quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Etanol brasileiro nos EUA será como a tequila mexicana

Agiu muito bem o governo brasileiro ao montar um estande em Copenhague, na Conferência do Clima, para divulgar os biocombustíveis. Depois de algumas viagens recentes quando não tocou no assunto, o presidente Lula fará a apologia do combustível limpo e não poluente que o Brasil tem, à base de cana-de-açúcar, não de milho ou de soja. Os Estados Unidos da América (EUA) sempre pregaram que o livre comércio é uma das melhores ferramentas para a riqueza de um país. No entanto, o etanol brasileiro continua fortemente taxado no Tio Sam. Mas ocorreu a aprovação do Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono, pelo Conselho de Qualidade do Ar do Estado da Califórnia (Carb). A decisão abrirá caminho para que outros 14 estados norte-americanos aprovem leis que têm como objetivo reduzir a emissão de carbono através da utilização de combustíveis mais limpos. O etanol brasileiro produzido a partir da cana-de-açúcar pode ajudar os Estados Unidos a cumprir suas exigências legais de consumo de combustíveis renováveis, ao mesmo tempo em que reduz as emissões naquele país. A afirmação consta de carta da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apresentada à Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, EPA, na sigla em inglês. O texto de 40 páginas foi entregue na data final para envio de comentários públicos sobre a proposta de implantação do novo Mandato de Combustíveis Renováveis (Renewable Fuel Standard, ou RFS), e mostra também que o desempenho do nosso etanol se mantém elevado, mesmo considerando-se supostos impactos indiretos devido a mudanças no uso da terra (Indirect Land Use Changes, ou Iluc). A proposta de implementação do RFS nos EUA estabelece um consumo mínimo de biocombustíveis superior a 40 bilhões de litros em 2009, podendo atingir 136 bilhões de litros em 2022. A Califórnia irá promover uma redução de 10% na intensidade do carbono de todos os combustíveis usados no estado até 2020. A medida entra em vigor em janeiro de 2011. Os consumidores americanos deixariam de gastar cerca de US$ 4,6 bilhões por ano, até 2013, se o governo eliminasse as tarifas de importação para o açúcar, laticínios, etanol, vestuário e outros bens, segundo a Comissão de Comércio dos Estados Unidos. Apenas com etanol, os ganhos seriam de US$ 400 milhões. A Organização Mundial do Comércio (OMC) condena essa tarifação. Da mesma forma, o suco de laranja brasileiro também é sobretaxado. O presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Marcos Jank, afirmou que a regulamentação inédita de um Padrão de Combustível de Baixa Emissão de Carbono é um reconhecimento público da redução nas emissões de carbono proporcionadas pelo etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil. Na Califórnia circulam 60 milhões de veículos, o dobro de toda a frota brasileira. Com vistas ao promissor mercado que será criado, a gigante British Petroleum (BP) pediu a retirada do imposto de importação sobre o etanol do Brasil. Aí, ele poderá ser, em breve, como a tequila dos mexicanos, uma preferência nos EUA. A BP é a maior importadora de etanol de cana dos Estados Unidos e a única petrolífera do mundo que possui investimentos em usinas de etanol de cana no Brasil. A BP é dona de 50% da Tropical Bioenergia, usina localizada no estado de Goiás que iniciou suas atividades em 2008/09. O etanol à base de cana-de-açúcar, além de gerar emprego e renda, principalmente nas áreas rurais, representa 54% do faturamento bruto anual do setor sucroenergético, que atinge R$ 40 bilhões. Mais de um milhão de empregos diretos e indiretos são gerados pelo setor.

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