Marina Silva afirma
que energia nuclear deixa ‘castigo’ para futuras gerações
A ex-senadora e
ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva reafirmou, em 1/6/12, sua posição
contrária ao emprego da energia nuclear pelo Brasil. “Não é uma energia segura,
não se sabe o que fazer com os resíduos, e vai ficar, não como um legado, mas
como um castigo para as futuras gerações”, afirmou, após participar do
seminário Energia Limpa: Oportunidades e Desafios no Brasil.
O evento fez parte da
programação da Coordenação de Programas de Pós-Graduação de Engenharia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) preparatória à Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que ocorreu de 13
a 22.
Marina desmentiu que
o custo da geração nuclear seja baixo. “É uma energia subsidiada com os
impostos dos brasileiros para, ao invés de ser uma solução, ser um problema”.
Segundo a ex-senadora, os investimentos que vêm sendo efetuados na área nuclear
deveriam ser direcionados para outras fontes de geração. Lembrou que a Alemanha
está abandonando o uso dessa energia.
Em sua palestra,
Marina destacou que o Brasil precisa pensar em energia limpa no contexto atual
das crises que o mundo vive, e que são de ordem não só econômica, mas social,
ambiental, política e de valores. Trata-se, externou, de “uma crise
civilizatória”. Segundo ela, a crise de valores permeia todas as demais.
Segundo Marina, a
reversão dos problemas trazidos pelas mudanças climáticas dependem de governo e
sociedade estarem conscientes das escolhas que fazem. Para o setor energético,
em especial, indicou que deve haver uma democratização do planejamento. Foi
dessa forma, garantiu, que, em sua gestão à frente do Ministério do Meio
Ambiente, no governo Lula, o país conseguiu alcançar mais de 80% de redução do
desmatamento.
No caso particular
das hidrelétricas e do setor energético como um todo, devido aos impactos
causados por esse tipo empreendimento, salientou a importância dos
investimentos intangíveis, por meio da valorização do patrimônio imaterial,
representado por cerca de 220 povos que falam 180 línguas, com conhecimentos
tradicionais e milenares, associados aos recursos naturais existentes.
“Essas culturas estão
sendo ameaçadas”, declarou, indicando o caso dos índios da Amazônia e de
regiões remotas do país, onde estão localizados 64% do potencial hidrelétrico
brasileiro.
A ex-ministra
defendeu que haja no Brasil uma coautoria de planejamento e decisões envolvendo
governo, sociedade civil e academia. A sociedade, para ela, tem que ser
consciente, engajada e pró-ativa. “Isso, assegurou, só é possível com
democracia”. Para ela, esse planejamento democrático conduzirá à eficiência
energética do país, como já vem ocorrendo desde o apagão de 2001. (EcoDebate)
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