Leilão pode gerar mais de R$ 10 bilhões em investimentos e atrair para o País grandes fabricantes de equipamentos.
Os 10 mil megawatts (MW) de projetos inscritos para o primeiro leilão de energia eólica do Brasil, marcado para amanhã, despertaram o interesse da indústria mundial de equipamentos elétricos. Empresas como a alemã Siemens, a argentina Impsa e a dinamarquesa Vestas planejam a abertura de fábricas no País para atender à demanda das novas usinas movidas a vento. Os projetos, no entanto, estão associados ao sucesso do leilão.
No total, 339 empreendimentos - com capacidade equivalente a mais de dois terços de Itaipu ou uma vez e meia o complexo hidrelétrico do Rio Madeira - foram habilitados para disputar contratos de fornecimento de energia durante 20 anos com as distribuidoras, a partir de 1º de julho de 2012.
No leilão, todos os investidores darão lances a partir do preço mínimo estipulado, de R$ 189 o MWh. Vence aquele que oferecer o maior deságio. Essa energia será contratada sob a modalidade de "reserva" (acima da demanda do mercado) para dar segurança ao sistema nacional. Nesse caso, a compradora da energia é a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), associação dos agentes do setor elétrico, que repassará o custo às distribuidoras.
É claro que nem todos os projetos sairão vencedores da disputa. "Se forem contratados entre 2 mil e 2,5 mil MW já será um sucesso estrondoso", afirma o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Lauro Fiuza. Isso significaria investimentos entre R$ 10 bilhões e R$ 12,5 bilhões apenas para levantar as usinas, considerando que o custo de 1 MW está em torno de R$ 5 milhões. Para Fiuza, o leilão dará uma boa sinalização sobre o futuro da energia eólica no Brasil.
Os fabricantes de equipamentos também estão de olho no resultado do leilão para definir estratégias. A Siemens espera ter bons números para convencer a matriz alemã a construir uma nova fábrica de aerogeradores no Nordeste. "Já levantamos possíveis locais para instalar a unidade", afirma o diretor de Energias Renováveis da empresa, Alan Rodriguez.
Segundo ele, o objetivo é ficar próximo das centrais elétricas e, ao mesmo tempo, ser atendido por um grande porto para facilitar possíveis exportações. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os dois Estados com maior número de projetos inscritos para o leilão são Ceará e Rio Grande do Norte, com 108 e 105 unidades, respectivamente, num total de 6.144 MW. "Agora vamos aguardar e ver o desempenho de nossos clientes na disputa."
A Vestas também tem planos de instalar uma unidade no Rio Grande do Norte. O anúncio foi feito no primeiro semestre deste ano à governadora do Estado, Wilma Faria. Procurada, a companhia preferiu não detalhar seus planos antes da realização do leilão.
No caso da argentina Impsa, que tem 25 mil MW instalados no mundo, a alternativa que vem sendo estudada para atender a demanda no mercado brasileiro é a ampliação da fábrica de Pernambuco, embora o Estado não tenha nenhum projeto no leilão. O diretor-geral da empresa, Luiz Pescarmona, explica que já tem tudo desenhado para a expansão da fábrica de Pernambuco se seus clientes vencerem a disputa.
A expectativa da empresa é gastar R$ 200 milhões na ampliação, o que significaria 1.500 empregos diretos no Estado. "Para a energia eólica ser competitiva, os equipamentos precisam ser fornecidos localmente, já que a logística é muito complicada. As pás, de fibras de vidro, são muito delicadas e podem ser danificadas no transporte."
SEGURANÇA
Pescarmona destaca que, além do leilão, o Brasil precisa desenvolver uma política para a energia eólica que dê segurança aos fabricantes para se instalar no País (cuja potência eólica é de 143 mil MW). Mesma opinião tem Fernando Scapol, gerente-geral da Wobben, fabricante de aerogerador. Na avaliação dele, a adoção de um programa "forte e contínuo" seria fator primordial para reduzir os custos dos equipamentos e, consequentemente, da energia.
Para o leilão de amanhã, o governo definiu o preço inicial em R$ 189 o MWh - considerado muito baixo por alguns investidores. O valor está bem acima do preço da energia hídrica (R$ 78,87 o MWh, da Hidrelétrica de Santo Antônio, e R$ 71,4, de Jirau, no Rio Madeira), mas abaixo do custo de geração das térmicas movidas a óleo combustível, contratadas nos últimos leilões de reserva, que pode chegar a R$ 800.Além disso, está muito menor do que no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), cujo preço estava em torno de R$ 250 o MWh, lembra o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim. "Apesar disso, ainda há um amplo caminho para reduzir os custos das turbinas eólicas não só no Brasil, mas no mundo", diz o vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA), Everaldo Feitosa.
Os 10 mil megawatts (MW) de projetos inscritos para o primeiro leilão de energia eólica do Brasil, marcado para amanhã, despertaram o interesse da indústria mundial de equipamentos elétricos. Empresas como a alemã Siemens, a argentina Impsa e a dinamarquesa Vestas planejam a abertura de fábricas no País para atender à demanda das novas usinas movidas a vento. Os projetos, no entanto, estão associados ao sucesso do leilão.
No total, 339 empreendimentos - com capacidade equivalente a mais de dois terços de Itaipu ou uma vez e meia o complexo hidrelétrico do Rio Madeira - foram habilitados para disputar contratos de fornecimento de energia durante 20 anos com as distribuidoras, a partir de 1º de julho de 2012.
No leilão, todos os investidores darão lances a partir do preço mínimo estipulado, de R$ 189 o MWh. Vence aquele que oferecer o maior deságio. Essa energia será contratada sob a modalidade de "reserva" (acima da demanda do mercado) para dar segurança ao sistema nacional. Nesse caso, a compradora da energia é a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), associação dos agentes do setor elétrico, que repassará o custo às distribuidoras.
É claro que nem todos os projetos sairão vencedores da disputa. "Se forem contratados entre 2 mil e 2,5 mil MW já será um sucesso estrondoso", afirma o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Lauro Fiuza. Isso significaria investimentos entre R$ 10 bilhões e R$ 12,5 bilhões apenas para levantar as usinas, considerando que o custo de 1 MW está em torno de R$ 5 milhões. Para Fiuza, o leilão dará uma boa sinalização sobre o futuro da energia eólica no Brasil.
Os fabricantes de equipamentos também estão de olho no resultado do leilão para definir estratégias. A Siemens espera ter bons números para convencer a matriz alemã a construir uma nova fábrica de aerogeradores no Nordeste. "Já levantamos possíveis locais para instalar a unidade", afirma o diretor de Energias Renováveis da empresa, Alan Rodriguez.
Segundo ele, o objetivo é ficar próximo das centrais elétricas e, ao mesmo tempo, ser atendido por um grande porto para facilitar possíveis exportações. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os dois Estados com maior número de projetos inscritos para o leilão são Ceará e Rio Grande do Norte, com 108 e 105 unidades, respectivamente, num total de 6.144 MW. "Agora vamos aguardar e ver o desempenho de nossos clientes na disputa."
A Vestas também tem planos de instalar uma unidade no Rio Grande do Norte. O anúncio foi feito no primeiro semestre deste ano à governadora do Estado, Wilma Faria. Procurada, a companhia preferiu não detalhar seus planos antes da realização do leilão.
No caso da argentina Impsa, que tem 25 mil MW instalados no mundo, a alternativa que vem sendo estudada para atender a demanda no mercado brasileiro é a ampliação da fábrica de Pernambuco, embora o Estado não tenha nenhum projeto no leilão. O diretor-geral da empresa, Luiz Pescarmona, explica que já tem tudo desenhado para a expansão da fábrica de Pernambuco se seus clientes vencerem a disputa.
A expectativa da empresa é gastar R$ 200 milhões na ampliação, o que significaria 1.500 empregos diretos no Estado. "Para a energia eólica ser competitiva, os equipamentos precisam ser fornecidos localmente, já que a logística é muito complicada. As pás, de fibras de vidro, são muito delicadas e podem ser danificadas no transporte."
SEGURANÇA
Pescarmona destaca que, além do leilão, o Brasil precisa desenvolver uma política para a energia eólica que dê segurança aos fabricantes para se instalar no País (cuja potência eólica é de 143 mil MW). Mesma opinião tem Fernando Scapol, gerente-geral da Wobben, fabricante de aerogerador. Na avaliação dele, a adoção de um programa "forte e contínuo" seria fator primordial para reduzir os custos dos equipamentos e, consequentemente, da energia.
Para o leilão de amanhã, o governo definiu o preço inicial em R$ 189 o MWh - considerado muito baixo por alguns investidores. O valor está bem acima do preço da energia hídrica (R$ 78,87 o MWh, da Hidrelétrica de Santo Antônio, e R$ 71,4, de Jirau, no Rio Madeira), mas abaixo do custo de geração das térmicas movidas a óleo combustível, contratadas nos últimos leilões de reserva, que pode chegar a R$ 800.Além disso, está muito menor do que no Programa de Incentivo às Fontes Alternativas (Proinfa), cujo preço estava em torno de R$ 250 o MWh, lembra o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim. "Apesar disso, ainda há um amplo caminho para reduzir os custos das turbinas eólicas não só no Brasil, mas no mundo", diz o vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA), Everaldo Feitosa.
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