuperado.
Os benefícios sociais e ambientais justificam a concessão de um incentivo, por exemplo, um subsídio ou incentivo fiscal, ou seja, uma incidência menor de impostos estaduais, federais, como foi feito para a energia eólica, em que se reduziu imposto de importações para componentes a fim de poder justamente baratear a energia eólica e, com isso, também conseguir chegar hoje num patamar que a energia eólica é competitiva até com a geração convencional, a gás natural.
A energia eólica estava nessa mesma situação da energia solar voltaica há 10 anos. Havia só um fabricante no Brasil e havia um custo muito maior de fabricação. Hoje, depois desses incentivos serem concedidos, nós temos 11 fabricantes de componentes de turbinas, pás, centrais eólicas do Brasil cadastradas no FINAME, que é o programa de financiamento do BNDES à empresa nacional de máquinas e equipamentos feitos no Brasil, para verticalizar a cadeia produtiva. Hoje a energia eólica é plenamente competitiva. O que se quis com a Carta do Sol foi seguir o exemplo que tinha sido proposto na Carta dos Ventos, para que a energia solar fotovoltaica trilhe esse caminho que a energia eólica fez com sucesso. Então, um benefício dessa ordem é um incentivo justificado. Isso é do lado da oferta.
Do lado da demanda, o uso mais eficiente também é muito importante. Não é necessário se ter eletrodomésticos que puxem da tomada uma quantidade de energia muito alta para gerar o serviço que eles fornecem. Então, existem geladeiras mais eficientes do que outras, eletrodomésticos mais eficientes. Isso que é o uso eficiente da energia: consumir menos, sem prejuízo da qualidade dos serviços, do bem-estar, do conforto do consumidor. Ou seja, ter um consumo de energia menor para o mesmo serviço. Isso vai diminuir a necessidade de construção de novas usinas e, obviamente, vai diminuir o impacto ambiental do sistema energético, porque, para a mesma qualidade de vida, industrial e de transporte, se usará menos energia. Esse uso mais eficiente da energia vai complementar uma geração mais renovável de energia no sentido de ter um sistema energético de desenvolvimento com menor impacto ambiental.
IHU On-Line – Como vê o investimento em energia hidrelétrica atualmente? O Brasil acerta em investir neste modelo ou deveria intensificar o investimento nas fontes alternativas?
Emilio Lèbre La Rovere Tudo é uma questão de prazo, de tempo. A tendência em longo prazo vai ser essa, de passar para fontes como a eólica, a solar, a biomassa, por exemplo. Vamos viver uma transição nesse sentido. Mas como no caso da energia solar, isso vai levar bastante tempo, não vai ser para amanhã. Nos próximos 10 anos, como eu disse, a penetração razoável projetada da energia solar na matriz ainda é pequena. Então, não podemos, de uma hora para a outra, interromper a construção de hidrelétricas. Creio que já está havendo uma evolução no próprio desenho das hidrelétricas, que estão sendo feitas de uma forma menos impactantes para o meio ambiente e para as populações locais do que era feito no passado.
A construção de hidrelétricas remanescentes no Brasil, principalmente na Amazônia, que é um ecossistema frágil, tem o problema de, na tecnologia convencional, necessitar inundar grandes áreas, grandes reservatórios para armazenar a água e, portanto, ter um elemento de estoque de energia no sistema. Esse modelo, que deu origem a usinas como Balbina, Tucuruí, São Manuel, que foram muito impactantes sobre o meio ambiente, só puderam ser construídas porque o Brasil vivia em um momento autoritário.
Hoje em dia, a gente já tem uma segunda geração de projetos. A usina de Belo Monte, as do Madeira, Santo Antônio e Jirau já têm reservatórios muito menores em relação à quantidade de energia elétrica que elas proporcionam. Elas são impactantes? Sim, continuam sendo impactante, mas em uma escala muito menor do que Balbina, Tucuruí e São Manuel foram. Agora há também a perspectiva de viabilizar o procedimento com hidrelétricas de grande porte a das usinas plataforma, que, particularmente pensando na Amazônia, seriam usinas que não abririam estradas para a condução de uma obra, o que traz, com as estradas, o acesso de um fluxo migratório para a região, o aumento da população, de uma série de impactos sociais negativos e também ameaça de aumento de desmatamento.
Então a ideia da usina plataforma seria um canteiro isolado no meio da floresta, em que você levaria o material para lá de helicóptero e faria uma construção sem abrir vias de acesso, apenas com os trabalhadores necessários durante o período da obra e que depois, na verdade, não daria margem a criação de uma nova cidade. Depois seria desativado esse canteiro, se regeneraria a floresta e, com isso, ficaria só o pessoal necessário para a operação da usina. Com isso, você viabilizaria a construção de hidrelétricas com um impacto ainda menor do que hoje. É claro que o setor elétrico está pagando um preço por isso já em Belo Monte e nas usinas do Madeira. Têm reservatórios que não conseguem armazenar a quantidade de energia elétrica que o setor elétrico desejaria. Em outras palavras, na época de cheia, tem que se jogar muita água fora, muita água vai pelo vertedouro, sem ser turbinada e gerar energia elétrica. Mas me parece que esse é um compromisso aceitável. Ainda assim, o custo da construção dessas hidrelétricas é competitivo com as outras formas de energia disponíveis em curto prazo e, por isso, se justifica a sua construção.
Nota
O Estádio Governador Roberto Santos, ou Estádio Roberto Santos, é um estádio de futebol localizado no bairro de Pituaçu, em Salvador, de propriedade do estado da Bahia. Possui uma capacidade para 31.677 espectadores e já foi palco de grandes jogos. É mais conhecido como Estádio Metropolitano de Pituaçu, ou simplesmente Estádio de Pituaçu. O estádio ganhou o prêmio de melhor gramado da Série B de 2010 concedido pela Confederação Brasileira de Futebol. É um dos estádios baianos candidatos a centro oficial de treinamento durante a Copa do Mundo FIFA de 2014, uma vez que a Arena Fonte Nova receberá os jogos. (EcoDebate)

Aquecimento solar: em nome da eficiência

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) está inaugurando novas moradias equipadas com sistema de aquecimento solar. Iniciativa faz parte uma série de medidas ecologicamente sustentáveis da Companhia. Além disso, faz também o trabalho de instalação nas habitações já entregues – caso dos conjuntos habitacionais Eugênio de Melo e São José dos Campos, São Paulo, A1 e A2 que receberam a tecnologia na semana passada. O sistema representa uma economia em cerca de 30% na conta de luz do morador e ainda ajuda a preservar o meio ambiente.
As instalações são realizadas pela CDHU em parceria com a EDP Bandeirante. Além dos aquecedores, o acordo entre as empresas estabelece a substituição de lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas, de alta eficiência energética, e a troca do chuveiro convencional por um com sistema híbrido, que opere tanto com aquecedor solar quanto com energia elétrica de baixa potência. Já foram instalados 4,8 mil equipamentos em moradias já entregues. Acordo semelhante com a CPFL prevê a instalação de mais 6.691 aquecedores e, com a AES Eletropaulo, estão sendo instalados cinco mil aparelhos em condomínios da Cidade Tirantes e Guaianazes, na zona leste da capital. (ambienteenergia)

Avião experimental movido a energia solar

Avião experimental movido a energia solar decola rumo a Marrocos via Madri
O avião experimental suíço Solar Impulse decolou em 24/5 em Payerne, oeste da Suíça, rumo a Madri, onde fará escala antes de prosseguir viagem até o Marrocos, no que constitui seu primeiro voo intercontinental. O avião solar, pilotado por André Borschberg, um dos fundadores do projeto, fará um trajeto total de 2.000 km sem uma gota de combustível.
O avião deve pousau no aeroporto Barajas de Madri na madrugada de 25/5 e permaneceu até 28/5 na capital espanhola, onde será submetido a uma revisão técnica e mudará de piloto: o outro fundador do projeto, Bertrand Piccard, efetuará o voo até Rabat.
O Solar Impulse tem a envergadura de um Airbus A340 (63,4 metros) e o peso de um carro de passeio (1,6 mil quilos). Setenta pessoas e 80 empresas trabalharam durante sete anos para construir o avião de fibra de carbono. As asas do Solar Impulse estão cobertas por 12 mil células fotovoltaicas, que alimentam quatro motores elétricos de uma potência de 10 cavalos cada.
O voo Suíça-Espanha-Marrocos é o último teste antes de uma volta ao mundo em 2014, explicaram os coordenadores do projeto, que já iniciaram a construção do segundo modelo, que terá uma cabine maior para o piloto, novas baterias e novos motores. O Solar Impulse é o primeiro avião concebido para voar dia e noite sem combustível ou emissões de poluentes, graças à energia solar. (correiobraziliense)

Energia Solar: edital para estádio

A Cemig GT (Geração e Transmissão) promoveu no dia 5 de junho, reunião técnica sobre a construção da usina solar fotovoltaica do estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.
O edital de concorrência internacional do projeto foi divulgado no dia 17 de maio pela empresa.
A usina terá uma capacidade mínima de 1,35 MWp e será composta por módulos de silício cristalino. Os módulos serão instalados na cobertura de concreto do estádio e deverão ser instalados no final desse ano, para a operação comercial em fevereiro de 2012. (ambienteenergia)

Energia solar: projeto para Arena Amazônica

O diretor de geração, transmissão e operação para a capital da Eletrobras Amazonas Energia, Tarcísio Estefano Rosa, reuniu-se, na última semana, com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Amazonas, Aírton Claudino, para analisar a possibilidade de implantar uma usina fotovoltaica no entorno do complexo do estádio Arena Amazônia. O projeto, com 6 MW de capacidade instalada, será instalado até 2014.
Segundo Claudino, a ideia é aproveitar a Copa do Mundo para incentivar a utilização de energia limpa no estado. Claudino acredita que a parceria com a Eletrobras Amazonas Energia é fundamental para o processo de instalação da usina. De acordo com o secretário, a reunião com a direção da concessionária de energia elétrica do Amazonas foi um passo importante para a viabilidade do projeto.
A Eletrobras Amazonas Energia teria participação de 33% do valor do investimento, que ainda não foi divulgado pela Secretaria de Planejamento. Além disso, a companhia de energia elétrica também será responsável pelo comissionamento e operação da usina fotovoltaica.
O secretário disse que o governo do estado vai procurar outras parcerias com o setor privado para ajudar na execução da obra.“Nosso objetivo nessa reunião foi iniciar o processo que irá possibilitar a implantação da usina fotovoltaica e, a partir desse projeto piloto, conseguir incentivar empresas especializadas na produção das placas fotovoltaicas para que possam vir se instalar no Amazonas”, afirmou Claudino.
A empresa planeja que, até 2014, Manaus esteja sendo toda abastecida por energia menos poluente do que a gerada pelo óleo diesel. Nos próximos dois anos, estão previstos projetos de geração com o uso do gás natural e de hidrelétricas. (ambienteenergia)

Grau solar: alternativa tecnológica

O Instituto de Pesquisa de São Paulo (IPT) trabalha com refino de silício desde o final da década de 80. Sua atuação pode ser dividida em 3 fases: a primeira relacionada com estudos de refino do silício grau metalúrgico; a segunda em que se objetivou o desenvolvimento do processo de controle de refino de silício, visando a obtenção de silício grau químico (aplicação na indústria de silicones); e finalmente, a terceira, em andamento, em que se objetiva a obtenção do Silício de Grau Solar (SiGS) pela rota metalúrgica.
Objetivo do projeto: Desenvolver um processo metalúrgico alternativo de obtenção de silício de alta pureza (99,999-99,9999%), denominado silício de grau solar (SiGS), empregado na produção de células solares fotovoltaicas utilizadas para conversão da energia solar em energia elétrica.
Estado da Arte: Até aproximadamente o final da década de 90, o SiGS era obtido como sub-produto gerado durante a produção do silício de grau eletrônico (SiGE), caracterizado pela altíssima pureza (99,9999999%), e empregado na produção de circuitos integrados.
Com o acentuado crescimento da demanda por SiGS, decorrente da expansão do mercado da energia solar fotovoltaica como fonte alternativa e renovável de energia, há a necessidade de desenvolver um silício dedicado à indústria solar fotovoltaica e independente da indústria de fabricação de SiGE. Existem duas rotas possíveis para obtenção destesilício:
* A própria rota de obtenção de SiGE, denominada rota química, que tem sido motivo de pesquisas das empresas produtoras deste tipo de silício, para tornar o processo menos custoso e viável para a obtenção do SiGS.
* A rota metalúrgica, que permitiria obter o SiGS a um menor custo, diretamente a partir do silício de grau metalúrgico, que é um silício de elevado nível de impurezas (99-99,5%), aplicado principalmente na produção de ligas de alumínio.
No projeto de P&D&I pretende-se desenvolver uma rota metalúrgica alternativa para obtenção do SiGS.
Silício Grau Metalúrgico e lâmina de Silício Grau Solar - Na rota metalúrgica, o desafio é muito mais técnico que econômico, já que as operações envolvidas na purificação do silício por esta rota, como fusão, solidificação controlada, refino piro e hidrometalúrgico, são muito mais próximas do que é dominado hoje pelas indústrias brasileiras produtoras de silício grau metalúrgico, facilitando sua adaptação. Além disso, o IPT tem ampla experiência em purificação de silício.
Justificativa e impactos esperados: O crescimento da demanda de silício de grau solar é decorrente da necessidade de substituição de energias baseadas em combustíveis fósseis por energias mais limpas e renováveis, no sentido de cumprimento de metas de redução das emissões de CO2. O mercado de energia solar fotovoltaica tem crescido, em média, em taxas superiores a 40% ao ano nos últimos 10 anos, e em 2009 o crescimento foi de 52%. O custo da energia solar fotovoltaica ainda é elevado. No entanto, este custo vem caindo rapidamente nos últimos anos e, segundo previsões, em um futuro não muito distante (2020/2030), a energia solar fotovoltaica terá custos competitivos com as fontes tradicionais de energia.
Como principal matéria-prima para fabricação das células solares – mais de 85% do mercado em 2008 – o silício acompanha este forte crescimento da demanda. O consumo de silício na indústria solar fotovoltaica em 2009 foi superior a 100.000 t, e as perspectivas de crescimento do consumo do silício de grau solar (SiGS) indicam um consumo superior a 200.000 t em 2020, representando um mercado de aproximadamente US$ 5 bilhões, mesmo considerando taxas de crescimento mais modestas que as atuais (27% ao ano).
O Brasil, como um dos maiores produtores mundiais de silício grau metalúrgico, com capacidade de produção de aproximadamente 200 mil t/ano, tem possibilidade de agregar valor a este produto que atualmente é comercializado a preços de aproximadamente US$ 1,5/kg, podendo passar para cerca de US$ 30 a 60/kg, dependendo da qualidade do produto produzido.
Além disso, com o estabelecimento de uma indústria produtora da principal matéria-prima empregada na produção de células solares fotovoltaicas, haverá condições favoráveis para projetos de implantação e expansão de indústrias fabricantes de células e painéis solares fotovoltaicos no Brasil.
Principais desafios tecnológicos: Na rota metalúrgica de obtenção de silício solar, até o momento, foram alcançados resultados expressivos, com a somatória de impurezas metálicas sendo reduzida de aproximadamente 5000 ppm (nível normalmente encontrado no silício grau metalúrgico) para valores inferiores a 10 ppm. No entanto, restam grandes desafios, como o controle de impurezas não metálicas que não podem ser removidas por técnicas convencionais, a obtenção de lingotes multicristalinos com estrutura adequada e a caracterização do material purificado, obtido por meio de caracterização física, que será conduzida até o estágio de construção de células solares e medida de sua eficiência, com apoio de instituições com expertise para esta caracterização.
O maior desafio do projeto será a integração das diversas etapas de processamento, de forma a constituírem uma rota que seja viável do ponto de vista técnico e econômico. Para tanto, serão investigados os potenciais de cada método de purificação em cada uma das etapas de processamento a serem avaliadas no projeto.
Parceiros: A Minasligas – Companhia Ferroligas Minas Gerais, principal parceiro do projeto, produz e comercializa ferro silício 75% e silício metálico, com uma capacidade para produzir anualmente cerca de 60 000t de ferro silício 75% e 20.000t de silício metalúrgico. Este projeto tem o apoio do BNDES – www.BNDES.gov.br
O IPT, responsável pela execução do projeto, contará com apoio de universidades e centros de pesquisa com capacitação na avaliação das propriedades físicas de células produzidas com o silício purificado, sendo o principal colaborador o Laboratório de Microeletrônica da Universidade de São Paulo (LME-USP).
Financiamento: O IPT submeteu a proposta de projeto de P&D&I, com duração de 3 anos, ao FUNTEC/BNDES (Fundo de Tecnologia do BNDES) tendo como parceira a MINASLIGAS, a qual aportará aproximadamente 10% dos recursos necessários para realização do projeto. A proposta aprovada contará com apoio financeiro do BNDES, no valor de aproximadamente R$ 11,6 milhões provenientes do FUNTEC.
Próximas etapas: Montagem da equipe que executará o projeto, parte com dedicação exclusiva, e aquisição dos principais equipamentos para avaliação das diversas etapas que devem constituir a rota de processamento metalúrgica, compreendendo tratamentos hidrometalúrgicos e pirometalúrgicos. (ambienteenergia)

Energia solar: volta ao mundo

O barco Turanor Planetsolar concluiu uma viagem de volta ao mundo movido à energia solar. Em 04/04/12, a embarcação chegou a Mônaco, após cerca de um ano e meio. Projetado por um neozelandês e construído na Alemanha, o barco possui bandeira suíça e navegou com tripulação de apenas seis pessoas.
O catamarã de 31 metros de comprimento e 15 metros de largura viajou em direção ao oeste. Passou pelo Oceano Atlântico, pelo Canal do Panamá, cruzou o Pacífico e fez paradas estratégicas na Ásia até retornar ao Mediterrâneo, onde entrou pelo Canal de Suez, no Egito.
O projeto custou US$ 26 milhões e conta com 500 metros quadrados de painéis fotovoltaicos. O barco possui autonomia para navegar por três dias sem luz solar. Os responsáveis pelo projeto não revelaram detalhes da bateria carregável. A velocidade máxima é de 15 km/h, mas a velocidade média é aproximadamente a metade disso. (ambienteenergia)

Barco movido a energia solar

Barco movido a energia solar completa volta ao mundo
O barco consegue produzir até 600 kilowatts hora com tempo bom, o suficiente para viajar 300 quilômetros. Os motores são semelhantes ao de uma motocicleta. Tudo a bordo é movido a energia solar: dos motores, passando pelos computadores, até o aquecimento da água e iluminação.
Turanor, barco movido a energia solar atracado em Mônaco
Turanor Planetsolar, barco movido a energia solar chega ao porto de Mônaco após completar a volta ao mundo
Tripulação é recebida com jatos d'água na chegada ao porto de Mônaco após completar a volta ao mundo
Tripulação acende sinalizadores na chegada ao porto de Mônaco
Turanor, barco movido a energia solar visto na ilha de Córsega na França
Turanor Planetsolar, barco movido a energia solar chega ao porto de Mônaco após completar a volta ao mundo. (veja.abril)