segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Usina eólica substitui térmica a óleo

Para a EPE, mudança pode reduzir a conta do consumidor.
O alerta amarelo acendeu no governo quando, em 2008, a operação das térmicas a óleo provocou fortes reajustes tarifários em 2009. Para evitar que isso se repita, o Ministério de Minas e Energia decidiu apostar na “energia de reserva”, que é uma oferta adicional para atender a todo o sistema. Depois da biomassa, é a vez de o governo contratar a energia eólica “de reserva”, no primeiro leilão desse tipo, a ser realizado amanhã.
Por terem custo de geração menor, os projetos eólicos diminuem a probabilidade de as térmicas a óleo, mais caras e sujas, entrarem em operação. Para o primeiro leilão, o governo fixou o preço-teto em R$ 189 o MWh, bem inferior ao da geração das termoelétricas a óleo.
“A energia eólica pode ser um meio de reduzir a conta do consumidor, da mesma forma que a bioeletricidade”, diz o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Como os últimos leilões contrataram um volume de usinas a óleo acima do desejado, o ministério deve promover novas licitações para usinas eólicas e de biomassa. Apesar dos 10 mil MW habilitados para o leilão, a expectativa é que apenas 4 mil MW entrem na disputa, afirma o presidente da empresa de consultoria Andrade & Canellas, João Carlos Mello. Isso porque nem todos os investidores entregaram as garantias para participar do leilão – a portuguesa EDP, por exemplo, não apresentou as garantias por avaliar que o preço-teto de R$ 189 o MWh não é remunerador.
“O leilão deve contratar entre 1 mil MW e 1,5 mil MW médios”, afirma Mello. O Merrill Lynch-Bank of America e o Itaú Securities também estimam uma demanda de até 1,5 mil MW. Mas as estimativas podem ser conservadoras.
FRUSTRAÇÃO
Mello explica que o primeiro leilão de energia de reserva, em 2008, contratou 513 MW médios de usinas de biomassa, de um total de 1,5 mil MW médios que era demandado pelo governo.
“Como houve uma frustração na demanda nesse leilão, o governo pode transferir isso para essa licitação de energia eólica”, justifica.
Para reforçar a segurança do sistema, especialistas acreditam que o MME possa demandar um volume pouco maior de energia eólica.
COMPETIÇÃO
Diante da perspectiva de baixa competição, os analistas do Itaú Securities estimam que o preço final do leilão deva ficar na faixa de R$ 170/MWh a R$ 180/MWh, um deságio entre 4,76% e 10,05%. Na mesma linha, o executivo da Andrade & Canellas também prevê um valor final de R$ 180/MWh.
Nesse nível de preço, um dos principais fatores para determinar a rentabilidade dos empreendimentos é a eficiência de geração, medida pelo fator de capacidade.
Considerando um nível de eficiência de 40% e um valor entre R$ 170/MWh e R$ 180/MWh, a taxa interna de retorno real dos projetos ficaria entre 12% e 13%, nos cálculos dos analistas Marcos Severine, Eduardo Cancian e Mariana Coelho, do Itaú.
TURBINAS
Apesar de o fator de capacidade ser importante, o diretor geral da empresa australiana Pacific Hydro no Brasil, Mark Argar, diz que outros elementos devem ser considerados para determinar a competitividade de um projeto, como a quantidade de turbinas e torres que será comprada de fornecedores.
Ele explica que, para alcançar um fator de capacidade mais elevado, alguns projetos precisam de um número maior de aerogeradores, encarecendo o valor final da usina.“Ter um número maior de aerogeradores implica maior gasto com equipamentos, compra de terra e despesas de conexão com a subestação”, justifica. A Pacific participará do leilão com seis projetos, que somam 147 MW, nos quais prevê investir até R$ 800 milhões.

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