Empresas começam a tirar do papel projetos de energia solar no Brasil
Fonte alternativa
Dezoito projetos de pesquisa em energia solar, avaliados em R$ 400
milhões, começam a ser viabilizados pelo setor elétrico; painéis fotovoltaicos,
que já atraem investimentos da indústria nacional, serão instalados em parques
e estádios de futebol.
As empresas têm prazo de três anos para apresentar
resultados. Entre os projetos apresentados, os maiores investimentos
individuais são os da Tractebel, avaliado em R$ 60 milhões, e o da Companhia
Paranaense de Energia (Copel), de R$ 50 milhões. Para testar a viabilidade da
energia solar, empresas deverão instalar painéis fotovoltaicos em locais
conhecidos de São Paulo, como o Parque Villa-Lobos (projeto de R$ 13 milhões da
Companhia Energética de São Paulo - Cesp) e o futuro estádio Itaquerão
(investimento de R$ 24 milhões da AES Eletropaulo).
Na corrida para ganhar conhecimento e competitividade no
setor, a Cesp e a CPFL estão trabalhando rapidamente para instalar seus painéis
já nos próximos meses. A Cesp informa que a assinatura do contrato para o
"plantel" de energia solar no Parque Villa-Lobos será assinado no mês
que vem. A expectativa é que os testes comecem até o fim de 2012. Já a CPFL já
iniciou o trabalho de seu projeto - que também consumirá R$ 13 milhões - e
prevê a conclusão para o início do ano que vem.
Para economizar investimentos com linhas de transmissão, a
CPFL decidiu construir seu projeto na Subestação Tanquinho, em Campinas (SP).
Segundo o diretor de estratégia e inovação da CPFL Energia, Fernando Mano, a
capacidade instalada é pequena, suficiente para abastecer 650 clientes com
consumo de 200 kWh por mês. "Estamos buscando uma forma de aproveitar
melhor a insolação do Brasil. E queremos ser pioneiros nesse segmento",
afirma Mano.
Como a ideia é testar tecnologias, a capacidade instalada
dos 18 projetos apresentados à Aneel não será suficiente para dar qualquer
relevância comercial à energia solar no País. Hoje, são oito projetos em
operação no País, que tem relevância zero no total da eletricidade consumida no
Brasil. Os oito projetos já em operação não envolvem as companhias elétricas,
mas sim institutos de pesquisa, grandes grupos nacionais (caso do EBX, de Eike
Batista) e multinacionais como a Dupont.
Preços. Hoje, o megawatt/hora de origem fotovoltaica custa
pelo menos R$ 300, bem mais do que a mesma quantidade de energia proveniente de
parques eólicos, vendida por cerca de R$ 100, e de usinas hidrelétricas, que
fica um pouco abaixo desse patamar. Como ocorreu com a energia eólica nos
últimos oito anos, a ideia é que o preço da energia de fonte solar seja
reduzido a um terço do valor atual em poucos anos (leia quadro).
Um dos motivos para o atraso na energia solar é a relativa
segurança energética do Brasil - um dos poucos testes a essa tranquilidade foi
o apagão de 2001.
Segundo Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos
do Setor Elétrico do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), a pressão por fontes alternativas é maior na Europa, por
exemplo. "Lá, eles dependem de petróleo e gás importados, que têm um
impacto econômico grande, ou então do carvão, que é muito poluente",
explica o especialista.
No entanto, há empresas que já fazem investimentos apostando
no crescimento do setor. A Tecnometal, metalúrgica que fatura R$ 350 milhões
por ano, já iniciou a produção de placas fotovoltaicas - mercado que terá de
disputar com pesos pesados internacionais, como a alemã Siemens. Segundo Bruno
Topel, responsável por projetos especiais na empresa, a Tecnometal será
fornecedora em pelo menos cinco dos projetos de pesquisa aprovados pela Aneel.
O executivo admite que os gastos se baseiam apenas na
"fé no futuro" do setor. "Ainda estamos no 'dia um do ano zero'
da energia solar no Brasil", afirma Topel. Ele ressalta que a empresa está
preparada para fornecer um sistema de placas totalmente produzido no Brasil. E
diz que a aposta da Aneel na energia solar vem para validar sua crença pessoal
no setor. "Venho trabalhando nisso há 30 anos. Pelo menos agora sei que
não sou louco."
Para lembrar
O avanço que se viu na tecnologia eólica no Brasil, segundo
Nivalde de Castro, da UFRJ, é fruto do “efeito apagão”. Em 2004, ainda
desesperado para encontrar alternativas às hidrelétricas, o governo ajudou a
incentivar o desenvolvimento de parques de energia eólica, contratando energia
a R$ 310 o MWh, em valores atuais, corrigidos pela inflação. Segundo Castro, é
possível encontrar novos contratos de energia da mesma fonte por um terço deste
valor, montante bastante semelhante ao das hidrelétricas, fonte “clássica” de
energia no País. Para o especialista, alternativas como vento e luz solar podem
se tornar uma saída válida às termelétricas, que consomem combustível fóssil.
(OESP)
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