terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Estudo avalia risco de biocombustível

Uma nova geração de biocombustível, que deveria representar uma alternativa de baixa emissão de carbono, poderá, na média, emitir mais dióxido de carbono do que a queima de gasolina ao longo das próximas décadas, diz estudo publicado na versão digital da revista Science.
Governos e empresas estão destinando bilhões de dólares em pesquisas para o desenvolvimento de combustíveis avançados feitos de madeira e capim, com o objetivo de cortar as emissões de gases causadores do efeito estufa e evitar a competição com lavouras de alimentos, como ocorre com o combustível derivado de milho.
Mas, de acordo com o estudo, esses biocombustíveis avançados, também chamados de celulósicos, levarão a emissões de carbono mais elevadas que a gasolina por unidade de energia produzida, na média do período entre 2000 e 2030.
A terra necessária para o plantio de árvores de crescimento rápido e do capim tropical deslocaria lavouras de alimentos para áreas hoje ocupadas por ecossistemas naturais, causando desmatamento, um fenômeno que emite carbono. Lavouras de biocombustível também requerem fertilizantes nitrogenados, uma fonte de dois gases de efeito estufa: dióxido de carbono e óxido nitroso.
“Creio que, no curto prazo, não importa como se administre o programa de biocombustíveis celulósicos, haverá emissões de gases do efeito estufa, exacerbando o problema do aquecimento global”, diz o principal autor do estudo. Jerry Melillo, do laboratório de Biologia Marinha dos EUA.
Para o brasileiro Ângelo Gurgel, da USP de Ribeirão Preto, coautor do estudo, é necessário garantir a preservação dos ecossistemas naturais para que o desmatamento não anule os benefícios dos biocombustíveis. “Dessa forma, a pressão para expansão da lavoura recairá sobre pastagens degradadas, e não sobre as florestas”, aposta.Marcos Buckeridge, pesquisador do Instituto de Biologia da USP, pondera que o estudo tenta realizar uma estimativa global da expansão das lavouras de biocombustível. “Mas temos cenários muito diferentes”, afirma Buckridge. “Mesmo assim, o estudo mostra que convém manter os investimentos em pesquisas para aumentar a produtividade sem precisar de mais terra, impedindo, assim, a pressão sobre as florestas.

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