terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Energia do futuro

Biocombustíveis: uma solução ainda polêmica.
O mundo já viveu muito bem sem energia elétrica ou combustível, numa era em que não dependíamos tanto da tecnologia. Hoje, fica difícil imaginar uma vida sem carro, sem aparelhos eletrônicos, sem industrialização. Estamos tão dependentes que nem paramos para pensar o quanto andamos abusando da natureza. Segundo previsões do governo dos Estados Unidos, o consumo energético global deverá aumentar 57% em 2030.
A saída, claro, é encontrar fontes alternativas que não poluam o planeta nem esgotem as fontes de combustíveis fósseis que ainda serão necessárias por muito tempo. Para entender melhor a questão dos biocombustíveis, o Bolsa de Mulher conversou com o Professor Ennio Peres da Silva, Coordenador do Laboratório de Hidrogênio da Unicamp, em Campinas (SP).
Conheça melhor os biocombustíveis e suas diferenças
Quais biocombustíveis têm maiores chances de substituir de forma eficiente os combustíveis fósseis nos próximos anos?
As principais aplicações de cada combustível dependem de suas características e disponibilidades. O carvão pode ser substituído de forma eficiente pela lenha, os derivados de petróleo pelo GLP (gás de cozinha), que vem sendo substituído por gás natural nos grandes centros urbanos e também pela energia elétrica. A gasolina pode ser substituída pelo etanol e o diesel, pelo biodiesel. No caso do gás natural, nos grandes centros urbanos tem sido usado o biogás e, futuramente, pensa-se no uso energético do hidrogênio, a ser produzido de inúmeras fontes de energia.
Existe alguma previsão de quanto tempo levará para que os combustíveis fósseis deixem de ser utilizados?
O que se pretende é reduzir o consumo desses combustíveis, mesclando seu uso com os biocombustíveis. Com isso, o tempo de duração das reservas dos combustíveis fósseis será ampliado, disponibilizando essa matéria-prima por muito mais tempo. Convém lembrar que os combustíveis fósseis não são exclusivamente utilizados como energéticos, mas também como insumo para muitos processos químicos, como produção de plásticos, materiais sintéticos e medicamentos, entre outros.
Energia do futuro - Ambientalistas x biocombustíveis
Muitos ambientalistas se opõem ao uso de biocombustíveis, devido aos riscos de destruição das florestas, desmatamento para a promoção de monoculturas, extinção de plantas exóticas. Até que ponto isso é verdade?
O impacto da produção dos biocombustíveis é diferente de país para país. Dependem da disponibilidade de terras, água, tecnologias, mão de obra e outros fatores. No caso brasileiro, a situação é bem confortável, pois ainda existe grande disponibilidade de terra agriculturável. No caso de se estender as fronteiras agrícolas, haverá a substituição de uma cobertura vegetal por outra. Assim, sempre haverá impactos ambientais, mas há certo exagero de alguns ambientalistas, pois muitas de suas queixas e receios acabam não se concretizando no futuro.
Os biocombustíveis são produtos agrícolas. Nesse mercado, sempre que há um aumento expressivo na demanda de algum produto, há elevação de preços. Mas essa situação não é permanente
Segundo ambientalistas, o uso de biocombustíveis vai afetar os preços dos alimentos ou fazê-los faltar. Isso pode mesmo ocorrer?
Os biocombustíveis são produtos agrícolas. Nesse mercado, sempre que há um aumento expressivo na demanda de algum produto, há elevação de preços. Mas essa situação não é permanente. Já a partir das safras seguintes os produtos mais valorizados terão sua produção ampliada, podendo até haver redução do preço por conta do excesso de produção.
Uma das barreiras para a rápida implantação das energias alternativas é o alto custo. Qual é a saída para esse problema?Hoje não é mais apenas o custo (preço) que determina as opções energéticas. Muitos países possuem programas de incentivo ao uso dessas fontes (como o nosso PROINFA), havendo subsídios para incrementar as aplicações dessas fontes, criando-se maiores escalas de produção, com a consequente redução dos custos. O que se busca é um mix de fontes, cuja média de custos (e preços) seja aceitável à sociedade.

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