A salvação parecia ter chegado no ano passado a um canto rural do Nevada (oeste dos EUA) que sofre os duros efeitos da recessão. A empresa alemã Solar Millennium anunciou planos para construir na região duas grandes usinas solares que usariam o sol para gerar eletricidade, criando centenas de empregos.
Mas as coisas se complicaram. A empresa revelou que o resfriamento das usinas implicaria no consumo de 4,9 bilhões de litros de água por ano -20% da água disponível no vale desértico.
Agora, a Solar Millennium está no meio de uma versão moderna de uma guerra por água no oeste americano. O público está dividido entre as pessoas que esperam ganhar dinheiro vendendo direitos sobre a água à companhia e as outras, que receiam o impacto do projeto sobre a comunidade e o meio ambiente.
“Estou preocupado com meu poço e os de meus vizinhos”, disse o engenheiro químico aposentado George Tucker. Existe uma verdade inconveniente relativa à energia renovável: ela às vezes requer volumes imensos de água. “A água pode acabar virando um freio real à energia renovável”, disse Michael E. Webber, professor assistente da Universidade do Texas em Austin e estudioso da relação entre energia e água.
As tecnologias renováveis mais eficientes em termos de consumo de água não são necessariamente as mais econômicas, mas a escassez de água pode lhes proporcionar uma vantagem competitiva.
Na Califórnia, em situações em que as autoridades locais se negaram a abrir as torneiras, as empresas que desenvolvem energia solar já foram obrigadas a mudar para tecnologias que consomem menos água. Outros grandes projetos solares estão atolados em disputas com reguladores estaduais em torno do consumo de água.
Até agora, a região dos EUA com mais conflitos desse tipo é o sudoeste do país, onde dezenas de usinas de energia solar, custando bilhões de dólares, estão sendo planejadas para ocupar milhares de hectares de deserto.
Embora a maioria das formas de produção de energia consuma água, a disponibilidade desta é especialmente limitada em regiões ensolaradas que, não fosse essa ressalva, seriam muito apropriadas para a construção de usinas solares.
Em audiências públicas realizadas em cidades como Albuquerque, no Novo México, e San Luis Obispo, na Califórnia, moradores fazem alertas sobre o impacto que essa industrialização terá sobre a fauna e flora, sua solidão desértica e, sobretudo, sua água.
Joni Eastley, que preside a comissão do condado de Nye, Nevada, disse em uma audiência que sua área vem sendo inundada por pedidos de empresas de energia renovável, em número “que supera de longe o volume de água disponível”.
Muitos projetos envolvem a construção de usinas termais solares, que empregam tecnologia mais barata que a dos painéis solares frequentemente vistos em telhados.
Nessas usinas, espelhos aquecem líquido para gerar vapor, que move uma turbina geradora de eletricidade. Como numa usina de combustível fóssil, o vapor precisa ser condensado para voltar a ser água e resfriado para ser reutilizado.
O método convencional é conhecido como resfriamento molhado. A água quente flui através de uma torre de resfriamento, onde o calor excessivo evapora juntamente com parte da água, que precisa ser reposta sempre.
Uma técnica alternativa, a do resfriamento a seco, utiliza ventiladores e trocadores de calor, mais ou menos como o radiador de um carro. Muito menos água é consumida, mas o resfriamento a seco eleva os custos e reduz a eficiência -e os lucros.
Entretanto, há obstáculos mesmo para projetos solares com baixo consumo de água. A Tessera Solar planeja, no deserto da Califórnia, um projeto que usaria apenas 45 milhões de litros por ano. A água seria usada sobretudo para lavar os espelhos.
Mas, como consumiria água tirada de um aquífero já seriamente exaurido, é possível que a Tessera precise comprar os direitos de consumo de dez vezes esse volume de água e então abrir mão de bombear a água que não for usar.
Para uma segunda usina solar, a empresa concordou em financiar aperfeiçoamentos num sistema de irrigação local. “Encontrar água é um desafio, apesar de nosso baixo consumo”, disse Sean Gallagher, executivo da Tessera. “Isso nos obriga a fechar acordos criativos.”
Mas as coisas se complicaram. A empresa revelou que o resfriamento das usinas implicaria no consumo de 4,9 bilhões de litros de água por ano -20% da água disponível no vale desértico.
Agora, a Solar Millennium está no meio de uma versão moderna de uma guerra por água no oeste americano. O público está dividido entre as pessoas que esperam ganhar dinheiro vendendo direitos sobre a água à companhia e as outras, que receiam o impacto do projeto sobre a comunidade e o meio ambiente.
“Estou preocupado com meu poço e os de meus vizinhos”, disse o engenheiro químico aposentado George Tucker. Existe uma verdade inconveniente relativa à energia renovável: ela às vezes requer volumes imensos de água. “A água pode acabar virando um freio real à energia renovável”, disse Michael E. Webber, professor assistente da Universidade do Texas em Austin e estudioso da relação entre energia e água.
As tecnologias renováveis mais eficientes em termos de consumo de água não são necessariamente as mais econômicas, mas a escassez de água pode lhes proporcionar uma vantagem competitiva.
Na Califórnia, em situações em que as autoridades locais se negaram a abrir as torneiras, as empresas que desenvolvem energia solar já foram obrigadas a mudar para tecnologias que consomem menos água. Outros grandes projetos solares estão atolados em disputas com reguladores estaduais em torno do consumo de água.
Até agora, a região dos EUA com mais conflitos desse tipo é o sudoeste do país, onde dezenas de usinas de energia solar, custando bilhões de dólares, estão sendo planejadas para ocupar milhares de hectares de deserto.
Embora a maioria das formas de produção de energia consuma água, a disponibilidade desta é especialmente limitada em regiões ensolaradas que, não fosse essa ressalva, seriam muito apropriadas para a construção de usinas solares.
Em audiências públicas realizadas em cidades como Albuquerque, no Novo México, e San Luis Obispo, na Califórnia, moradores fazem alertas sobre o impacto que essa industrialização terá sobre a fauna e flora, sua solidão desértica e, sobretudo, sua água.
Joni Eastley, que preside a comissão do condado de Nye, Nevada, disse em uma audiência que sua área vem sendo inundada por pedidos de empresas de energia renovável, em número “que supera de longe o volume de água disponível”.
Muitos projetos envolvem a construção de usinas termais solares, que empregam tecnologia mais barata que a dos painéis solares frequentemente vistos em telhados.
Nessas usinas, espelhos aquecem líquido para gerar vapor, que move uma turbina geradora de eletricidade. Como numa usina de combustível fóssil, o vapor precisa ser condensado para voltar a ser água e resfriado para ser reutilizado.
O método convencional é conhecido como resfriamento molhado. A água quente flui através de uma torre de resfriamento, onde o calor excessivo evapora juntamente com parte da água, que precisa ser reposta sempre.
Uma técnica alternativa, a do resfriamento a seco, utiliza ventiladores e trocadores de calor, mais ou menos como o radiador de um carro. Muito menos água é consumida, mas o resfriamento a seco eleva os custos e reduz a eficiência -e os lucros.
Entretanto, há obstáculos mesmo para projetos solares com baixo consumo de água. A Tessera Solar planeja, no deserto da Califórnia, um projeto que usaria apenas 45 milhões de litros por ano. A água seria usada sobretudo para lavar os espelhos.
Mas, como consumiria água tirada de um aquífero já seriamente exaurido, é possível que a Tessera precise comprar os direitos de consumo de dez vezes esse volume de água e então abrir mão de bombear a água que não for usar.
Para uma segunda usina solar, a empresa concordou em financiar aperfeiçoamentos num sistema de irrigação local. “Encontrar água é um desafio, apesar de nosso baixo consumo”, disse Sean Gallagher, executivo da Tessera. “Isso nos obriga a fechar acordos criativos.”
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